20 de mar. de 2017

55) Rapunzel e o Poder Materno




O aniversário astrológico de 2017 aqui no Brasil começou hoje, 20 de março às 7:17 da manhã, 0 graus de Áries, signo regido por marte e que rege, arquetipicamente, o ascendente calculado pela hora do nascimento.

Hoje também começa um período de 36 anos da regência de Saturno. O limite entre o ego, o Self e o mundo. Lembrando que o Self é si mesmo: centro ordenador do psiquismo e que é representado pelo Sol.

O Sol, por falar nisso, estava nos regendo anteriormente, elevando nossa consciência para o centro do coração. Aqui no meio do peito, onde apontamos para dizer eu! Chegamos assim até a era do self, fotos nas redes sociais comprovando os 15 minutos de fama em números de curtidas. E também na era de novos protagonismos – Sol – e suas sombras.

O que quer dizer que milhares de Africanos, por exemplo, não têm mais acesso à terra para cultivarem suas plantações, enquanto nossos computadores e Smartphones têm a cassiterita e o tungstênio dela, privatizada a sangue. Os commons digitais destroem os commons da natureza e dos povos que vivem em harmonia com ela sem a gente nem saber.


Esta força que abre os portais, como os aríetes forçavam as fronteiras, e este limite de Saturno que diz até onde deveríamos ir, podem ser encontrados em várias situações da vida, mas a que mais profundamente afeta o humano é quando a mãe começa as contrações. Os primeiros movimentos do corpo para colocar o filho/a no mundo não são os únicos. Antes, ela já mudou toda a sua vida para cuidar, amamentar, deixar de dormir para manter seu filho/a vivo, amado e com saúde até que possa enfrentar a vida com mais autonomia.

Ela também dará a mão para ele/a começar a dar os primeiros passos, e se for sábia, fará isso, nesta época, levando o/a filho/a em direção ao pai que, se for sábio, estará lá para este encontro. E depois eles continuarão a prepara-lo/a para o mundo.

Dar à Luz tem a ver com o Sol em relação ao Ascendente, mas empurrar o filho para o nascimento, depois para o pai e, então, com ele para o mundo tem a ver com Marte e com Áries, que estão a serviço de todos. Em algumas pessoas com Sol, Lua e Ascendente em Áries, estão como destino.

Ter autonomia e poder estar em relação ao mundo com potência, tem a ver com os desafios que Saturno – e tudo o que possa ser limite e preparação - porá em nossa vida. E como decidimos e poderemos enfrenta-los.  Toda a discussão entre mais ou menos Estado regulando o mercado, por exemplo, tem a ver, simbolicamente, com os limites de Saturno.

Em homenagem à força que marca os nascimentos, ao aniversário astrológico de 2017 e ao novo ciclo de 36 anos de Saturno - senhor do Tempo e professor exigente -, quero falar sobre os dois lados do Poder Materno no conto Rapunzel. Especificamente como eles aparecem no desenho animado “Enrolados”.

No próprio título em português e em inglês, Tangled (emaranhado), já temos uma pista de como é difícil se desvencilhar da mãe, quando o poder sobre os seus filhos, que a princípio serviria para mantê-los vivos no início de suas vidas, é desvirtuado para iludir a morte.

E como a filha compactua com isso, com o pensamento mágico de uma criança  que acredita poder salvá-la de seu destino.



RAPUNZEL E O PODER MATERNO

Bert Hellinger, criador das Constelações Familiares, fala que:

 “O poder que os pais percebem ter sobre os filhos – e, sobretudo, as mães o sentem de uma forma particularmente profunda, na medida em que vivem tanto tempo em simbiose com eles – deve ser vivenciado como uma missão. Não como um poder pessoal, mas como um poder temporário, a serviço da criança. ”

No desenho animado Enrolados (tem spoiler), Rapunzel, com 18 anos, vive com a sua mãe em uma torre, sendo alertada de todos os perigos e decepções que o mundo lá de fora pode oferecer se ela pensar em sair de lá. Seu cabelo longo dourado, que nunca foi cortado, é a fonte de juventude de sua genetriz.


Mesmo assim ela sonha com o Sol, com os horizontes, com as viagens de descobrimento e este anseio se torna realidade quando um bandido sedutor, Flynn, sobe a torre e tenta roubar a moça. Com uma frigideirada certeira, Rapunzel não só escapa do assalto como faz o moço ajudá-la a sair de lá para conhecer o mundo.


Quando a sua mãe descobre o que aconteceu, contrata dois capangas, (ex) parceiros do rapaz, que agora já está enamorado da heroína, para assustá-la e trazê-la de volta para a Torre. Nesta armadilha, a mãe faz com que Rapunzel se decepcione com Flynn, comprovando o que disse a vida inteira: “o mundo de fora só tem sofrimentos e decepções. Fique com a mamãe que é mais seguro!”

E o conto continua com a reconciliação e a nova fuga do casal, perseguição dos capangas, fúria da mãe, a polícia do vilarejo perseguindo Flynn e outras aventuras, revelando para Rapunzel que aquelas lanternas que ela via no céu todos os anos, da janela de sua masmorra na mesma data do seu aniversário, era a tentativa dos Rei e da Rainha acharem a sua filha perdida, que tinha cabelos dourados.



Rapunzel também descobre que fora raptada por uma bruxa, que até então pensava ser a sua mãe. Esta se mantinha jovem graças aos longos cabelos da moça, verdadeira filha do casal real.

Se uma pessoa chega no seminário HISTÓRIAS QUE ATUAM – Constelação Familiar e Contos de Fada – e me diz que seu conto predileto é a Rapunzel, tentaremos saber se houve alguma adoção na família e qual a relação da pessoa com a sua mãe e o pai.

Mas aqui, quero ressaltar O QUE É A BRUXA, A RAINHA, O REI, FLYNN E RAPUNZEL, e como DEIXAR DE FICAR ENROLADO.

A Bruxa pode ser compreendida como o poder materno que deveria ser usado como missão durante um tempo, mas é desvirtuado para manter o/a filho preso. Este poder cega a mãe em relação à criança. Só o seu desejo de ser mãe e de se manter jovem, porque tem alguém para estar ao seu lado e projetar seus anseios, existem para ela que vive da energia da/o filha como fazia a Bruxa com os cabelos solares de Rapunzel.

Pode ser também um pai bruxo, com o seu poder (mal) canalizado para manter seus filhos seguindo os anseios, sonhos e desejos dele.

Rapunzel só consegue romper esta ligação simbiótica com a mãe depois de muitas lutas e com a própria bruxa colocando a vida do Flynn em risco.  Mas ele ainda consegue cortar os cabelos da namorada, que, finalmente, retorna aos seus pais verdadeiros.

Em outras palavras, quando a gente para de se relacionar e alimentar o lado nefasto do poder materno mal aplicado, conseguimos um pai e uma mãe de verdade e não só um vínculo doído com o lado sombrio deste poder. E claro, o anseio por ser livre e ter uma relação boa com os pais só pode ser encarado como bandido (Flynn) pela bruxa.




Enquanto o vínculo for vivenciado como a prisão sugadora da juventude e sonhos dos filhos, não têm como querer ter outro tipo de ligação com ninguém. Primeiro porque não tem espaço para isso e segundo porque a lembrança do sofrimento desta ligação tão estreita não vai permitir que ninguém mais se aproxime. 


Mãe ou o pai que vive os sonhos dos filhos como se fossem os deles ou impõem seus sonhos sobre os filhos, atuam como a bruxa da Rapunzel. Filhos ou filhas que têm medo de sair para a vida e também de deixar seus pais passarem por esta fase de separação, agem como a Rapunzel. 

Portanto, algumas mães e pais mantém esta ligação com chantagens, criticando e gerando medos do mundo em seus filhos/as. E os/as filhos/as aceitam este domínio porque sentem em sua carne o medo dos pais pela própria finitude da vida. Farão qualquer coisa pelos pais, como se tivessem o poder de salvá-los. Como se fossem Deus.

Ainda não tiveram coragem de aceitar, como Hellinger diz, que o amor é impotente diante do destino daqueles que amamos. Ficam como a mãe e a filha na torre de Rapunzel, projetando uma na outra seus medos, anseios, forças e fraquezas. A filha nunca achará que dará conta de se casar, ser mãe, ter seu dinheiro, ser feliz em uma vocação. Toda esta potência criativa estará projetada na mãe, mas ainda assim a filha terá a ilusão de ser o Deus que pode salvar vidas.  E a mãe sempre se achará forte, poderosa e jovem com um futuro a sua espera, afinal a sua filha e todo futuro dela é um apêndice seu.

Só quando o jovem adulto aceita que não pode salvar seus pais é que poderá se libertar do poder opressivo da mãe bruxa ou do pai bruxo e, enfim, construir uma relação com o Rei e a Rainha – pai e mãe verdadeiros.

Mas a saída também é 1) ter o pai e é 2) ir para o pai. Dois movimentos: do/a filho/a para o pai e do pai para o filho.

1)    A filha tem que construir o caminho para o pai como a "apenas filha" e não como mãe, esposa, namorada ou juiz do pai. E no caso do filho, ele também constrói um caminho para o pai não como pai dele, não como namorado da mãe que disputa com o pai a mulher, nem como médico ou professor do pai.

Os/as filhos/as terão que fazer este caminho sem mapa, sem modelos pre-estabelecidos. E não serve dizer que “o meu pai é fechado, não se abre com a gente”. Você não é terapeuta dele.

2)    E o pai, que não vai em direção ao filho/a porque sempre esteve lá até seu filho/a se tocar disso, tem que estar presente para eles/as. Aqui temos também um problema. Muitos pais ainda não se tocaram da importância da presença deles no corte da simbiose mãe e filho. E quando se tocam, alguns ainda tentam fazer isso desprezando algumas características da mãe ou até atacando. Na verdade, usam este precedente para brigar com a esposa ou ex-mulher. Isso já é outro mito, o da "Sêmele, Hera e Zeus" com seu triângulo amoroso. 

Aí o pai fala assim, por exemplo:

“Eu quero me aproximar de você minha filha, mas você tá ficando que nem a sua mãe, materialista...blá, blá, blá”.

Em uma frase, disfarçado de ajuda para a filha, ele ataca a mãe no corpo da adolescente. Olha o triângulo se tatuando aí.

É direito da sua filha e do seu filho ser igual à mãe ou ao pai se eles quiserem!

Ninguém nasce do pai e da mãe errados! Todos têm algo para aprender com os pais e mães de onde receberam a vida. Imitá-los/as é importante para a própria alma ou é sistêmico: fazem isso porque sentem a rejeição do outro pai ou mãe e querem incluir o excluído imitando. E fazem isso também para ter a salvo os pais unidos no coração, alicerce da autoestima. Sim, esta propensão mental está no centro do coração, como falei lá em cima na introdução.

No desenho Enrolados, este pai não existe nos termos que descrevi, mas existe como o Rei, o que já é uma dica: se você tem um laço simbiótico nocivo com o poder materno distorcido e continua com medo e pena de deixar a "bruxa" sem a sua juventude, você não tem pai, mãe e nem a sua vida. Mas quando conseguir "cortas os cabelos" (simbióticos) poderá ter os dois. E até relacionamentos.

Flynn, na perspectiva junguiana, é o animus da Rapunzel. Aquele arquétipo inconsciente que vai mobilizá-la a construir um caminho para o pai e a vida. Este anseio sofrerá investidas de destruição da mãe/bruxa, como no filme aparecem os capangas atacando o rapaz.

Carregamos estas outras “entidades” dentro da gente, quando as chantagens, medos e críticas que nossos pais fizeram para nos prender na torre começam a fazer parte dos nossos pensamentos.

Quem já sonhou com bandidos perseguindo o sonhador sabe do que estou falando. Eles são a gente se criticando, se censurando no dia anterior ao sonho por querer estudar fora, fazer um teste para uma peça de teatro ou em ligar para o boy magia. 

Mas nada disso é resolvido lambendo as feridas das críticas e opressões desmedidas dos nossos pais. A saída é usar isso como pesos numa academia de ginástica. Fazer as dificuldades trabalhar para você. Pai e mãe tiveram o maior gasto de energia para nos dar esta carga. Agora usamos isso a nosso favor.

Não me refiro às opressões que chegam a aniquilar os filhos. Estas são de fato muito danosas. Mas na maioria das vezes, se a gente deixa de querer ser Deus para salvar os pais, se tivermos coragem de enfrentar a bruxa construindo o caminho para o pai (sem julgá-lo), e se o pai estiver lá para gente, sem brigar com a nossa mãe, uma força incrível surge para nos tirar da torre em direção ao nosso destino.

Às vezes, só o que teremos é o "Flynn" nos empurrando para frente ou então contamos com aliados poderosos, como um bom psicanalista ou uma experiência com a Constelação Familiar. 

Florais como o CHICORY + CENTAURY + WALNUT + HELIANTHUS (MINAS) auxiliam também.  

E só mais uma dica: por favor, não atrapalhar a Rapunzel dizendo como o pai e a mãe dela deveriam ser para ela poder se libertar da Bruxa da Torre. Ela não tem tempo, como Saturno a ensinou, para ficar desejando pais e um passado diferentes.  Os que ela teve, até o desafio de viver com a Bruxa, são os certos para ela. Lhe deram força e um destino especial, só dela. E então, pela primeira vez, o reino estará completo com pai e mãe e um futuro pela frente.

  








16 de fev. de 2017

54) Arjun entrevista Manika


Para ver a entrevista, clique aqui


O terapeuta ayurvédico, astrólogo védico e professor internacional de Ayurveda, Arjun Das, está com uma projeto muito bacana:  conversar com profissionais das novas práticas em saúde, e de outras áreas, em entrevistas bem descontraídas e cheias de insigths. 

Além do "ARJUN ENTREVISTA" você pode conhece-lo mais em seu site clicando aqui 

Dia 15 de fevereiro de 2017 eu e ele conversamos sobre as Constelações Familiares na entrevista chamada: 'COMO ATUAM OS MITOS SEGUNDO A CONSTELAÇÃO FAMILIAR.

Vai lá dar uma conferida! Só clicar aqui


31 de jan. de 2017

53) Coragem para Assumir as Decisões e o demônio da Hesitação


Coragem para Assumir as Decisões
E a Hesitação, o super demônio que temos que temer e fugir


      
            As decisões, para muitas pessoas e em alguns casos, são muito difíceis. Às vezes, parecem mesmo demônios que falam em nossos ouvidos tudo o que se vai perder, toda a carga que se vai ter em qualquer um dos lados da escolha.

O que muitos não sabem é que isto faz parte da "fisiologia" das decisões, mas ficar preso nela, não! No mito de Psique, contado por Apuleio em seu “Asno de Ouro” (século II d.C.), há várias  passagens que servem de guias para as nossas jornadas. Uma delas fala sobre as decisões.

Decisões são, muitas vezes, difíceis de serem tomadas e assumidas, porque implicam algo oculto e ambíguo que não estamos podendo encarar.  

Marie-Louise Von Franz, em sua preciosa e profunda interpretação do Asno de Ouro, nos ajuda a entender como se dá estes processos antes das decisões:

Psique em suas tarefas para não perder Eros, e olha que a gente faz de tudo para não perder esta nossa parte que nos conecta (Eros) com a vida, paga com uma moeda o mal-humorado barqueiro Caronte para atravessar o rio subterrâneo até o mundo de Hades, onde vai pegar com a Perséfone a caixinha da beleza.

         Caronte não tem porque ser simpático:  ele é aquela parte do psiquismo que gera símbolos de transformação. Sem estes símbolos não temos possibilidades de saltar quanticamente. Quer dizer, um elétron sair da órbita antiga e girar em outra. Jung chama isso de função transcendente, lembrando que  “para aqueles que possuem o símbolo, a travessia é fácil” (Von Franz, 2014:173).  Mas vai encarar o Caronte?!   

         A moeda que Psique paga para a travessia é a libido empregada nesta jornada de morte e renascimento: transformação.

         A neurose, neste sentido, é quando seguramos a moeda por muito tempo porque não confiamos no destino, aniquilando Eros. O filme “A Chegada” tem muito a nos falar sobre isso com a seguinte pergunta:  se você soubesse o que ia acontecer, ainda assim você faria o mesmo?

Parece que Pisque respondeu sim a esta pergunta, uma vez que não está disposta a perder seu Eros - tesão pela vida. Porém em seu caminho ela se depara com várias tentações e uma delas é Ocno, que fabrica cordas e com elas faz torções de opostos.

A Noite e o Dia estão lá trançadas, o positivo e o negativo, coisas admiráveis e as motivações sombrias. Suas torções imobilizam ações porque aquele que decide algo sempre arca com o outro lado do que decidiu. 


Enquanto não sabemos disso, ficamos paralisados diante da escolha do melhor caminho. Então Ocno é “a etapa que precede toda decisão” (Von Franz, 2014: 175). É a queda do élan vital na armadilha do “Devo ou não devo agir?”, “Faço isso ou aquilo?”.


Ora, se toda escolha tem a sua contrapartida sombria e outra luminosa, e quem vai decidir decide “porque eu sou eu, e é assim que eu vou agir” e não porque esta é a ordem ou isto é o que eu devo fazer ou o que fulano/a faria, então 


“que vá para o diabo se isto parece ambíguo. Vou agir de acordo como estou sentindo e estarei pronto e disposto a pagar pelas consequências, pois qualquer coisa que eu fizer será mesmo metade errada.” (Von Franz, 2014:177)


Se a função sentimento – aquela que está conectada com o que se é e não com o que esperam que sejamos -  não está segura, e se a capacidade de responder às consequências - ser responsável – ainda busca culpados para se manter inocente, a nossa Psique fica presa nas cordas do super demônio da hesitação.


Vejam que esta etapa do mito está entre Psique e Eros, e o amor exige a coragem de se desfazer de julgamentos para dizer sim para tudo o que virá após uma decisão, até o sofrimento.


No cenário analítico, nas consultas de astrologia, no Tarot e em ouros acessos dos símbolos inconscientes para as nossas travessias, algumas pessoas buscam a decisão que não querem bancar. Se o analista, astrólogo, tarólogo cai na tentação de ajudar, não só não ajuda a pessoa como também não a instrui a reconhecer a ambiguidade inerente a toda decisão deixando-a refém da armadilha daquele que devemos fugir e temer.


Logo em seguida Psique vai lidar com as fiandeiras, aquelas vozes que julgam tudo aquilo que não têm coragem de experimentar.


Mas voltando a esta dimensão do psiquismo que decide, ela não é um aval para fazer "porcarias" porque tudo tem dois lados, mas a energia necessária e a fisiologia que precede todas as decisões. 


1 de jan. de 2017

52) Amores Reais

   

Peço licença para contar uma história Real, 
com todo respeito, para que nosso passo tenha mais 
consciência não do erro, mas de como estamos irremediavelmente juntos.



   Príncipe Edward, futuro rei da Inglaterra, abdicou do seu reino em 1936 por amar uma mulher que não foi aceita pela corte, nem pelos líderes políticos e nem pelo coração do povo que amava. Haviam leis, regras e séculos de tradição que eram desafiados por este encontro. Como honrariam o passado para que o novo não fosse execrado?

   Naquela época era possível? Acho que não.

   Além disso, era véspera da segunda Guerra Mundial e Bessie Wallis Warfields não era inglesa, estava casada pela segunda vez quando começou seu romance com o herdeiro do trono inglês, e teria que fazer mais um divórcio, caso quisesse ficar com ele.

   Moralmente, o conservadorismo político daquela época, bem parecido com o do futuro, e o escândalo de uma mulher ter tantos romances antes, durante e depois de dois casamentos se aliaram a uma lei bem clara que durou até 2002: A Igreja Anglicana não permitia casamento de pessoas divorciadas com ex-cônjuges vivos.

   Dito de outra maneira, o Rei Edward VIII só poderia se casar com ela se os seus dois outros ex-maridos estivessem mortos. Mantenha este dado mortal na memória.

   Diante de todos estes obstáculos políticos, sociais e morais, Edward abdicou do trono e como satisfação ao seu povo disse em transmissão nacional:

   “Eu achei impossível carregar o pesado fardo de responsabilidade e executar minha funções como rei como eu gostaria de fazer, sem a ajuda e apoio da mulher que amo.”

   Os amores Reais (não) são contos de fadas. São se entendemos os contos como arcabouço de memórias ancestrais e não são, quando sabemos da dor implicada.

   O trono foi entregue ao seu irmão mais novo, Alberto, que recebeu o nome de Rei Jorge VI. Aquele mesmo que inspirou o filme “O discurso do Rei”.

   Edward e Wallis receberam o título de Duque e Duquesa de Windsor, mas ela jamais seria chamada de “Sua Alteza Real”, assim como nunca foi aceita pela família real.

   Bert Hellinger observou nas Constelações Familiares que o amor flui na alma da família quando três ordens ocultas são observadas:

Pertencimento

Hierarquia

Dar e Receber

   Estas ordens estão implicadas umas nas outras. Se uma ou mais não são seguidas, as futuras gerações tentarão, inconscientemente, compensá-las, repetindo sem saber o mesmo destino daquele que foi excluído, ou do que foi desrespeitado ou “pagando dívidas” que não são suas.

   Podemos ver e sentir estas leis operando em nossas vidas. E suas compensações também:

   O Rei Jorge VI, que recebeu o trono porque seu irmão não quis abrir mão do amor da vida dele, teve duas filhas. Uma delas a Isabel II ou a Elizabeth II que virou a herdeira presuntiva ao trono e teve quatro filhos.

   O mais velho chamado Charles, Príncipe de Gales e herdeiro aparente da Coroa. Ele precisava casar com uma moça com passado impecável, de preferência uma protestante ainda virgem. Mas ele amava e ainda ama Camilia Shand, na época casada e com filhos.

   Dizem que os dois escolheram a Princesa Diana para ele casar.

   Como todos ficaram sabendo, a amada pelo mundo inteiro Princesa Diana e o impopular Príncipe Charles se separam. O divórcio tornou o herdeiro do trono Inglês mais impopular ainda, como seu Tio avô Edward se tornou quando abdicou do reinado “por aquela mulherzinha”, e a Princesa Diana mais amada ainda.

   O que fica oculto é que Wallis a esposa proscrita do Duque Edward era muito carismática a sua maneira, como foi Diana em seu turno e da sua maneira e como Camila, a atual esposa de Charles nunca foi, pesando sobre ela o terrível escândalo de separar o casal real, como Wallis “derrubou” o rei.

   Duas mulheres na terceira geração, depois da abdicação e exclusão social dos amantes, carregam a luz e o fardo da mulher excluída. E um sobrinho-neto, carregando a “mesma” desaprovação que fez o seu tio avô perder o reinado, e “só por isso” ele herdará o trono.

   O príncipe Charles, graças a esta separação dolorosa e cheia de escândalo, pôde enfim assumir seu amor por Camila, mas eles não podiam casar porque a Princesa Diana, estava viva.

   Depois da morte de Edward e Wallis, seus bens são leiloados. O Empresário Mohamad Al-Fayed compra grande parte das propriedades que foram dos amantes.

   Ele é pai de Dodi Al-Fayed o último namorado de Diana. Em 1997 em um acidente terrível os dois morrem. O mundo inteiro sofre profundamente.

   Charles, agora viúvo da ex-cônjuge, poderia, pela Igreja Anglicana, casar com Camila. (Eles se casam em 2005. O ex-marido dela está vivo e só em 2002 a Igreja muda esta regra.)

  Este é o itinerário dos amores reais. Eles fluem com as ordens ocultas do amor, mas seguem seu curso também quando incluem de geração a geração quem não pôde pertencer.

   Que a gente em 2017 consiga incluir mais, agradecer mais e trocar mais!

PS: agora em 2018, o príncipe Harry, segundo filho do príncipe Charles, bisneto do segundo filho real que assumiu o trono quando o tio abidcou por amar uma mulher divorciada, se casou com uma ativista feminista, atriz e divorciada Meghan Markle.




20 de out. de 2016

51) Como é a Nova Constelação Familiar?




Nova Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger
 Bad Reichenhall - 2013



Como acontecem as dinâmicas da Nova Constelação Familiar? 
   Para quem ainda não participou de um encontro de Constelação Familiar é um pouco difícil de entender, porque a abordagem é muito inovadora.
   Mas acontece assim: os facilitadores formam grupos de cinco até o número de pessoas que ele estipular. Com o Hellinger, criador das Constelações, os grupos podem ultrapassar mil participantes.
   No início eu (a facilitadora), por exemplo, explico o que é a Constelação.
  Outros iniciam o encontro com uma pequena palestra sobre alguma temática, com vídeos, etc.

      A partir daí o facilitador pergunta ao grupo quem quer constelar. Todas as pessoas que quiserem constelar levantam a mãos.
   O facilitador sente onde o Campo "vai apontar". O *Campo age como uma guiança interna que surge no dia e de acordo com os presentes.
(Esta parte só entendemos quando participamos das constelações de grupo: todos no seminário sentem esta força guiando. Se acessa o Campo como "consequência" do que Hellinger chama de postura ou caminho fenomenológico. Se quiser ler sobre, clique aqui)
   A pessoa escolhida senta ao lado do facilitador e fala o seu tema com poucas palavras. Nunca invadimos a privacidade da pessoa no grupo.
   Por exemplo, a pessoa tem uma questão para tratar na relação com a sua mãe, então diz que quer olhar para a relação dela com a mãe, somente.
   O facilitador, se sentir que precisa de algum dado, faz perguntas sobre fatos na vida dos ancestrais, como perdas precoces, casamentos anteriores, etc. O Facilitador sente quando pode começar a "montar" a constelação, então e ou a pessoa, se estiver centrada, escolhe alguém para ser a sua representante, alguém para ser a representante da mãe e outra pessoa para ser o conflito entre as duas, por exemplo. 
   Estes representantes vão para o "palco" se disponibilizam interiormente a não interferir com sua vontade ou intenção no movimento que vai surgir dentro deles, que os guiará de acordo com o tema da pessoa que está constelando. 
   Esta é outra vivência que só os que participam podem compreender: todos nós sentimos o movimento que surge na hora da constelação. Não é preciso nenhuma competência além de se deixar guiar.
  É como se fosse um psicodrama, mas sem colocar a nossa intenção. Com  isso, as Constelações servem a todos, uma vez que somos guiados e sentimos este movimento em direção à solução juntos. Seguindo o exemplo acima: se há um ajuste em relação à mãe acontecendo no Campo nos ajustamos juntos com a nossa mãe.
    A Nova Constelação Familiar então, como disse Hellinger, significa juntos.
   Destas constelações e reações no grupo surgem vivências em duplas ou pequenos grupos.
   Coloco aqui um vídeo de uma Nova Constelação com o Bert e Sophie Hellinger em Bad Reichenhall em 2015 (eu estava lá na plateia constelando :)


Eu no demasiado humano com Roberto Chiodelli
Aqui tem uma entrevista que eu dei no DEMASIADO HUMANO com o Roberto Chiodelli: psicólogo, professor e podcaster em 2015.

15 de out. de 2016

50) Nova Constelação Familiar no Rio de Janeiro

   05/11/2016  
10:00 - 19:00
Ipanema
Inscrições:  monicaclemente@constelandocomafonte.com.br
Folder: clique aqui
Você sabia que uma constelação feita em grupo serve a todos

Sim, quando estamos juntos e deixamos o Campo* agir ele atua em todos.
*Campo é a inteligência que media um encontro de Constelação Familiar, como este método inovador criado por Bert Hellinger nos mostrou. 
Todos os presentes sentem que são guiados por ele durante o processo, o que faz desta abordagem uma experiência única e reveladora, da vivência ao (re)conhecimento.
Acontece assim também com as meditações que fazemos nos encontros. Como são coletivas e partem das nossas demandas que surgem ao longo do dia, multiplicam sua ação individualmente.
E com as vivências sistêmicas em duplas e em pequenos grupos, que também são devolutivas das demandas do grande grupo durante as constelações.
Desta maneira, somos levados juntos para as soluções.

Como acontece a Nova Constelação, então?
Ela é o encontro do grupo durante o dia pela mediação do Campo que surgirá a partir dele.
Quem tem um tema para constelar levanta a mão no grande grupo. O Facilitador sente para o onde Campo aponta e esta constelação servirá a todos. De acordo com esta inteligência coletiva fazemos as constelações, meditações e vivências.*
Nem todos querem ou são escolhidos para constelar diretamente, porque não precisa ser assim. Às vezes, um tema que achamos que precisa de ajuda encobre uma verdadeira demanda. Esta verdadeira necessidade oculta acaba sendo constelada no grupo, sem que a pessoa tivesse previsto aquela solução.
Assim, como nunca houve diferença entre participantes e "constelandos", toda constelação, vivências sistêmicas, visualização e reflexões teóricas ao longo do seminário servem e atuam profundamente no grupo inteiro.
Se quiser saber mais sobre a atuação coletiva da Nova Constelação, clique aqui: Todos Juntos.
 Como se preparar para a Nova Constelação:

1) Durante o encontro de Constelação o Campo orienta quem, como e quando se vai constelar e como serão os exercícios nos pequenos grupos. Para ter o maior benefício, esteja centrado/a. Chegar ao centro acontece na entrega, sem expectativas, para esta inteligência maior que permeia a sua existência. Nos seminários fazemos exercícios para nos centrarmos.
2) Formule o teu tema com o máximo de duas frases. Se for maior do que isso, não é um tema é um roteiro de vida que não se quer soltar. Faremos um dinâmica para que todos tenham seus temas colocados no Campo.
3) Se puder, converse com teus familiares e pergunte sobre eventos que tenham forças referentes aos teus pais e antepassados: mortes prematuras, assassinatos, viuvez precoce, quantidade de casamentos e filhos nascidos e não nascidos, golpes do destino, etc.
4) No momento em que você se comprometer interiormente a ir à Constelação começa um movimento de soluções na alma.

Facilitadora: Mônica Clemente (Manika)

Dra em Ciências da Saúde - FIOCRUZ
Facilitadora da Nova Constelação - Hellingerschule e ABC Sistemas
Currículo: clique aqui 
Artigos e site: clique aqui e aqui

6 de jul. de 2016

49) Ordens do Amor - Dar e Receber nas Relações de Casal

Bert Hellinger (ao se expor ao essencial durante as Constelações Familiares) observou que "para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.”


As três ordens ocultas do amor que ele observou são:


PERTENCIMENTO - em uma família, todos pertencem, até aqueles que foram explorados ou algozes deste sistema. Não há julgamento ou críticas, morte prematura e até situações terríveis capaz de fazer a alma excluir, porque uma vez criado, tudo existe. Por exemplo, o filho de uma gestação que termina aos três meses é tão presente na alma familiar quanto uma criança que nasceu e seguiu sua vida até a velhice. Qualquer pessoa que se expõe ao campo de uma constelação sente e confirma a presença dos excluídos, que uma vez incluídos alivia muita dor.


HIERARQUIA - as relações dentro da família (e empresas) se estabelecem entre os que vêm primeiro na família ou nas empresas e os que chegam depois. E as relações também se dão entre os que estão na mesma “zona hierárquica”. Dito de outra maneira, as relações se estabelecem entre os que precedem (chegou antes) e os que têm prioridade. Por exemplo, um pai e uma mãe são grandes em relação aos filhos porque deram a vida. Quando os filhos se arrogam em ser maiores que os pais julgando ou desprezando eles, ou os pais se infantilizam e exigem dos filhos que estes sejam seus pais, a ordem se quebra e o filho não pode seguir em frente assumindo a sua própria vida.  Nas relações de iguais, por exemplo, que acontece entre amigos e casais a primeira esposa ou marido precede o segundo cônjuge, mas este tem prioridade na relação atual. Esta ordem leva à terceira:


DAR E RECEBER - os pais sempre dão mais aos filhos, porque a vida é um bem que não se tem como pagar. Assim um pai e mãe não podem cobrar que os filhos sacrifiquem a própria vida para pagar o bem que deram, porque o filho nunca poderá pagar diretamente e um filho não pode se arrogar a querer pagar para eles. O filho, então, aceita a vida que recebeu e, como seus pais, dá a vida a seus filhos e/ou serve à vida com seu trabalho, seus serviços sociais, etc.


Neste vídeo, Bert Hellinger faz uma linda e simples Constelação de casal que revela estas ordens, em especial o DAR E RECEBER.




617) Mãe Aramada ou Mãe Felpuda?

  Mãe Aramada e Mãe Felpuda Mônica Clemente (Manika)   Com essa chamada, não quero rotular as mães, mas tecer um pergunta com você desde o...