31 de mar. de 2020

127) Bastet, a deusa egípcia da mulher e sua inteligência

     
      O gato, disse Marie-Louise Von Franz, é o símbolo do feminino. Ele é autêntico, sabe o que quer, não pode ser dominado e sofre grande rejeição por causa dessas mesmas características.

Ele não se enquadra na definição de um pet, ou um bonequinho que tem vida manipulável pelo seu “dono”. Aliás não existe pet. Os bichos sobrevivem como podem na relação com os humanos.  A castração é uma das imposições sobre os gatos para ficarem gordos em casa. Para perderem a conexão com suas almas.

Sexualmente os gatos têm rituais interessantíssimos e as gatas são excelentes mães no reino animal. Todas estas características simbolizam o princípio feminino, se não pensarmos nas influências culturais.

A deusa egípcia Bastet, com cabeça de gato, simboliza estas características femininas, até aquelas castradas, como a inteligência. Ela é solar, guardiã da fertilidade, rege os Eclipses Solares, quando Luz e Sombra plasmam novas compreensões, e protege as mulheres grávidas. Quando a Grécia fez o sincretismo dela com Ártemis, uma deusa Lunar, parte de suas características se “perdeu”.

Bastet com divindade do Sol é da mesma estatura dos grandes deuses. E o Sol simboliza, entre outras coisas, a inteligência, uma característica culturalmente negada do princípio feminino. Alguns dizem que nos sentimos vulneráveis quando somos chamadas de feia. Numa cultura que acha que mulher não é inteligente, mas tem que ser bonita, ou ser inteligente a torna feia, é isso mesmo. As modelos andam como gato, já repararam? E são consideradas burras no imaginário coletivo. Beleza e burrice parece que andam juntas quando Bastet perde o status de divindade Solar no nosso inconsciente.

Quando a mulher é inteligente, trabalha e serve com sua inteligência, e tem um mandato cultural interno para pensar que é burra, mesmo que não acesse este mandato rodando como um vírus a sua vida, ela tem problemas ginecológicos, disse o psiquiatra Rudiger Rogoll, porque “perdeu” uma das conexões com o feminino - ser inteligente. Ela na verdade não perdeu, mas o caminho está obstruído pelos mantados coletivos.

Muitas vezes Bastet aparece apenas como um gato, engatinhando bem na nossa frente para nos lembrar da nossa inteligência. E de como somos sempre lindas não importa os espartilhos que esperam da gente.

#MarieLouiseVonFranz #Jung #feminino #mulher #inteligência #arquetiposfemininos #MulherÉInteligente #Gato #Bastet #Artemis #RudigerRogoll #castração

25 de mar. de 2020

126) Como enfrentar o Dia da Marmota que Estamos Vivendo


Como enfrentar O Dia da Marmota que Estamos Vivendo? A gente acorda, faz algo diferente do que fazia, mas já suspeitamos da prisão da nova rotina, sem uma perspectiva auspiciosa de futuro. Será mesmo? E, por isso, alguns de nós já entramos em desespero como o Bill Murray no filme “O Feitiço do Tempo”.

Ele interpreta um jornalista intratável que vai cobrir o Dia da Marmota em uma cidadezinha. De repente, passa a reviver o mesmo dia infindavelmente. No início, ele reage como atos irresponsáveis, mas depois de um ataque de desespero decide se melhorar.

Pois bem, toda crise coletiva se repete de eras em eras, com o mesmo propósito do feitiço do tempo. Se O Dia da #Marmota te leva ao #DESESPERO, lembre-se: Desespero só acontece em isolamento porque paramos de nos distrair do fato de estarmos sem apoio há muito tempo. Não porque estamos sozinhos. Às vezes, desde a infância, com pais que davam tudo menos apoio emocional. Desespero também surge com falta de perspectivas. Então,

1) CONVERSE COM PESSOAS QUE ESCUTAM SEM JULGAR. E ESCUTE ALGUÉM. Desabafo é tirar o ar sufocado do coração sem despejar problemas, nem ser tapete dos problemas dos outros. Uma conversa cura quando se escuta e fala, apoia e dá apoio, entra em sintonia com os sentimentos e escuta sem julgar.

2) Crie sua VISÃO DE FUTURO! Quem descobriu isso foi o psiquiatra Viktor Frankl. Ele estava numa solitária no campo de concentração, sem roupa, com temperatura abaixo do zero. Nesta situação extrema ele pensava que tinham lhe tirado tudo, a família, o trabalho, as posses, a dignidade, mas não podiam tirar a forma como ia lidar com aquilo! E lá mesmo criou a sua VISÃO DE FUTURO: a Logosofia, ou como as pessoas se mantém com esperanças e produtivas em diversas situações. (Como astróloga, eu suspeito que é por isso que as pessoas fazem mapa astral. Porque autoconhecimento, por meio da leitura simbólica, acessa a libido dos #projetosdevida).

Ele descobriu que quando damos sentido às nossas vidas com visões de futuro atravessamos dias normais até grandes crises. Se você entrou em desespero, respire, converse e sonhe.

#ViktorFrankl #OSentidoDaVida #VisãoFuturo #Logosofia #DiadaMarmota #BillMurray #CoronaVirus

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O Livro do Viktor Frankl sobre a Logosofia se chama “Em busca de Sentido”.







125) Alguém Precisa de Você?

Nunca é tarde para ser indispensável a alguém ou a algo. Todo mundo tem valor!



A hipótese aqui é de que quando somos adultos precisamos ser precisados e, claro, uma dose de #carência para manter as #trocas nas relações. Ter algo para dar, como um sorriso que faz o outro ver as estrelas. E um encaixe (uma falta intrínseca) que faça a presença do outro inestimável! Ser #inteiro é também ter espaços.

É moda dizer “não preciso de homem! ”. Por outro lado, os #homens não foram educados culturalmente a #precisar essencialmente de uma mulher, embora precisem. Já para as mulheres disseram que a felicidade e a sobrevivência só estavam no casamento. Em meados do século passado estes mandatos começaram a ser questionados. No final, depois do divórcio, muitas mulheres não queriam mais casar e muitos homens não ficavam sozinhos. Óbvio! Havia outras #mulheres que não casaram e ainda não tinham experimentado o não reconhecimento de “ser” “precisadas essencialmente”. Isso melhora quando todos os lados reconhecem que precisamos intrinsecamente um do outro.

Independente do sexo, cada um traz algo único que o torna valioso. Então, quando alguém precisa da gente nos sentimos valiosos. E vice-versa. Tanto é que pesquisas mostram que as relações que mais dão certo têm amor, respeito e um precisando do outro. Este “precisar” tem uma característica: a pessoa que precisa te enxerga, aceita e reconhece o que você tem para dar. Se você namorou alguém que parecia ou realmente não precisava de você, ou você, tentou dar o que não tinha, ou exigiu o que não havia, sabe o que estou dizendo.

Não estamos falando daquele precisar que morre sem a presença da pessoa amada. Este tipo de precisar é da criança com seus pais, para sobreviver. É o mesmo precisar que algumas mães, pais e parceiros #possessivos manipulam dando demais ou de menos a ponto do filho/a adulto ou amante não reconhecer mais o que precisa de fato. Por outro lado, não reconhecer e agradecer os pais nos faz procurá-los eternamente no mundo sem nada nos preencher.

Então, o precisar numa relação de casal é intrinsecamente #humano, mas não infantil. Mesmo nos defendendo ferozmente desta necessidade que foi e é muito explorada, ela é um dos elos mais fortes nas #relações, além do #amor.


20 de mar. de 2020

124) Previsões Astrológicas de 2020


As Forças Astrológicas em 2020

Manika



Feliz Ano Novo Astrológico!


Hoje, aos 00:50 minutos de 20/03/2020, o Sol entrou em Áries!

O Ano astrológico começou. “O Futuro tem força se
erguemos o olhar para ele! E as mangas também!”

Isto é o que diz o stellium (4 planetas) em Capricórnio na casa 1
do mapa que nos regerá coletivamente.

Com a Vênus em Touro na casa 5 em trígono
com o Marte e Júpiter em Capricórnio ativando a 1,
e Urano na 4 em Touro: há libido para os projetos pessoais e coletivos,
principalmente se entramos em Sintonia com o que nos Guia,
deixamos de ser marionetes do teatro Cósmico e Terreno.

E se usarmos o pensamento positivo e construtivo, encarando as sombras
-  Capricórnio odeia negação da realidade -, Plutão em conjunção com Júpiter
dará uma tremenda força para o Samkalpa: que é uma escolha com
forte determinação mental. Por isso realiza o impossível.
Sim, Júpiter com Plutão tem uma força mental incrível.

Como a 1ª casa em Capricórnio pede, não espere,
faça! Mas de acordo com as verdadeiras autoridades, inclusive a sua.
Se já sabe que tem que se isolar por hora, cuidar de si e dos
outros e criar uma maneira de manter as riquezas circulando
para todos sobrevivermos, você é uma autoridade no assunto deste ano.

As mulheres, e tudo o que superaram, nos inspirarão neste momento,
diz a Lua em Aquário quadrado Vênus e regendo
o Nódulo norte da Lua em Câncer.
Sério, temos que arregaçar as mangas!

Este Nódulo também acena para o futuro
dizendo que a alma e o mundo são dimensões
de uma mesma substância, nas quais você está por um tempo.
Ele deseja a cooperação e também nos pergunta:
o que realmente nos alimenta em cada esfera da nossa vida?

No I CHING tem um Hexagrama que se chama O Caldeirão (Ting).
O esforço desenvolve o caráter, por isso o que nos é exigido nos fortalece.

Assim como a nutrição do corpo, mente e espírito é essencial
para uma existência harmoniosa.
Por isso, a gente fortalece os laços oferecendo
uma refeição de algum tipo. Inclusive espiritual.

Esta mensagem quer levar esperança.
Há muita coisa boa pela frente. Olhe para frente! Se erga!

Os mestres astrológicos do momento  são Júpiter e Saturno juntos,
colocando em prática os sussurros de Plutão desde 2008.

Quando a Luz de um e a Sombra do outro sentam para
tomar um café, muitas coisas boas e inovadoras
surgirão da pressão, enquanto o que não cuidamos assombrará a vida real.

Em Capricórnio é mudança na ordem mundial e econômica,
com amplas possibilidades de melhoras, mesmo com desafios!
E cada um de nós tem no mapa uma solução para o que virá!

Plutão em Capricórnio é o grande divisor de águas até 2025.
Ele é transpessoal, então as mudanças são para todos!

O Sol com Quiron tem ainda outra mensagem:
o curador ferido salvou muita gente, mas não houve cura para ele.
Quer dizer: o mundo não é justo, mas é para todos!
Então temos que fazer o melhor que pudermos para o maior número de vidas,
sempre! 


Namaskar
Manika

19 de mar. de 2020

123) Cada um tem seu roteiro de amor




Num táxi. 


MOTORISTA
Moça, por que está tão triste?


MOÇA
 Motorista, o senhor é casado?

MOTORISTA
Sou. Há 38 anos. Mas somos mais amigos do que casal. Ela é maravilhosa, mas nunca disse que me amava. Isso doía, porque eu dizia o tempo todo que amava. E amo ainda. Um dia parei de dizer. Eu vivo uma solidão... Uma vez eu me separei dela, não aguentava mais, mas minhas filhas adolescentes precisavam de mim em casa. Eu voltei. Eu amo minha esposa. Ela é uma mulher espetacular, mas ela não fala comigo o que se passa no coração dela. Minhas filhas já casaram...podia me separar agora, mas não tenho coragem. Ficar mais sozinho ainda e depois nunca mais encontrar alguém tão maravilhoso. Eu não tenho coragem. Ela é assim mesmo, e amar é aceitar o outro, né? Você se separou? Por isso tá triste, moça?

MOÇA
To triste, sim. Ele também não falava comigo e quando perguntei o porquê, me esnobou.

MOTORISTA
Sei como é. Mas era um homem bom?

MOÇA
Maravilhoso!

MOTORISTA
Então já tem outro homem?

MOÇA
Não tenho nenhuma perspectiva.

MOTORISTA
Poxa, moça! E teve coragem de separar?

MOÇA
Meu analista disse que eu não separei. Eu continuo procurando.

MOTORISTA
Então não amava ele?

MOÇA
Amo sim.

MOTORISTA
Meu Deus! E separou mesmo assim? E o coração partido?

MOÇA
É horrível! Parece aquelas bonecas russas ao contrário. Sabe aquelas bonecas que a gente abre, como se quebrasse, e tem outra menor dentro? Pois é! Meu coração quebra e sai eu menor e mais inteira. Menos besta, sabe? E mais eu, pronta para o amor.

MOTORISTA
Já quebrou muito o coração, né, moça?

MOÇA
Ihhhhh

MOTORISTA
E ainda tem esperança de encontrar alguém?

MOÇA
Tenho! Enquanto eu estiver viva, tudo é possível.

MOTORISTA
Isso que é a vitória da esperança sobre a experiência.

MOÇA
Hahahaha! O seu empenho no casamento também , né, moço?

MOTORISTA
Hahahaha! Também!

122) Você sabe o que é Histeria?


Você sabia que o termo #histeria pode ser usado como insulto às mulheres e sentimentos? Esta palavra deriva do termo #Histera ou útero em grego.   No século V a.C , #Histerikos era o termo usado por #Hipócrates com a hipótese de que havia um movimento irregular de sangue no #útero q afetaria o #cérebro das #mulheres.

Na #psicanálise #histeria deixa de ser um problema do sangue do útero e passa a se referir a uma neurose feminina, depois também reconhecida nos homens. É uma instabilidade emocional associada à surdez, cegueira ou paralisia sem uma causa médica. Como observou Freud, decorre de lembranças reprimidas de grande intensidade emocional.

Hoje já se sabe que aqueles sintomas além de traumas podiam ser falta de alguma vitamina. O próprio Freud já dizia que era preconceito teorizar sobre a neurose culpabilizando o aparelho sexual feminino. E também assinala que este preconceito matou muitas mulheres queimadas na idade média.  

Na bioenergética o termo aborda um bloqueio na última fase do desenvolvimento psicossexual, na qual a mulher sofre um trauma em relação à figura masculina. Mesmo sendo uma compreensão mais sistêmica, o que une todas as explicações é o FATO DO TERMO HISTERIA SE REFERIR AO ÚTERO DA MULHER E AO MUNDO MISTERIOSO QUE ELA VÊ. Temos visão, dizem os povos indígenas!

Ou seja, que tem um útero, é louca?

É “normal”, então, algumas pessoas chamarem outras de histéricas como forma de desprezo. Assim como desqualificar os sentimentos de uma mulher com “Tá com TPM?” “Acordou irritada hoje?”. Estas são formas de calar alguém que se quer dominar, ou algo que se teme. Sentimentos, visões e emoções causam medo em muita gente, porque são irracionais - surgem sem nosso comando racional.

Útero, então, é o terror das #fantasias primárias da maior parte da população! Eles têm vida própria e gestam vidas! Nossa respiração, digestão e todo movimento corporal, que não precisa do nosso comando, também são #irracionais.

No meio de uma pandemia, então, é normal sofrer descargas irracionais como #pânico e medo, como tudo o que mantém um corpo vivo sem a gente comandar. Mas no mundo do controle ter medo ou pânico é tratado como histeria. As #fogueiras, que mataram mulheres, hoje ainda tentam, em vão, matar tudo o que não conseguimos controlar. 


16 de mar. de 2020

121) As Pedras Sábias das Ciganas



Nas cartas #ciganas há estações de aprendizado, como em qualquer imagem do #tarô. Entre elas “As Pedras”. Entre as #pedras as #águas em redemoinho tentando alcançar seu #destino.

Qual o destino de fato? Atingir a fonte. A #fonte não é a água, mas o que a guia. Não é o fim, mas o sussurro do caminho que ela percorre para se tonar a água. Não se pode ser água sem ser a qualidade intrínseca da água. Por isso o #Hellinger diz: “A Fonte não precisa perguntar pelo caminho. ” (O que inspirou o nome dos meus blogs, inclusive.).

E as pedras? Neste caso, são os #obstáculos que “impedem” nossa passagem. Por que impedem? Para o rio não seguir seu caminho inconscientemente, e nunca ser separado da sua Fonte.

Se você está em negação, com medo ou desconectado, aparece uma pedra no seu caminho. Cada parada, cada desvio, uma reflexão. E as pedras, vocês sabem, têm conhecimentos #ancestrais armazenados, diria #Jamie Sams.

Se uma pedra apareceu em seu caminho, ela está te perguntando: “Você está seguindo a Fonte que te Guia ou parou numa miragem por medo de não conseguir o que queria? ”

Você só saberá o que quer quando se conectar de novo com a Fonte. E como faz isso? Meditando E (e, +, mais) escutando as águas dos teus sentimentos. Às vezes ela cai numa depressão, às vezes vence montanhas, e até evapora, se toca no deserto, pegando carona nas nuvens.  Mas quando nossos sentimentos encontram um “ser Pedra”, é porque seremos testados: vamos seguir mesmo nossos sonhos ou vamos virar energia para outros? As barragens alimentam de energia muita gente, como a água separada de sua Fonte.

Então, quando surgir um obstáculo, pare!  Porque ele é feito para isso. E se una novamente ao que te Guia. Só assim se pode confiar nos sentimentos, se eles estão em concordância com a Fonte. Alguns chamam isso de #confiança, eu chamo isso de #sintonia.

120) O Amor de um Casal pode ser pessoal, mas seu encontro é Coletivo


 Na #Ophelia com a #Hamlet Street há um cruzamento.
Instagram @constelandocomafonte

Na peça mais famosa de todos os tempos, Hamlet, Ofélia é uma mulher que encontra um homem corroído entre os assassinos e o fantasma do pai assassinado, o Hamlet. Hoje dariam um diagnóstico psiquiátrico e redutor para ele: #esquizofrenia. Naquela época, #Shakespeare lhe deu uma peça inteira, com céu, terra, um reino, pai, mãe, o amante da mãe - o tio ávido pelo trono -, vingança, ambição, corrupção, política e questões filosóficas que não dão conta do #sobrenatural.

Neste contexto, o #herói #trágico encontra e é atravessado por Ophelia. Ela é apresentada na peça como filha, irmã e noiva de homens e nunca vista como mulher de carne e osso, a não ser quando aparece morta. O seu amor por Hamlet e seu suicídio são os únicos trajetos mostrados na dramaturgia que a tornam única e não uma propriedade masculina, ou numa ninfa, ou anima (contrapartida feminina na psique dos homens).

Há inúmeros textos que dissertam sobre a sua representação como mulher no patriarcado e como expoente da histeria. Não vou por aí. Quero a Ofélia que não foi contada, afinal a tragédia de Shakespeare é do príncipe paralisado diante de uma verdade oculta que só ele vê. É o serviço de um “esquizofrênico” para toda família.

Ele inclusive diz para ela: “Que fazem indivíduos como eu rastejando entre o céu e a terra? Somos todos rematados canalhas, todos! Não acredite em nenhum de nós.” É que ele não se torna um vingador, como nas obras de  Sêneca, nem lutará pelo poder, como nas tramas Maquiavélicas. Ele internaliza forças irreconciliáveis dentro de si. Algoz e Vitima lutam dentro do protagonista, se tornando uma figura problemática, melancólica e tomada pelo seu contexto. São estas as dinâmicas que aparecem numa Constelação Familiar quando uma pessoa é diagnosticada com esquizofrenia.


Pois bem, ele com todo este contexto encontra Ofélia, que também tem uma trajetória subjetiva ligada a tantas outras pessoas, embora não seja contada na peça. Seja lá qual o motivo para não sabermos dela – o patriarcado até o desconhecimento do universo psíquico feminino ou da Ofélia não ser o foco da peça – supões que há nesta personagem tanta riqueza interior como em Hamlet.

Se escrevêssemos uma peça sobre a sua jornada, mostraríamos a falta da mãe, não só fisicamente, mas como importância para o desenvolvimento psíquico. Usaríamos de pano de fundo a falta da compreensão sobre mulher como personagem civilizatório e político. Também não haveria reconhecimento de sua existência feminina à parte das esperanças masculinas. E sublinharíamos seu amor menosprezado e sua lucidez amortecida. E então ela conheceria um príncipe corroído pela dinâmica algoz vítima, com raiva da mãe, que a rejeitaria.


Imediatamente escreveríamos uma cena tipo consulta com psicanalista, que diria: “Você não vai conseguir salvá-lo. Mas pode te salvar. E não, a peça Hamlet não fala nada sobre você. Só fala dele. E isto não é um insulto, a não ser pelo fato de tentarem te defender e às mulheres de algo que não trata da sua complexidade!”


Na peça sobre Ofélia poderíamos seguir, com cautela, as forças avassaladoras que levam ao suicídio, que embora uma rejeição amorosa seja um gatilho, nunca as definem. E iríamos até o ponto da rejeição de Hamlet, projetada como um destino sobre Ofélia, que responderia: “”Há mais coisas entre o céu e a Terra do que sua vã filosofia pode sonhar, Hamlet!”

E antes que o encontro deles tropeçasse nos seus abismos, como aconteceu em Hamlet, inventaríamos uma cena que mostrasse que o amor pode ser até pessoal, mas nosso encontro é sempre coletivo: o que cada um traz consigo faz parte de toda relação e, muitas vezes, é o que nos atraiu.



583) Quem Nunca Matou um Dragão Por Dia?

  Quem Nunca Matou um Dragão por Dia? Mônica Clemente (Manika)   @manika_constelandocomafonte Por que tanta devoção a um Santo rebaixado...