I can see clearly now - Jimmy Cliff
O mestre de
Tantra Yoga e filósofo indiano P.R.Sarkar (1921-1991) fez vários comentários em seu tratado filosófico, sobre o dharma (qualidade intrínseca) ou aquilo que
faz o ente se realizar em sua totalidade. Por exemplo, o dharma do fogo é
queimar como o da água é molhar. Tanto para o filósofo como para muitos yogues, o
dharma do ser humano é a felicidade, o bem-aventurar-se (Sarkar e Andrews,
1998).
Se o fogo pudesse
dizer “não vou queimar”, ele se extinguiria. Imagino que se ele também pudesse
perguntar: “quanto eu devo pagar ou o que devo fazer para merecer queimar?” sofreria
de certo tipo de arrogância. É preciso humildade para aceitar a dádiva de ser o
que se é: de queimar, de molhar, de bem-aventurar-se.
Penso que estas
considerações sobre o dharma têm algum parentesco de sangue com o que Hellinger
- filósofo que levou as Constelações Familiares a outros patamares - comentou sobre a felicidade:
“é preciso coragem para a felicidade maior. A grande conquista é segurar
o fácil e claro e olhar adiante, deixando para trás todo o anterior. Toda
tentativa de voltar atrás é uma fuga do peso da felicidade. Pois sim, que a
felicidade é fácil! Aliás, precisa de uma grande coragem porque, no final, essa
felicidade maior só pode ser conservada como um presente não merecido, para o
qual não se pode e nem se deve pagar nada. Isso é humildade” (2007: 100).
Ele continua
dizendo que quando esta grande felicidade se mostra, alguns podem dizer: “tenho
ainda um problema que não está totalmente resolvido” e assim destrói a
felicidade e volta para a infelicidade habitual. É preciso coragem para dizer, mesmo
que se sinta culpado, SIM à felicidade. E aguentar.