25 de jun. de 2018

72) O trabalho Doméstico é a Experiência da Consciência Cósmica


"O trabalho doméstico é a experiência direta da Consciência Cósmica. Ilimitado, Infinito e Invisível." Mônica Clemente

Este aforismo surgiu durante uma limpeza de casa, quando aparecia mais um corpo para lavar depois de tudo arrumado.

Surgiu de ver a minha mãe cuidando da casa sem nunca terminar os seus deveres. De não ter o reconhecimento necessário, da sociedade, dos filhos e do marido, como se toda esta dedicação fosse algo natural e não sustentasse o mundo e a vida há milhares de anos. 

De saber que o mundo material, que é o continente do invisível, precisa de tantos cuidados que, ou se desiste dele virando um espiritualista sem os pés no chão, ou agradece tudo o que se tem e se cria para uma vida mais sustentável.

Surgiu da minha luta interna de me sentir presa em tarefas que “roubam o meu tempo” ou livre e agradecida de ter tanto para cuidar. 

Foi assim que realizei que o fluxo das tarefas cotidinas é a expressão das bençãos divinas e do trabalho de tantas pessoas. E que o dualismo “matéria X espírito” desaparece nesta ação devotada. 

Acima de tudo, este aforismo surgiu fazendo a minha mãe rir, quando milhares de roupas sujas apareciam enquanto ela acabava de guardar outras tantas limpas e passadas. Foi ela quem me ensinou a agradecer estas tarefas, ao invés de reclamar delas, afinal temos algo para cuidar.

E para você, como são as tarefas diárias? Um fardo ou o contato com o infinito e a gratidão? Um campo para  brigas ou de flores que você semeou?





9 de jun. de 2018

71) O Destino Especial Feminino




Seminário de  Constelação no Rio de janeiro - 23 de junho de 2018 - saiba mais



A avó da avó da avó... o caminho do feminino


         O feminino e seu mistério não é atributo apenas da mulher (de corpo ou alma), embora seja por meio dela que vivenciamos pessoalmente sua manifestação. Este princípio entre nós humanos tem enfrentado obstáculos ao longo dos séculos nas esferas sociais, culturais e políticas. E mesmo que consigamos mudar estes desafios, ainda assim ser mulher é um destino especial. Talvez algumas das situações abaixo estejam no inconsciente familiar da nossa família atuando em nossas escolhas profissionais ou de ser mãe, esferas que se contrapõe e têm marcado a trajetória do feminino em nossa cultura. 

Por quê?

No século XVIII na Inglaterra, por exemplo, quando o pai de uma família morria a herança ia para os filhos homens e se não houvesse um herdeiro, ia para o sobrinho mais próximo. Esta temática foi amplamente retratada na obra da escritora Jane Austin: a esposa recebia uma pequeníssima quantia e as filhas ficavam fora da herança, como aparece no romance “Razão e Sensibilidade”, ou os bens iam para um primo, como em “Orgulho e Preconceito”. Para os bens ficarem na família de origem, muitos destes herdeiros longínquos casavam com uma das filhas do pai morto, sem que isso significasse a felicidade deles.  A preocupação de muitas mães e pais deste período era ter suas filhas casadas para que sua sobrevivência fosse garantida.  

Esta situação se repete em vários países e culturas que excluem a mulher dos meios de produção remunerados, mesmo que seja o trabalho não remunerado delas um recurso fundamental da riqueza gerada na engrenagem capitalista.

Ainda hoje aqui no Brasil existem  divisões de bens exatamente assim, com as mulheres sem receber a sua parte na herança. Por exemplo, o pai e ou a mãe deixam os bens só para os homens. Ou um irmão se acha com mais direitos do que as irmãs e as rouba no inventário. Pode também ser o marido de uma herdeira que se acha com mais competência para gerar a empresa da família da esposa. Todas estas situações podem ser o reflexo daquelas regras civis dos ancestrais atuando nestes sistemas familiares. Ou porque ser mulher é considerado sem valor. 

A isto damos o nome de machismo, quando a mulher é considerada e tratada como inferior e, portanto, tem seus direitos civis e existenciais reduzidos, ou até nenhum. Falar em machismo não é atacar o homem, mas pensar os "ismos" que fundam a nossa época.

A “Política do Filho único” na China, tinha como objetivo fazer um controle de natalidade e tirar o país da pobreza. Uma família só podia ter uma criança. Se engravidasse do segundo filho, a mulher era forçada pelo estado a abortar ou a família era severamente multada, além de que, se estivesse grávida de uma filha mulher podia abortá-la para tentar um filho homem. Aliás, filhas que nasceriam no ano do signo de Cavalo de Fogo eram abortadas porque diziam que se tornariam mulheres muito rebeldes. Em uma constelação com uma descendente chinesa, esta situação minava a sua vontade de se casar. O caminho de amor para os homens havia se fechado.

Já aqui no Brasil é proibido abortar, mas se é estupro pode. A mesma vida que protegem em um caso não é protegida em outro. Então o problema da proibição do aborto aqui no Brasil é, na verdade, se a mulher abriu as pernas por vontade própria ou não, como disse Jout Jout em uma entrevista.

E este controle do corpo feminino chega a tal ponto, que filmam uma menina sendo estuprada por 30 rapazes, colocam na internet e ainda questionam se ela era uma boa moça ou fez por merecer o que aconteceu. O ato violento dos rapazes desaparece diante da “reputação” e comportamento da moça, embora seja a nossa reputação de desvalorizar as mulheres que fica em relevo. Não acho que nenhum ser humano, homem ou mulher, goste de ser criado para machucar outro ser humano. O maior medo que temos, segundo o Hellinger, é machucar outra pessoa. Então imagina o que desrespeitar o feminino tem feito em todos nós?

Muitas de nós já apanhamos dos nossos companheiros ou fomos ameaçadas nas ruas ou em conversas de grupos de whatsapp por sermos mulheres. E, na maioria das vezes, se alguém nos  defendeu foi outra mulher. Raramente um homem que testemunhou uma agressão se levanta a nosso favor como nós mesmas nos erguemos para nos defender. A tal de sororidade que nos une como mulheres existe sim, embora digam que não somos amigas. A não ser quando alguns pais e maridos querem nos proteger dizendo que parecemos putas se vestimos algumas roupas. Novamente o controle não é sobre eles, mas sobre nós.

Se um pai abandona uma família e deixa para a ex-esposa o cuidado dos seus filhos, ela  tem que escolher se vai trabalhar para as crianças comerem ou se vai ficar em casa cuidando delas com o risco de todos morrerem de fome. Muitas vezes a pensão do pai cobre parte dos gastos dos estudos de uma criança, mas todo o resto que um ser humano precisa para crescer fica ao encargo da mãe. O número de mulheres chefiando uma família cresceu no Brasil, mesmo que elas recebam 75% menos do valor de mercado do que o profissional homem.

Se uma mulher atua como os grandes empresários, muitas vezes é considerada fria, calculista e desumana. E se não tem o tal de instinto materno, parece que é uma anomalia, embora não exista o termo instinto paterno para controlar o comportamento masculino.

Estas e outras questões sociais, culturais e políticas são enfrentadas pelas mulheres em todas as partes do mundo. Ainda assim nós não nos fazemos de vítima e vamos à luta. A maior expoente desta luta é a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, baleada a caminho da escola - proibida para as meninas.

Sim, o feminismo foi o melhor movimento criado para nos legitimarmos em nossa inteireza, para temos os direitos civis iguais a qualquer pessoa neste planeta, garantindo as nossas diferenças e para criar o espaço subjetivo para as potencialidades femininas e suas especificidades. Qualquer preconceito contra o feminismo é não entender e não agradecer a luta de muitas mulheres e homens para estarmos aqui com mais legitimidade e protagonismo.


Mas há ainda outras questões que tornam o nosso destino especial:

Somos, antes de qualquer outra coisa. 

O feminino é o expoente do aqui e agora, do ser, da liberdade, do "eu Sou". O "eu Sou" está além do "eu faço" e do "eu fiz". Ainda assim, estas esferas do ego - eu faço e eu fiz - se manifestam na mulher de diversas formas: somos o veículo de vida e o santo Graal - vaso de recepção. Somos bruxas e curandeiras, empresárias e donas de casa. Somos filhas, irmãs e amigas e somos mães e avós. Nos tornamos mulher nestes papeis, mas principalmente porque o feminino nos toma a seu serviço. 

Toda a vez que nos entregamos ao prazer, por exemplo, Gaia e o Céu "pensam" que podem tomar a gente para servir à vida. Sim, quando uma mulher transa (desde a primeira vez) ela pode engravidar. Esta é uma dádiva feminina, tratada muitas vezes como um problema. E quando um homem coloca a sua semente na mulher, que é um atributo único do masculino, também pode engravidar. Só que ele não é o vaso da recepção onde a vida vai se nutrir da energia vital dos rins. 

Nós somos o cálice, a abóboda receptiva. Com ela recebemos instruções divinas, de vida e dos instintos. Com o nosso corpo guardamos as marcas de todas as nossas ancestrais e  também as dádivas masculinas e de outras almas. Já imaginou ser o tear de outro ser que vai nascer? 

É sagrado, é extraordinário, é profano e mundano. Na mulher estas esferas se mostram em toda a sua plenitude porque não há diferença. Sim, da mesma maneira que a tessitura de nossos filhos em nosso ventre é um milagre, pegamos com mais facilidade doenças sexualmente transmissíveis. (E muitos homens se recusam a usar a camisinha). E como a educação sexual ainda é um tabu, a mulher também pode não ter seus desejos sexuais atendidos e nem saber como é o seu corpo ou do que gosta. 

Se uma mulher engravida, embora seja a vida que está mais atuante, ela corre o risco sim de morrer no parto ou ter alguma doença mental por algum tempo. Se ela não pode e não quer ter o filho, tem gente e leis que dizem o que ela tem que ser e fazer. E quando ela tem um filho, é do seu corpo que a criança precisa durante os primeiros anos. A natureza pega uma mulher a seu serviço quando engravida. Gaia se apresenta com força no corpo feminino, mas a Terra  tem sido torturada para revelar os seus segredos desde a revolução científica do século XVIII. 

Como? Uma excelente funcionária pode ser despedida ao retornar para o trabalho porque não está atendendo às demandas da empresa, o que, na maioria das vezes é uma mentira. Ela tem algo para dar ao trabalho que o empregador não sabe mais olhar.

Quando uma mulher menstrua acontece uma mágica em seu psiquismo. Seu contato com o invisível aumenta e ela capta mais vibrações do que o normal. Ao invés de sermos educadas a usar e capitalizar esta potência em busca da visão, como alguns povos indígenas faziam, somos tratadas nesta época como loucas e cheias de “mimimi”. É tão difícil segurar o que nos acontece que acabamos sentindo dores físicas. Cólicas, se a gente parar para escutar, podem ser os gritos de todas as nossas ancestrais lembrando o caminho de volta para o feminino. E sobre isso não sabemos nada.


Diante deste quadro todo, ainda podemos colocar o dedo na cara da nossa mãe com a lista do que ela errou, sem levar em consideração tudo o que ela acertou e tudo o que custou para ela tecer a nossa vida. Podemos também julgar as nossas amigas por não atender este padrões e leis machistas, ou por não conseguir confrontá-los.

Ainda assim, nos tornamos mulher, temos relações de amor com o mundo, com os homens, com as mulheres e, na maioria das vezes ainda queremos trazer e cuidar de outra vida. Como é que temos força para isso?


 "Temos que levar em consideração que para mulheres a vida é mais exigente, por causa de seus destinos e de seu papel na vida - assim como a vida por si só - são mais difíceis do que é para os homens.  Portanto, algumas filhas evitam ser uma mulher. Elas preferem entrar na esfera de seu pai a ficar na esfera de sua mãe. Mas a única chance de uma menina se tornar uma mulher é na esfera da sua mãe. E isso ocorre quando ela respeita e honra sua mãe. Quando muitas gerações são inclusas em uma constelação, uma mulher ganha força através da mulher atrás dela - de sua mãe, de suas avós, de suas bisavós e assim por diante..." Bert Hellinger  - (Presente para o dia das Mulheres da página Constelare da psicóloga Cristhie Rodrigues)


603) O Mito de Aquiles na Série em Senna

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