Ilustrações do Filme Moana
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Cada ferida tem a sua medicina.
Vi uma constelação conduzida pelo Gehard Walper,
professor da Hellinger Schule, na qual os miomas de uma neta buscavam o caminho
de amor interrompido entre uma avó e a bisavó. Eu mesma tenho observado em meus
atendimentos de mapa astral e com as Constelações Familiares, que o útero tem a
medicina de conexão com a mãe e ancestrais.
Nos ovários ou próstatas a medicina é a
reconciliação com a sexualidade; no estômago é a aceitação do mundo; no fígado
o poder renegado; nas pernas aguentar a felicidade; nos braços abrir ou
proteger o coração; no coração o equilíbrio das trocas; nos rins o equilíbrio
nas relações e dizer não; na boca aguentar o sucesso; nos olhos a inclusão do
que foi rejeitado; nos ouvidos aceitar o medo; nos pés reencontrar o caminho; na
pele assimilar os traumas, principalmente no contato com a mãe; cabelos aceitar
as emoções e o pai; nariz aceitar e
confiar na intuição; na tiroide assumir o que se quer e algo também com o pai.
Nos dentes liberar os segredos. Na lombar buscar base para ser quem é; na
coluna torácica sair de relação com traição; na cervical deixar a indecisão
cozinhar até um novo eu nascer etc.
É claro que há mais mensagens secretas individuais,
porque não há doença, há doentes em busca de sua solução. Mas mesmo acessando
as orientações simbólicas, precisamos de um médico. É crueldade consigo mesmo
não levar o curador interno até um curador formado que possa dar vazão técnica
e amorosa às nossas necessidades. Quem não procura um médico, geralmente não
foi visto na infância, por isso não aprendeu a se ver e ler os pedidos de
socorro que a alma e o corpo dão.
O Hellinger, criador das Constelações Familiares,
demonstrou que os sintomas olham para pessoas ou situações excluídas, como
vimos no exemplo acima. Mais um motivo para buscar um médico: Ele vai olhar,
mesmo que seja pelos óculos da medicina. Ele também falou que a doença começa
quando queremos nos se livrar de algo, ao invés de inclui-lo.
Se o ferimento tem a sua medicina, ao tentar se
livrar dele a cura também será descartada e com ela a vontade sadia de buscar a
ajuda certa. Me lembro do meu irmão, o médico Dr. Wagner Henrique Clemente,
sempre me dizendo mais ou menos assim: “eu trato o meu paciente com tudo o que
eu tenho e ele precisa. Eu escuto as suas dores. Seja com uma estratégia
terapêutica alopata ou homeopática. Com acupuntura, chá ou tarja preta, remédio
ou alimentação, eu dou o que o médico interno dele me pede. Não perco tempo com
brigas conceituais entre a biomedicina ou medicinas alternativas. Domino bem as
duas. Meu interesse é servir ao paciente. Porém, se eu e o médico interior
podem ajudar, mas o paciente ou uma força maior não pode, eu baixo a cabeça
para isso. Nunca a culpabilizo.”
Por isso, não há, na raiz da cura uma guerra entre a
medicina científica, as medicinas tradicionais e alternativas, ou as novas
práticas de saúde. Estas brigas ideológicas não olham a medicina contida no ferimento
tanto como o doente. A Medicina pode ser acessada e criada pelo gênio humano em
diversas culturas, de diversas formas, mas no final é uma só: a arte da cura.