Você sabe buscar ajuda?
Acontece com muita gente, não conseguimos sair de uma situação que
parece se repetir ou durar para sempre e ainda assim não pedimos ajuda.
“Eu sempre brigo com minha mãe e fico deprimida em seguida”, “Eu sempre namoro
homens comprometidos”, “Eu sempre volto para aquela relação abusiva”, “Eu tenho
muita raiva do meu pai toda vez que ele diz aquilo”, “Eu entrego minha vida na
mão dos amigos e depois sou abandonado”, e tantos outros círculos viciosos
esperando uma porta de saída.
A autoajuda nestas situações, como assistir vídeos sobre o tema que nos
aflige com o mega psicanalista, o filósofo profundo e o coach extraordinário é
muito bom, mas ainda não é o passo decisivo para a solução, a não ser que nos
estimule a ir atrás da ajuda.
Ler livros de psicologia, psicanálise, psiquiatra, Constelação Familiar,
Astrologia, Filosofia, Yoga ou artigos como este texto aqui ajudam também, mas
não são os passos mais eficazes quando o problema está há muito tempo sem
solução.
Achar que pode dar conta sozinho de uma roda viva “sem saída” é só cair
na primeira armadilha de todas, quando nos ensinaram, ainda crianças, a não
confiar mais em ninguém. Quando aqueles sobre os quais nós nos apoiávamos para
ficarmos vivos nos puxavam o tapete debaixo dos pés sem nem saber que faziam
isso.
Quando John Lennon escreveu Help , que começa com o verso "Eu preciso de alguém", estava enfrentando uma crise.
Sintomas de que nossa alma pede Socorro e precisamos de ajuda profissional:
Nossa alma tem diversas maneiras de pedir socorro, mesmo que não estejamos preparados para ele. Se temos um só dos comportamentos abaixo, já é uma super dica de que precisamos buscar a
ajuda certa:
1.
Ficar vendo vídeos e mais vídeos sobre uma questão que
não achamos solução há mais de dois anos.
2. Ficar lendo sobre o que nos aflige tentando fazer
um autodiagnostico. Se você já descobriu que é histérica, não tomou o pai,
precisa do floral Wild Rose, meditou 28 luas o mantra de Ganesha e teu Saturno
fez Oposição ao Sol e o teu problema não foi resolvido é porque precisa de
ajuda. Eu acredito em tudo isso, mas no lugar e hora certos e se serviu para
resolver de fato a nossa a demanda.
3.
Ficar se receitando floral eternamente ou remédios
de ansiedade e depressão (se for médico que se automedica) sem que tenha resolvido
a sua questão.
4. Ficar escrevendo sobre um mesmo tema pessoal depois
da consulta que tratou daquele assunto exaustivamente (e foi indicado fazer
terapia), esperando resolver tudo pelo e-mail ou whatsapp de forma mágica.
5. Marcar várias consultas com o mesmo profissional e
furar em cima da hora mais de duas vezes. Superficialmente é falta de respeito.
Mas na verdade é tentar um vínculo na esperança de se curar. Vínculo positivo é
a cura, mas tem que ser consciente, comprometido e compartilhado. Não
inconsciente e unilateral (só o
profissional se compromete).
6. Ligar para os amigos contando sempre os mesmos
problemas a ponto deles arranjarem uma desculpa para não nos atenderem.
7.
Ter um amigo que cai na nossa armadilha e vira
nosso terapeuta e começamos a ter raiva dele depois de um tempo, porque claro,
isso mantém o vínculo da dupla. E vínculo é bom, mas não de terapeuta – cliente
se forem amigos.
8. Culpar todos pelo nosso sofrimento. Talvez seja até
verdade que haja um ou mais algoz, mas sem ajuda também não vamos sair de uma
relação abusiva.
9. Buscar várias abordagens terapêuticas breves para
um mesmo problema que ainda não se resolveu.
10. Enfim, se já faz mais de dois anos que não
conseguimos sair de um problema tentando de todas as maneiras dar o nosso
jeito, está na hora de baixar a guarda e ir em busca de uma boa psicanálise.
Psicanálise?!!!
Sim, aquela terapia criada pelo Freud que muita gente torce o nariz sem
nem saber de onde vem o preconceito. Por baixo, há um medo enorme de
perder o controle e confiar novamente.
Quando estamos no divã não é mais a teoria, é você e a riqueza do teu
inconsciente, são os laços de apoio criados com o psicanalista e a soma e todos
os afetos descobertos de todos os “eus”
outrora soterrados.
Você não será tratado por um freudiano, lacaniano, junguiano, kleiniano,
etc. O nome da linha de uma boa análise, como diz o psicanalista Eugenio
Davidovich, é VOCÊ + iano.
Por exemplo:
- Eugenio, qual a tua linha psicanalítica?
- Mônicaniana (Ou Robertiana, ou Joséniana, Ou
Elizabethiana, etc...)
Ou seja, se o seu psicanalista é bom mesmo, é você é o teu inconsciente
que vão dar a solução. São os vínculos positivos criados.
Meu inconsciente que vai dar a
solução?
Se você acredita no conceito de inconsciente então NÃO pode acessar ele
sozinho, mas o psicanalista sim. Por quê? Porque o inconsciente é o que não
acessamos, mesmo que fique óbvio para todos que nos olham sorrindo dizendo “to
na boa”, vendo o boy magia beijando outra.
O inconsciente é o que ele é, não consciente para nós, mesmo que seja evidente
para outros. Quando tomamos consciência não é mais o inconsciente.
O psicanalista também é treinado a não projetar, a entender as
projeções, lidar com as transferências e contratransferências,
além de saber que o amor é o que cura e todo adulto é dependente de vínculos
positivos e, por isso, precisam ser refeitos: autonomia não é desvinculação. O
psicanalista sabe disso porque ele mesmo fez o seu próprio caminho.
Mas pera! Todo psicanalista é bom,
então? Só a psicanálise ajuda?
Não!
Você pode encontrar sim outras linhas terapêuticas excelentes! E você
tem que achar o seu terapeuta. Não é a linha terapêutica é você com o seu
terapeuta. E
aqui estão os motivos que me levaram a escrever este texto.
Como encontrar a ajuda que a gente precisa?
Eu aprendi isso com Letícia Nuñez Almeida, Eugenio Davidovich, com meus
atendimentos e com a muitas cabeçadas erradas que dei.
1. Encontrar seu psicanalista, terapeuta, psicologo é
como buscar um amor, só que é muito mais fácil. Talvez não seja a primeira
porta que você bata onde encontrará o profissional que vai realmente te ajudar.
Bata em quantas portas forem necessárias até sentir que encontrou o
profissional que vai te ajudar.
2. Se você achou o profissional e continua a buscar
sistematicamente livros sobre o teu tema e outras terapias breves para lidar
com a sua dor, então o teu terapeuta tem que sacar isso e te fazer entender que
precisa de mais dias por semana de terapia.
3. Ou você deve continuar procurando outro
profissional. A gente para de se coçar quando achamos o unguento da coceira. Se
você ainda está coçando no mesmo lugar, sem nenhuma melhora, depois de seis meses
no terapeuta, vai atrás de outro. Porque ou ele não sacou o essencial do
teu problema, ou não sacou que você precisa de mais dias de terapia. E você tem
que arcar com os custos disso, de uma forma boa para todos.
4.
Ás vezes, tem tantos eus soterrados dentro da gente
precisando de ajuda, que uma hora por semana de terapia não é o suficiente. A
gente deve arcar com isso e o terapeuta também se quisermos ter uma vida mais
plena.
5.
Não é a linha terapêutica é o terapeuta. Não é a linhagem que ele se afilia, se ele for bom e
você queira tanto ou tiver sofrido tanto que queira realmente transformar a sua vida, tudo pode
ser feito.
6.
Se o terapeuta não for bom e você estiver pronto
para mudar, não vai funcionar.
7.
Se o terapeuta for bom e você não está pronto ainda
para mexer no essencial ele nem vai te pegar. E isto vai te colocar no ponto.
8.
Abra mão dos preconceitos. Se você é mais
alternativo e nada do que procura te ajudou, busque outro terapeuta da linha
que você rejeita por ser careta, talvez esteja lá o teu terapeuta. Se você é
mais clássico e ainda não teve ajuda nos caminhos mais tradicionais, dê uma
chance para você mesmo nas práticas alternativas, talvez esteja lá quem vai te
ajudar em teu milagre de se transformar.
9. Títulos são importantes, mas não garantem a
competência de um profissional. Os frutos dele sim.
10.
Você não precisa confiar no profissional logo de
começo. Nem desconfiar. Você pode experimentar (não testar) a relação com o
terapeuta até sentir que é por ali. Se dê tempo.
11.
Massagem é diferente de atividade física. Uma
relaxa e bota no lugar a outra faz a gente seguir em frente. Terapias breves e
terapias a longo prazo têm suas especificidades também. Tomar o pai numa
Constelação é transformador, aprender a se relacionar com ele na psicanálise
não tem preço. São duas ações diferentes e necessárias. Ainda vale a dica: é o
terapeuta e você e não a linha terapêutica.
12.
Tem até pesquisa sobre isso. Todas as linhagens
funcionam se o vínculo é estabelecido. Na psicanálise, por exemplo, com o
psicanalista até renovar os laços com a família, nas constelações, direto com sua família.
13.
Se seus filhos pequenos têm problemas emocionais
sérios, buque você a terapia.
14.
Se depois de um tempo em terapia você sente que tem
o terapeuta como alguém ao teu lado te apoiando, mesmo sem falar com ele há
tempos, você é um felizardo. Este vínculo nos ensinou novos caminhos para os
pais, para os companheiros, amigos, filhos, profissão, criatividade e vida. A
porta de saída do antigo sofrimento.
E
para finalizar,
Sintomas
de que temos um problema, mas não queremos ou não estamos prontos para a ajuda:
1. Você pechincha o valor da terapia logo de saída. Investir em terapia é investir em você. Pechinchar logo de início pode revelar o quanto estamos indisponível para nos ajudar. E que não vamos receber o que o terapeuta vai dar, porque nos sentiremos inferiorizados se não dermos algo em troca de verdade. Isto é uma ordem da alma que sempre funciona, o equilíbrio entre o dar e receber nos adultos (não serve entre pais e filhos em qualquer idade, porque os pais sempre dão mais - a vida).
2. Dinheiro simbolicamente é libido. Quando ficamos
apegados ao gasto e não no ganho da terapia ainda não estamos implicando de
fato a nossa libido para o processo de transformação. Não vai ter solução.
3. Teus pais podem ajudar de fato a pagar a terapia,
mas você não quer pedir para eles por diversas razões. E nega totalmente
acessá-los se este for o caso: pedir dinheiro. A tua libido – vida – veio por
meio deles. Se você pedir e eles puderem te ajudar, te dão a vida novamente. Isso gera cura.
4. Quando só buscamos explicações do porquê sofremos, ou só buscamos os culpados. “Por que eu só atraio homem assim?” “Eu sou assim,
porque minha mãe foi assado”, “Se eu te contar o que meu pai fez, talvez entenda
porque eu faço isso”. Como diz, o Rudiger Rogoll, “quem quer resolver
busca a solução, que não quer, busca explicação”.
6. Mas se a
gente olha a questão e quer ajuda: “Eu quero ser feliz nas relações de amor,
você pode me ajudar?” Aí tem uma avenida larga para caminhar.
7. Testamos os profissionais. Por exemplo: “eu já fiz
Constelação pra este tema com 5 pessoas e não adiantou, agora quero testar com
você.” A pessoa diz com todas as letras - testar. Às vezes são mais espertas e testam
o profissional contando outras coisas aparentemente importantes, desviando a
atenção da verdadeira questão.
8.
Ainda não sofreu o suficiente.
9. Quer desabafar. Desabafar é jogar nosso tesouro no
lixo. Fazer análise é descobrir que aquele lixo era tesouro.
10.
Tem algum ganho relevante com o sofrimento.
(Cuidado aqui. A maioria das pessoas que sofrem não querem ganhar algo com a
dor).
11.
Já chega botando banca de que sabe tudo e diz como
é que deve ser a terapia.
12.
Não acredita nestas coisas, mas a esposa ou o
marido encheu o saco para ele/a ir.
13.
Não está sofrendo com o problema. Um marido galinha
pode fazer a esposa sofrer, mas talvez não sofra por isso. Não vai adiantar
mandar o companheiro para terapia.
14.
A pessoa está tão tomada pelo problema que passa a
ser ele. Vira uma força cega que não há terapia ou terapeuta que dê conta.
Muitas portas se fecharão para ela acordar e buscar forças para sair da
possessão a que está submetida.
15.
Não precisa mesmo de terapia, como as crianças.
Talvez seja a mãe ou o pai que precisam, mas como não buscam ajuda, atolam seus
filhos com seus problemas.
16.
Quer mostrar para o mundo, inconscientemente, o mal
que sofreu de fato, escolhendo ficar no papel da vítima para acusar o algoz até
alguém ver e vim salvá-la, como esperava que o pai fizesse. Ou a mãe. Ao invés
de libertar o algoz de sua vingança e sair desta prisão, prefere sofrer mais um
pouco. O filme O segredo dos seus olhos” e “Lady J” falam sobre isso.
Buscar ajuda competente..., aliás, se tocar que precisa de ajuda de
alguém é 50% do processo de cura, porque descobrimos algo que funda a nossa
humanidade: juntos vamos além. Ou juntos lembramos dos vínculos esquecidos que
nos levam além.