20 de nov. de 2018

80) O Pé de Acerola e as Imagens que Curam

Qual imagem te move... e qual te paralisa?


O inconsciente é feito de imagens, ou as imagens são feitas do inconsciente. Em qualquer um dos casos, a imagem de solução se revela em uma constelação Familiar, todos acertam os rumos de sua alma. Em grupo, todas as solução são tuas!

Vamos  vivenciar as Imagens que Curam no Seminário da Nova Constelação Familiar dos dias 22 a 24 de novembro de 2018 em Porto alegre e a psicóloga Adriane Amaral - a Arati - nos conta sobre isso neste vídeo inspirador:


15 de nov. de 2018

79) Depressão




A Depressão

Quando eu li pela primeira vez que a depressão, segundo as observações do Bert Hellinger nas Constelações Familiares, era, geralmente, a falta de um dos pais, eu não acreditei. Afinal esta sombra que puxa a gente para baixo de uma areia movediça psíquica parecia ser muito mais complexa do que isso. Eu, que nem sabia o quanto era complexo caminhar para os pais em algumas situações ou viver sem eles no coração.

Nesta época, a depressão ainda estava pequena em mim, mas ela me pegou para que eu, enfim, mergulhasse no que faltava. Durante anos eu tentei, em vão, me curar desta dor como se ela pudesse me deixar continuar errando. Então, meu analista me disse, em cinco minutos de entrevista, sem me conhecer, sem a gente saber se entraríamos em análise:

- O que você fez com o seu pai?

Eu não vou me alongar aqui para explicar que nascer da mãe e ficar em sua esfera durante anos não nos completa, apesar de ser vital. Nem vou explicar que caminhar para o pai é uma das nossas tarefas, com muitas barreiras e sem uma forma certa de fazer esta jornada.

Eu só vou me fixar no resultado de duas semanas de análise: minha depressão de anos acabou. Meu analista me deu a mão e me levou até o meu papai. Me fez ver como eu o desprezei, não o valorizei e o excluí do meu coração. Ele é e sempre foi um pai maravilhoso, mas eu nem via. Tomar a vida que veio dele e reconher o quanto ele me cuidava como meu pai, então, nem me passava pelo coração. 

Claro que houve obstáculos entre nós dois, como sempre há. E erros dele também, que eu nem lembro. Mas eu descobri que poderia criar um novo caminho até ele, sem precisar mais seguir pela estrada antiga que nos separava. 

Foi uma rua nova, florida, cheia de sinais para eu nunca mais me perder desta conexão. Quando eu descobri o pai que eu tinha, me senti abençoada. Era como aquelas histórias espirituais, quando o guru tira um véu dos nossos olhos e vivenciamos um pouco mais do extraordinário. Nunca mais eu senti depressão.

Tem pessoas que excluem a mãe e deprimem também. Suas vidas ficam paradas, sem saídas e pobres. Às vezes, esta exclusão é porque houve um afastamento de um dos pais muito cedo. A isso chamamos de movimento interrompido. Ele também tem cura: dar o primeiro passo, para dentro da dor, da raiva e do desespero, para a construção de uma nova avenida até o pai ou a mãe excluída do nosso coração.

Pode ser que o pai ou a mãe não correspondam à caminhada até eles, porque não podem. Estão mortos ou eles mesmo estão deprimidos, ou ainda cegos por um emaranhamento. Neste caso, você ainda pode tomar a vida que veio deles com amor, todo dia, até que se sinta preenchida ou preenchido. 

Mas lembre-se, a impossibilidade deles chegarem até você, se elas existirem, nunca será a expectativa do que eles deviam ser. 

Abra mão, então, das expectativas de como deve ser este encontro, porque é sempre melhor e sempre uma supresa. E ainda tem mais uma coisa, como disse a Mimansa[1]: “nunca é tarde e sempre é a primeira vez.”


[1] Erica Farni, ou Mimansa, é uma alemã residente no Brasil,  facilitadora de Constelação Familiar, Professora da Hellinger Schule que trouxe as Constelações para o Brasil. Ela acompanhou os grupos de Bert Hellinger na Alemanha por mais de 30 anos, quando a Constelação ainda estava nascendo.

2 de nov. de 2018

78) Portas Místicas para a Reconciliação



“No More Galaxies for Today, Timmy!" by Eugenia Loli

        Qualquer um de nós já foi ferido ou feriu alguém. É muito doloroso ser machucado e machucar outra pessoa sem encontrar uma saída. Dependendo da agressão feita (ou sofrida), podemos atrapalhar muito a vida de uma pessoa por gerações. Como lidar com a dor e a culpa? Como pedir ajuda ao perdão e à reconciliação?

        No século XX, na Índia teve um grande mestre de yoga, Shrii Shrii Anandamurti que recebeu um discípulo pedindo ajuda para salvar o seu filho de uma doença incurável. Este pai, rico, já havia levado o rapaz a vários hospitais de ponta no mundo inteiro. Bába, como era chamado Anandamurti, disse que o único médico que podia ajuda-lo morava em uma cidade pequenina nas redondezas.  Este clínico era um ancião, pobre, que ajudava muita gente. Ao ver o jovem, se compadeceu tanto pelo seu sofrimento e se afeiçoou tanto pelo rapaz, que fez de tudo para curá-lo.

        Depois de algum tempo, o pai muito agradecido voltou para o mestre  e perguntou o que realmente havia acontecido? Por que os outros médicos tinham falhado e ele não? Bába respondeu no estilo daquela sabedoria milenar:

        - Na última vida, seu filho foi patrão do pai deste velho médico. Em dado momento despediu o homem sem nenhuma razão ou compensação pelo trabalho dele. A família passou tanta fome que morreram muitos filhos e o próprio pai do médico, deixando ele ainda criança sob os cuidados de uma mãe despedaçada de dor. Sua revolta foi tão grande que até aquele momento alimentava muito ódio por aquele patrão. Quando o senhor chegou lá com o seu filho, que foi em outra vida o responsável por  tanta desgraça na família dele, os dois puderam ter outra chance. O sofrimento do seu menino despertou a compaixão e o amor do médico. A vontade de o rapaz melhorar fez com que o ódio do seu coração já tivesse sido o suficiente. E a culpa inconsciente do teu filho desde a outra vida pode olhar nos olhos de quem causou tanta dor. Por isso agora ele se curou, ele está bem.

Observamos nas constelações que se responsabilizar por uma ação que causou um dano a alguém não é se culpar ou até atrair uma doença, mas ser capaz de responder e confrontar o conflito para resolvê-lo.  Por exemplo, se olhamos para uma pessoa a quem causamos uma dor e pedirmos perdão, como se ela pudesse tirar de nós o peso das nossas ações, nossa culpa e a dívida com a vítima não vão diminuir.

Ao invés disso, se dissermos de coração (e sem intenções egoístas de sermos perdoados) "eu te causei aquela dor, sinto muito, prometo não fazer de novo e te cuido mais no futuro", assumimos nosso ato, entendemos que causamos uma dor, estamos sentidos com o ocorrido e ainda lançamos a perspectiva de uma ação que compense o dano causado. 

O que geralmente acontece, no entanto, é que muitas vezes a sensação de culpa não consegue mais olhar a vítima e quer se livrar deste sentimento projetando a culpa nos outros ou se punindo inconscientemente, com aquela doença do exemplo acima. 

E por que o perdão da vítima não resolve a culpa e nem diminui a dívida do agressor? Porque pretende tirar dele a possibilidade de se responsabilizar pela solução, que é a nova conduta que compensa o ato e nos leva além. O perdão sem a compensação não reconcilia. Tampouco alivia a vítima do fardo, porque impede o agressor de fazer o que lhe cabe. Como disse Hellinger: 

“o ato de perdoar não funciona como substituto para um confronto necessário. Com isso apenas se encobre e adia o conflito, em vez de resolvê-lo. Os efeitos do perdão são especialmente nocivos quando a vítima absolve o agressor de sua culpa, como se tivesse o direito de fazê-lo. Para que aconteça uma verdadeira reconciliação, a vítima tem não somente o direito, mas também o dever de exigir reparação e compensação e o culpado tem não apenas o dever de assumir as consequências de seus atos, mas também o direito de fazê-lo.” (Hellinger, 2011:22).

A vítima, em sua justa exigência, não deve virar um algoz pior do que seu agressor, se tornando um perseguidor implacável de quem lhe fez mal. Até o ódio justtificável daquele médico cedeu diante do sofrimento humano.

É o que acontece com algumas pessoas traídas, por exemplo, que passam anos da relação punindo seus parceiros/as pela dor que sofreram, mesmo que elas tenham tido a compensação com um “sinto muito” sincero e a promessa e ações concretas do parceiro/a de cuidar da relação com mais zelo e amor. 

Mas sabemos também que na maioria das vezes quem fere ou não assume seus atos ou assume mas não se compromete a compensar o que fez, ou acha que pedir desculpas sinceras é o suficiente. Não é.


        Bert Hellinger conta a história de um casal que buscou ajuda de um terapeuta. A moça havia abandonado o marido e queria voltar para a relação. Mas ela pediu isso sem nenhum compromisso. Sem oferecer nenhuma reparação. 

Ao saber pelo terapeuta que precisava fazer algo de verdade, refletiu, olhou para o parceiro e disse: “Sinto muito o mal que lhe fiz. Por favor, deixe-me ser de novo sua mulher. Eu o amarei, cuidarei de você e, no futuro, você poderá realmente confiar em mim.” (Hellinger, 2011: 22).

        O parceiro se manteve inabalável até o terapeuta confirmar que ele tinha sofrido muito. Só nesta hora ele chorou pela primeira vez. Então o conselheiro lhe disse: “Uma pessoa contra a qual foi cometido tanto mal sente-se no direito de rejeitá-la, como se não precisasse dela. Contudo, contra tal inocência o culpado não tem chances. ” (Hellinger, 2011: 23)

         Ao escutar isso, o homem sorriu para a sua esposa. Ele tinha sido pego em sua inocência imaculada, que não dava chances para mais nada. Se eles voltaram, não ficamos sabendo, mas tiveram uma chance de reconciliar como o médico e o doente.

         Assim, aprendemos que “existe um modo bom de perdoar que preserva a dignidade do culpado e a do agressor. Ele requer que a vítima não faça exigências exageradas e aceite a compensação e a reparação que lhe forem oferecidas pelo ofensor. Sem tal perdão, não existe reconciliação.” (Hellinger, 2011: 22).

Tem também aqueles que manipulam tudo isso que estamos falando. Eles não foram feridos, mas interpretam ou distorcem os atos de outras pessoas como se tivessem sido feridos e ficam perseguindo ou se fazendo de vítima inventando um inimigo. Ou ferem e chamam a vítima de louca, ou se justificam dizendo que tinham o direito de fazer o que bem quisessem. Com relação a estes comportamentos, não há muito o que fazer além de nos mantermos atentos e fortes.


A culpa, o perdão, a reconciliação, as verdadeiras vítimas e os algozes arrependidos aparecem na literatura ocidental desde a peça Oréstia de Ésquilo, escrita há mais de 2.500 anos. Tanto lá como agora, nem o “olho por olho”, nem o ato de perdoar sem um ato de reparação do algoz, equilibraram a balança. A justa e consciente compensação sim. E as portas das graças divinas, que colocaram o algoz doente sob a espada do médico, também!



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Hellinger, Bert. O Amor do Espírito. Goiânia: Atman, 2011


583) Quem Nunca Matou um Dragão Por Dia?

  Quem Nunca Matou um Dragão por Dia? Mônica Clemente (Manika)   @manika_constelandocomafonte Por que tanta devoção a um Santo rebaixado...