28 de mai. de 2020

147) Nossa Imagem Conversa com o Mundo pela Linguagem Inconsciente



Daniel Day-Lewis e Colin Egglesfield


Quando nos vemos, nosso rosto, cabelo e roupas contam uma história ao nosso inconsciente. Formas, cores, suas composições e estados de espírito são estudados há séculos pelos artistas plásticos. E o temperamento, sua correlação física e de humores, têm sido alvo de estudos há milênios, desde Hipócrates. Jung e a astrologia contribuíram substancialmente para esta compreensão. Na Índia, os yantras – formas que libertam – falam do  impacto das formas no inconsciente.

Na literatura, teatro, cinema, a composição da personagem precisa de uma combinação robusta de características que nos façam acreditar que eles agem como agem e do porquê levam a história para frente.

O artista plástico e consultor Philip Hallawell, juntou tudo isso e  construiu um corpo de conhecimento incrível, alinhando as formas das artes plástica aos temperamentos e à sua experiência como consultor na área da beleza, moda, teatro, arquitetura etc. Ele nomeou sua pesquisa de Visagismo.

Nossa imagem, portanto, atua como um mandato, influenciando nossos hábitos e comportamentos, como também atinge o inconsciente das outras pessoas, antes mesmo da primeira palavra ou gestos pronunciados. Se estas mensagens traduzem quem somos ou o que queremos, são aliados, se não, viram obstáculos.

Por exemplo: um cabelo longo, liso e negro num rosto melancólico dirá, toda manhã, diante do espelho: sou uma sofredora. O mesmo cabelo num rosto sanguíneo compensará em imagem de disciplina naquele rosto jovial. A cor da nossa pele também se afina com as cores dos tecidos e ornamentos, ou não, enviando novas mensagens. 

Numa Constelação Familiar, ou no atendimento do Mapa Astral, se a imagem de uma pessoa não é orgânica com quem ela “é” – em 30 segundos de conversa já dá para perceber este ajuste -, me pergunto com quem ela está identificada? O que disseram para ela quando pequena? O que aconteceu em tal fase da vida? Nos Seminários “Histórias que Atuam - Constelação Familiar a partir do Conto de Fada preferido”, estas conexões ficam ainda mais evidente. 

Na foto acima, os atores ️ Daniel Day-Lewis e Colin Egglesfield são morenos, olhos claros penetrantes, sobrancelhas grossas e lindos. Mas passam impressões completamente diferentes, graças a seus traços únicos e como lidam com eles.

Repararam a cor rosa da pele do Lewis e amarela de Colin? E o nariz? Um nariz grande e torto, como de Lewis, parece perceber mais o ambiente e de forma desalinhada. Mesmo que estas não sejam a característica do Lewis (e geralmente são), nosso inconsciente as capta naquele padrão. Logo, ele nos faz sentir que ao seu lado o mundo será uma aventura intelectual e artística, por conta da testa longa, e emocional por conta da boca grande. Seu queixo saliente - opiniões fortes - diz que ele faz o que quer. Ele pode disfarçar e acentuar estas características, e até mudá-las, usando cortes de cabelo, cores específicas nas roupas e intensidade dos gestos.

Já o Colin, com nariz desenhado com pincel, nos remete a uma vida pacata e misteriosa, com seus lábios finos. E ele, embora não tenha traços tão poderosos como Lewis, quer ser ou é poderoso, como insinua o topete. Levantar o cabelo para cima não faz a gente perceber que seu queixo é pequeno, embora bem marcado. O mesmo recurso pode disfarçar orelhas grandes, porque o volume do cabelo puxa a nossa visão e como percebemos uma pessoa.

E por que isso é importante? Porque a imagem é a primeira linguagem. É a conversa do mundo com inconsciente. Uma palavra só faz sentido, depois que a assimilamos como imagem. Tanto na vida, como terapeuta, esta linguagem atua curando ou causando danos. 


27 de mai. de 2020

146) Os 12 Arquétipos na Jornada do Herói




Carol Pearson escreveu “O DESPERTAR DO HERÓI INTERIOR”, um bestseller da década de 1990. Atualmente, a obra traduzida em português, está esgotada.  A autora se baseou nos conceitos de arquétipo do Jung e na Jornada do Herói de Joseph Campbell para elaborar as 12 fases que enfrentamos, ou ficamos fixados. E fez isso associando cada etapa a um arquétipo com sua função, luz e sua sombra.

Este trabalho tem sido divulgado, erroneamente, na internet, como os 12 arquétipos de Jung, sem dar o devido crédito à autora do estudo. O texto que escrevi abaixo é sobre a sombra dos 12 desafios do herói e é baseado na obra de Pearson.

O herói em cada fase da jornada é convidado a dar um passo no desconhecido de si mesmo para desenvolver suas potencialidades adormecidas.  Em cada um dos passos há um teste do tipo “A Cuca vai te pegar!” Como o dragão de cabelo vermelho, morador dos porões do medo, desafia o herói.

“Tá tudo bem!” Se engana o INOCENTE diante do fim do casamento. Sem usar seu discernimento, quando o cônjuge avisou o problema mil vezes. O Inocente pode aceitar o convite da jornada ou dar piruetas no ar.

“Eu não merecia isso!” Diz a sombra do ÓRFÃO, a vítima do mundo, que se esquiva da vida e do resultado dos seus atos. 

 “Te salvarei!” Voa a Cuca GUERREIRA pelo Céu da soberba. São estudantes com ares de doutores, filhos salvando os pais, ao invés de lutarem e escolherem as próprias batalhas.

“Deixa que eu faço!” Sorri o sobrecarregado CUIDADOR, com medo de ser egoísta, mesmo que não leve adiante o chamado de sua alma.

“Ninguém me controla! Vou ao retiro sim!” diz a sombra do BUSCADOR, no milésimo curso em busca de iluminação, mas incapaz de ajudar em casa. Liberdade lava louça, ganha dinheiro e faz comida, sabia?

“Não vivo sem ele/a! Se joga o AMANTE, como se o parceiro/a fosse a mãe. Como se não soubesse da bem-aventurança que o busca em cada beijo e em cada um que ele leva para frente. 

“Regras são feitas pra quebrar!” arrota o ICONOCLASTA, que confunde desapego com rebeldia, disciplina com regras, desperdiçando os novos poderes. 

“Eu não tenho tempo!” Se vangloria o CRIADOR, que perde as relações para o trabalho que lhe dá fama.  Aqui Ulisses driblou as sereias e continuou sua jornada.

“Eu que mando!”, treme de medo o GOVERNANTE, ao invés de assumir as responsabilidades incluindo sua vulnerabilidade.

“Eu dou um jeitinho!” Alicia a sombra do MÁGICO, ao invés de reinventar o mundo com os poderes que ganhou na jornada. 

“Eu não sou bom o suficiente!” Grita a Cuca do SÁBIO, nas riquezas ganhas com o esforço da sua inteligência. O Sábio está pronto, ao contrário do guerreiro que ainda tem que se esforçar muito. 

“Eu faço o que bem entender!”, sorri o TOLO comendo o que o mata, ao invés de se libertar com o que o faz feliz. Aqui o herói “voltou” ao 1º estágio, mudado e mais completo, mas pronto para um novo convite. Ele pode fazer o que bem entender desafiando a vida. Ou fazer o que bem entender de acordo com o mundo. Nesta hora até a Cuca fluíra junto. 

#CarolPearson
#AwakeningTheHeroesWithin
#JosephCampbell



25 de mai. de 2020

145) Instalando o Chip da Vitória



A boca do pai e, principalmente da mãe, produzem as maiores bençãos. Por isso é importante como eles a usam com suas palavras.

Desinstalando o chip da derrota: Quando os pais nos definem, categoricamente, até nossos 7 anos, ou mais, é projeção, não quem somos. No primeiro setênio reproduzimos o inconsciente dos pais (Von Franz, 1988) ou o inconsciente coletivo familiar (Hellinger, 2002). Ainda não temos força para o processo de individualização (ser quem é). 

Por exemplo, “Você é avoado!” grita o pai que não sabe ganhar dinheiro e é tão criativo como seu filho, porém foi bloqueado como faz com a criança. “Para de chorar, seu covarde!” Crava os dentes da mãe, que perdeu filhos na gestação e não teve apoio para o luto. “Ah, filha, você não sabe o que quer! Não tem disciplina para isso!” Projeta a mãe, que não foi incentivada pelos pais a estudar, porque “mulher é burra”. Etc...

Há ainda pais e adultos que plantam provas falsas para justificar estes mandatos. Escondem coisas da criança “avoada”, para provarem como ela é descuidada. Contam mentiras sobre seus filhos para o outro genitor puni-los sem nem os escutar. Há ainda dezenas de vídeos compartilhados de pais fazendo bullying com os filhos e há quem ria disso. 

Por que alguém coloca provas falsas para provar um crime e com público testemunhando o “delito” plantado? Para ganhar algo com isso. Da mesma forma, os pais que impõem mandatos de derrota em seu filho, na frente da família toda, que passa a acreditar no rótulo imposto, querem algo: que seu filho, derrotado, nunca os abandone. Ou que volte de cabeça baixa em algum momento, massacrando-o novamente. Rapunzel que o diga. 

Como sair dessa? Sempre com terapia! E, voltando para sua criança interior, com cuidado, naquela época em que o chip foi implantado mil vezes. Olhamos para ela com amor e o antídoto: VOCÊ É CRIATIVA! ou VOCÊ É CAPAZ! ou VOCÊ É QUEM EU ESPERAVA! SEJA BEM-VINDO! Para quem escutou que sua gravidez não foi desejada! Qualquer frase que contraefetue a crença imposta. 

Não vale à pena brigar com os pais, no entanto. Se estamos vivos e conseguindo mudar um padrão (e não só isso), eles deram muito mais coisas boas do que só mandatos negativos.

18 de mai. de 2020

144) A Voz Interior e os Florais de Bach




A pergunta “qual a coisa certa a fazer?” (Blome, 1999) busca respostas em dogmas ou doutrinas, ao invés da guiança da voz interior. Leva à “boa consciência”, que é seguir os mandatos do nosso clã, mesmo que custe quem somos. Faz pedir mil conselhos sem acatarmos nenhum.

Já a pergunta “o que é melhor para mim e como chego a isso?” (Blome, 1999) nos põe em sintonia com a própria sabedoria. Uhtred Ragnarson, personagem principal do “O Último Reino” – série da Netflix baseada nas Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell -, é um guerreiro do século IX, leal e destemido, ora servindo ao Rei Alfredo de Wessex, ora em busca do seu destino roubado.

De linhagem saxã e cristã, ainda criança perde sua Fortaleza, no Reino da Nortúmbria, o irmão e o pai para os Vikings, com quem cresce e aprende os costumes pagãos. Sua forte liderança e estratégias de guerra, conquistam reinos para um monarca de corpo frágil e mente poderosa. São a Luz e a Sombra um do outro: o rei sábio e o escravo guerreiro, o general e o visionário, as repressões cristãs e o apetite Dinamarquês.

Uhtred é forjado entre estes conflitos lutando pela unificação da futura Inglaterra, contra as invasões, contra si mesmo e seu desejo de reconquistar o que lhe foi tirado. E, mesmo nas mãos de ferro do Rei ou se contorcendo entre o amor pelo seu clã adotivo e a busca da sua origem, não perde a conexão consigo.  

Cada uma de suas mulheres o desafiou também tentando mudá-lo, ou aceitando seu caminho, ou fazendo-o se escutar. Ele encarna a difícil tarefa humana de continuar escutando a voz interior no meio dos desafios.

Quem não confia ou perde a conexão com a voz interior, no entanto, fica submisso e autoritário. O submisso se perde em orientações externas porque perdeu seu discernimento, entregando sua autoridade a alguém.  E compensa esta insegurança afirmando-se brutalmente. São tentativas infrutíferas de voltar a se escutar do lado de fora, como, por exemplo, a negação da verdade em nome do achismo, do óbvio por conta do ódio de ter se perdido.

Nestas horas nos voltamos ao azul violeta do Cerato, à flor nativa do Tibete, extraviada para a Inglaterra. Apesar dos reveses, não duvidou de si mesma enquanto se adaptava à paisagem estrangeira.

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Cerato é uma flor tibetana que, atualmente, é uma das Essências do Floral de Bach, que ajuda a nos reconectar com a voz Interior. 

As perguntas iniciais do texto são de autoria do Götz Blome em seu livro Advanced Bach Flower Therapy - A Scientific Approach To Diagnosis anda Treatment. United State,  Healing Arts Press, 1999.



16 de mai. de 2020

143) Como Interpretar Seus Sonhos?




Ilustração: Dream Energy 

1.     Anote-o ao acordar:  começo, meio e fim; o que lembrar, sem interpretar.

2.     Selecione passagens, personagens e coisas que te marcaram. Onde estavam? Qual a relação com você? Não interpreta ainda. 

3.     O que sente em cada parte?

4.     Se é pessoa conhecida: o que representa para você? (Você quer, possivelmente, estas características ou não as reconhece em você.) 

5.     Se for animais: o que significa para você? Este significado geralmente é o talento não desenvolvido ou conteúdo inconsciente teu.

6.     Se for um Arquétipo complexo: use um dicionário de símbolos depois de descobrir o significado dele para você.

7.     Se for homem desconhecido e você é mulher, é uma versão do teu animus (sua contrapartida masculina inconsciente). Como ele é? Como vocês se relacionam? Este é um padrão teu de relação. Se te ele te ataca como policiais te perseguindo querendo matar, você falou ou pensou mal de você ontem. Se você é homem, é uma parte tua que precisa ser reconhecida.

8.      Se for mulher desconhecida e você é homem, é uma versão da sua anima (contrapartida feminina inconsciente), e o que falei acima serve aqui também. Se você é mulher, é uma parte sua para ser integrada.

9.     Se você é mulher e sonha com um menino: é um novo projeto. Se é menina: é você na infância. Como se relaciona com eles? Se você é homem e sonha com um menino: é você na infância. Se é uma menina, é um novo projeto. Se estão feridos, você está se traindo ou se negando?

10.Objetos, eventos naturais: qual o elemento? Ar, fogo, terra, ar, éter? Pesquise os órgãos relacionados. Partes do corpo atacadas por bicho sinaliza início de doenças ou dons.

11.Agora lembre de uma situação vivida no dia anterior ou que tem te preocupado. Qual a relação deles com os eventos e sentimentos do sonho? Junte as peças e comece a interpretar, sem se analisar!

12.Pesadelo é aviso: cuidado com isso que te fez acordar.

13.Ilusão e baixa-estima prejudicam a interpretação: sonhar com o namorado com outra, não é premonição, é insegurança. Sonhar que está transando com um/a conhecido/a: você quer virar amigo dele/a. Nada mais. 

14.Sonho premonitório não tem emoção, ele é.

15.A melhor interpretação é de um profissional. Mas estas dicas podem ajudar um pouco a entender alguns sonhos.

16.Indico um livro para começar: “O Caminho dos Sonhos” da Marie-Louise Von Franz. 


142) Qual a relação entre o Sucesso e a Frustração?




Um dos requisitos para o sucesso é conseguir administrar a frustração. 

Daniel Goleman em seu Best Seller, “Inteligência Emocional”, conta a experiência do marshmallow. Davam dois deles para cada criança em sala de aula e diziam que se não comessem os doces até os pesquisadores voltarem, ganhariam um presente.  Não diziam nem o presente nem quando voltariam. 

Isso é a frustração: não ter controle sobre o tempo e resultado dos esforços. 

Cada criança, então, inventou uma maneira de lidar com o desafio. Algumas brincavam com os doces; outras lambiam e sentiam seu cheiro; houve quem os comesse; os que se distraiam com outras atividades e os que produziam algo ignorando as delícias.

Os pesquisadores acompanharam as crianças até a vida adulta e viram que aquelas que comeram logo os marshmallows, sem esperar nada, não conquistaram o sucesso almejado. Eles precisavam de gratificação imediata para distraí-los da indefinição. É como querer sucesso (gratificação) sem levar em conta o esforço, dedicação e falta de controle do tempo para isso. 

Já as crianças que não comeram os doces, descobrindo uma forma de lidar com a frustração, adiando o prazer, conquistaram não só́ o sucesso como satisfação com suas conquistas. 

A indefinição do fim de uma situação difícil, e como lidar com ela, é um exemplo disso. Já a falta de suporte para tempos difíceis não é treino para frustração, é o rosto do abismo. Qualquer medida, neste caso, deve ser urgente.


#DanielGolemam #InteligenciaEmocional #Frustração #Sucesso #TolerânciaAFrustração.


13 de mai. de 2020

141) O Mergulho da Heroína




Mas então a mulher não faz a jornada do Herói? Não, disse o Campbell. “A mulher é o que o herói aspira!”

Algumas de nós não gostamos disso e levantamos bandeiras: “Eu também faço a jornada do herói!” Outras não entenderam o aforismo, como eu, até começar a apreender seu significado. E outras estão muito bem com seu feminino, obrigada!

A mulher não faz a jornada, ela mergulha. Qualquer pessoa que leu ou viu Outlander, com a personagem principal Claire Randall Fraser ultrapassando a fronteira do tempo por uma pedra, guardiã das memórias ancestrais, terá a noção do mergulho. Ela mesma descreve a sensação: “era como se eu estivesse caindo.” Lá, onde chegou, encontrou desafios. Um dos principais foi outra feiticeira, como as irmãs gêmeas que povoam infernos nos #mitos.

Em Outlander tanto as personagens Geillis, como Lapghaire fazem o papel das bruxas. Elas representam todas as exclusões, repressões, negações que nós e nossas ancestrais jogaram no porão do esquecimento. Mergulhamos principalmente para confrontá-las e resgatar suas forças: elas são partes de nós mesmas que nunca puderam vir à tona! Outras são entidades emprestadas, que precisamos deixá-las com suas verdadeiras donas. Por isso Claire mata uma e acolhe a filha da outra.

Desafiada por todas estas aventuras ao lado do seu companheiro, quase o perde várias vezes, como nós mesmas arrebentamos nossas relações se somos tragadas pelo o que negamos. Jamie, seu parceiro, faz a Jornada do Herói ao lado dela, também cuidando para não perdê-la.

Às vezes, o que acontece com ela empurra ele para frente, e o que acontece com ele aprofunda o mergulho dela. A Jornada (Mergulho) da Heroína também leva a mulher ao homem, sem que ela ande, mas caia em si. Lá, no meio do caminho de Claire e Jamie tem uma pedra que une diferentes tempos a um mesmo espaço.

O homem é o espaço e a mulher o Tempo? A jornada é espacial e o mergulho como as ampulhetas? Eu não vejo o tempo desafiar tanto os homens como a nós mulheres. Nem vejo a Terra brigar conosco como exige deles os confrontos. Podemos ser Outlander* porque somos o próprio lar.

Se a mulher é o que busca o herói, o encontro é o que causa o mergulho. Primeiro consigo mesma, depois com o mundo inteiro. 

*Outlander - Fora-steiras, estrangeiras, fora da terra.
  Outlander – Diana Gabaldon (livros). Série Fox e Netflix


12 de mai. de 2020

140) Os Deuses Feridos



No Ocidente disseram para mulher encontrar a felicidade e servir ao homem no casamento, projetando nele um deus infalível. Para o homem disseram que o trabalho era mais importante, o casamento uma prisão e a mulher um objeto.

Na verdade, é o homem que serve à mulher e é feliz no casamento, embora como pai seja muitas vezes desconsiderado, mesmo doando-se totalmente aos filhos. A mulher trabalha demais, não só parindo e cuidando dos filhos e do lar, mas gerenciando os ânimos da família e seu sustento com um emprego e/ou liberando o homem dos trabalhos domésticos.

Isto é a Grande felicidade no casamento: ele dá e exige muito. Se o casal se separa, parece que todo este esforço foi em vão e não reconhecido. É uma dor imensa, como disse o Hellinger!

Como o deus interior atua em cada homem ferido pelo divórcio?

Um homem regido pelo arquétipo de Zeus, ferido pela separação, será vingativo, fazendo uma lista de mulheres que quebrará o coração. Sua cura é parar de pensar que é melhor para a mãe do que foi seu pai. Com esta conexão masculina ancestral amará as mulheres sem medo.

Eros negativo vai para casa da mãe/pai, como ele fez o casamento inteiro. Ao entender que o casamento forma uma nova família, se cura. Faz isso parando de salvar seus pais.

Poseidon ferido beberá todas e falará mal da ex para os filhos! É irascível! Se recuperar seu reino perdido, agradecendo o pai e a linha dos homens, retoma seu destino.

Aquiles, se não quebrar tudo, vai atacar a ex até fisicamente. Tem que parar de pensar que é um semideus: filhinho da mamãe; e buscar reputação a qualquer preço. Um guerreiro tem valor por evitar as guerras e não ganhar com elas. Precisa parar de levar as brigas dos seus pais para dentro do seu casamento!

Hades lutará pelo poder se achando uma mãe melhor! Sairá deste lugar quando reconciliar com a sua mãe, e parar de ser pai de suas mulheres crianças.

Urano, vai sumir e ter acessos violentos para fugir do suicídio. Se cura ao parar de se culpar, fazendo algo que compense o que houve.

Os homens foram substituídos por imagens divinas em quase toda mitologia, civilização e família. Quando descobrem que são de carne e osso, como seus pais, e nós mulheres os aceitamos e honramos assim, muitas feridas terão fim. 

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Sobre as deusas feridas, tem este texto aqui.

No instagram @constelandocomafonte






11 de mai. de 2020

139) As Deusas e o Divórcio



O casamento é uma comunhão de amor além do casal, com muitos ganhos. Ele pacifica reinos; traz soluções transgeracionais aos sistemas familiares; apoia a continuação da vida; convida a comunidade a apoiar o casal e promove segurança aos companheiros (Hellinger, Sophie: 2020). Por isso usa muita energia para manter esta “estrutura” que apoia.

Tem quem não aguente ou ache que não merece as grandes felicidades e resolve não se casar. Outros se casam apenas pelos privilégios (cidadanias, plano de saúde etc.). Hera, deusa do casamento, não suporta tamanha mesquinharia cobrando seu preço.

As deusas mais atuantes na nossa consciência mantêm suas características mais elevadas com a nossa energia. Durante o divórcio, esta força é direcionada para conter os estragos, assim o lado nobre das deusas não recebe apoio caindo em masmorras.

Durante anos de atendimento com Constelação Familiar, com o Histórias que Atuam (Constelações com Contos de fada preferido) e com a astrologia, tenho observado que:

Se Hera rege uma mulher num divórcio, sua sombra fará estragos consideráveis à família. Se lembrar que sabe amar e fazer laços, apazigua. #Ártemis se livra do homem. Apazigua quando reconhece a importância do pai para os filhos, assim como para ela, que expulsou seu pai do coração, desconsiderando todos os homens desde então.

Athena foca no trabalho e congela o coração. Quando aceita o #feminino da sua #mãe tem coragem de amar novamente. Perséfone negativa vai fazer o ex e os filhos bancá-la, se envolvendo em muitos problemas. Se cura ao buscar ajuda, descobrindo sua identidade e potencial.

Afrodite arruma logo outro companheiro, sem ligar se é núpcias de morte. É a deusa que mais busca relações ruins para curar piores. Sai dessa quando descobre que pode escolher parceiro e relação. Ela precisa resolver algo com seu pai imprevisível.

Deméter negativa vai se fazer de vítima e tornar seus filhos confidentes. NÃO SE CONTA COISAS DE CASAL PARA OS FILHOS. Nem de novos namorados/as. Se salva quando assume que não quis casar, mas ter filhos, ou para de tratar os homens como filhos. Ela precisa parar de salvar sua mãe, na verdade.

E assim a dança cósmica continua a oferecer o casamento e os talentos das deusas para treinar potências e mudar roteiros difíceis. Amanhã público sobre os deuses. 

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Se quiser ler mais sobre as deusas, comece com “A Deusa Interior” de Woolger e Woolger. E indico um livro excelente e introdutório da Constelação Familiar: “A Própria Felicidade”, v 1, da Sophie Hellinger.

9 de mai. de 2020

138) A Mãe e as Deusas



FELIZ DIA DAS MÃES
10-05-2020


Se os arquétipos povoam o psiquismo, então cada criança percebe sua mãe com seus modelos interiores e pelas próprias ações dela.

A Mãe afinada com o arquétipo da Deméter é o paraíso: acolhe e ajuda a todos em seu coração generoso. Se cai em sua sombra, doa desmedidamente e fica rancorosa. Vive através dos filhos, para nunca ficar sozinha, e faz isso fingindo negar seu maior potencial: o amor. Crianças afinadas às deusas autônomas podem subestimar o que elas fazem.  Crianças de bem com a Deméter serão amorosas.

A Mãe Afrodite nos apresenta o mundo como um lugar vibrante, cheio de possibilidades. Na sombra, compete com as filhas e seduz seus filhos. Numa separação, os esquece por homens crianças. Filhos/as afinados com a Afrodite serão bem felizes!  Aqueles que esperam da mãe uma santa doadora, serão seus juízes mais ferozes.

A Mãe Artêmis é brincalhona, cheia de energia positiva. Muitas vezes assume as responsabilidades paternas, por abandono ou perda do cônjuge. Trabalha muito, dentro e fora de casa, estimula a vida saudável e luta por igualdade. Se cai na sombra, briga com os homens, ensina as filhas a não depender deles e os acha fracos. Filhos sintonizados com este arquétipo vão adorar a independência aprendida. Filhos com outras necessidades maternas sentirão solidão e medo.

A Mãe Athena é uma mentora. Podemos confiar nela para o que der e vier. Na sombra ela odiará ser “só” esposa, e fará os filhos acreditarem que atrapalharam a sua carreira. Um/a filho/a de bem com Athena se sente apoiado. Os mais desconfortáveis a acharão mandona e fria.

A Mãe Perséfone é carinhosa, profunda e compreensiva. Na sombra, tudo é culpa da mãe e do marido. Age como a irmã mais nova dos filhos e exige cuidados deles. O/a filho/a sintonizado com ela crescerá sábio, já os que não se afinam a acharão fraca.
A Mãe Hera é toda dos seus filhos, marido e trabalho. Na sombra, o reino do pai jamais encontra o reino dos filhos. Ela comanda e joga um contra o outro. Filhos sintonizados com Hera têm autoestima. Já os que a desafiaram terão problemas.

Afinados ou não com a nossa mãe, o arquétipo que a inspira não a torna uma deusa. Ela é a mãe certa e deu mais do que o suficiente para cada filho! Isso é um aforismo que realizamos já adultos, depois de fazer as pazes com a vida e tudo o que aconteceu.

Obrigada, mamãe! Te amo!




3 de mai. de 2020

137) A Má Consciência, onde tem a solução




Dá um nó na cabeça falar da Boa Consciência e da Má Consciência, onde há a solução, porque as associamos com boas e más ações. Esta descoberta do Bert Hellinger mostra a relação entre a necessidade de pertencer e a Consciência (estar de acordo ou não).

A consciência fica tranquila se pertencemos ao nosso grupo (família, religião, cultura, etc.). Para pertencer precisamos estar de acordo, repetir e até advogar a favor de ações, boas ou más, coerentes com os valores do nosso grupo. Muitas guerras, brigas de facebook e algoritmos lutam pela Boa Consciência de um grupo.

Da mesma forma, me sinto mal, entro na Má Consciência, se faço algo em desacordo com meu clã, colocando em risco meu pertencimento. Por exemplo: se na família um dos pais sofre a doença do alcoolismo, um filho promete nunca se casar com um alcoólico, mas aí se apaixona por uma pessoa com outro vício. A Boa Consciência o manteve nos trilhos do grupo familiar, independentemente de ser difícil.  Em outro grupo, é “normal” maltratar as mulheres. Se for mulher pode até tratar mal outas mulheres, como buscar relações pessoais e de trabalho onde será desconsiderada.

Um gatilho da Boa Consciência é alguém ou nós mesmos tentarmos nos tirar a força do nosso grupo: Se a mãe julga ou fala mal da família do pai ou vice-versa; se uma família adotiva despreza a origem da criança e quer transforma-la a ferro e fogo; se a gente despreza nossa origem, há algo em nós que nos faz ficar iguais ao que está sendo excluído ou negado.

A Má Consciência acontece quando se faz algo diferente dos mandatos do grupo. Ela é eficaz se é feita com respeito ao que aconteceu e se nos faz ficar mais fortes e amplos, incluindo mais. Por exemplo: busca-se um parceiro/a, independente das diretrizes inconscientes do nosso clã. Não é a parceira/o que vai se impor contra nosso grupo, mas a gente que tem que seguir nosso amor, sem desrespeitar o amor pela família original. Assim montamos uma nova família com o cônjuge, criando suas diretrizes.

Um bom casamento pode ser então a arena da Má Consciência, como o amor de Yoko e John. Vocês se lembram das fofocas falando que a Yoko acabou com os Beatles?  Será que cada um do grupo já não estava com vontade de novos horizontes diferentes daqueles que criaram juntos?

Da próxima vez que quiser algo, que talvez esteja em desacordo com teu grupo, tenha força para se sentir mal e sozinho por um tempo, até chegar à outra amplidão. Se você perder a sua força, talvez seja rebeldia. A rebeldia ainda é uma resposta pelo avesso aos mandatos do grupo, mantendo-o como guia. Ou se arrogando a transformá-lo, como se pudesse fazer isso. Ela não é um compromisso com teu caminho, como muitas vezes é uma ação boa para você, que não prejudica ninguém, mas que gera Má Consciência. Voltar à Boa Consciência faz parte do percurso. É neste equilíbrio que seguimos em frente.

603) O Mito de Aquiles na Série em Senna

  O Mito de Aquiles em Senna Mônica Clemente (Manika) Aquiles foi um famoso guerreiro da mitologia grega, sendo peça-chave na vitória da...