Sucesso em nossa vida
Bert Hellinger
Seminários da Hellinger Schule no mundo:
https://www2.hellinger.com/br/pagina/seminario/datas-dos-seminarios-e-registro-para-seminarios/
Tradução Manika
Ilustração de Bábara Lavalle
para o Livro "Mamãe, você me ama?" de Bárbara M. Joose
O texto a seguir é de autoria do Bert
Hellinger e está disponível no site da HELLINGERSCHULE em inglês no link
acima, é só clicar nele que você será direcionado/a para o artigo.
O Nascimento
O primeiro e decisivo sucesso em nossa vida
é o nascimento.
O seu êxito
se dá melhor e mais consistentemente quando empurramos o caminho para a luz com
o nosso próprio esforço, sem intervenção externa. Aqui tivemos que provar a
nossa capacidade de ser assertivos
e nos afirmar. Este sucesso
continua a nos apoiar ao longo da vida. A partir desta experiência ganhamos mais
tarde a força para nos afirmarmos com sucesso.
Eu já consegui ir tão longe? O que essa
conquista tem a ver com o sucesso profissional? Será mesmo que o nosso sucesso
na vida mais tarde depende deste primeiro sucesso? Como as pessoas que vieram
ao mundo através da cesariana, ou foram puxadas para a vida com um fórceps se
comportam mais tarde? Ou se elas vieram muito cedo e, em seguida, tiveram que passar semanas ou mesmo meses em uma
incubadora? Como agem em relação à autoconfiança e à assertividade? Claro que
os efeitos destas experiências iniciais podem ser ultrapassados posteriormente,
ao menos parcialmente. E nós também podemos ganhar forças especiais com elas mais
tarde, como acontece com qualquer dificuldade ou fardo. Ainda assim, estes
eventos apresentam limitações e se transformam em desafios capazes de serem
superados por nós uma vez que suas raízes sejam compreendidas. Desta forma,
podemos ser capazes de compensar o que foi perdido, ou mesmo recuperá-lo de
alguma outra forma, muitas vezes com a ajuda de outros.
Ir ao encontro e tomar a nossa mãe
O próximo evento decisivo e o próximo
sucesso é o movimento em direção à nossa mãe,
agora como contrapartida a nos oferecer o seu peito e a nos alimentar. Ganhamos
a vida dela novamente com o seu leite, desta vez do lado de fora. Qual é a qualidade do sucesso aqui que nos prepara para os futuros sucessos,
tanto na vida como no trabalho? Ao tomar a mãe como a fonte de nossa vida, com
tudo o que flui através dela para nós, tomamos nossa própria existência; na
medida em que tomamos a nossa mãe, aceitamos nossa vida como um todo. Este
tomar é ativo. Precisamos sugar para seu leite fluir. Precisamos chamar para
que ela venha. Precisamos nos alegrar com o que ela nos dá e mostrar isso ao
mundo. Através dela nos tornamos mais
ricos.
Mais tarde na vida vemos que aqueles
que tiveram sucesso pleno tomaram sua mãe exatamente assim, e tornaram-se
felizes e vitoriosos. Em geral, como nos relacionamos com a nossa mãe é como
nos relacionamos com a vida, incluindo aí a vida profissional. Se nós
rejeitamos a nossa mãe, nós também rejeitamos a vida e o trabalho. E, na mesma
medida, trabalho e a vida nos rejeitam. Seguindo este mesmo movimento, as
pessoas felizes em relação à sua mãe amam o trabalho e a vida. E assim como sua
mãe dá a elas cada vez mais, à medida que dela tomam com amor, com a mesma
intensidade, sua vida e seu trabalho dar-lhes-ão sucesso.
Aqueles que têm reservas sobre suas
mães, também têm reservas sobre a vida e a felicidade. Assim como suas mães se
retiram deles como resultado de suas reservas e da rejeição, a vida e o sucesso
se retiram também.
Onde nosso sucesso começa? Ele começa
com a nossa mãe.
Como o sucesso chega a nós? Quando
nossa mãe é bem-vinda e quando a honramos como nossa mãe, o sucesso chega.
O movimento em direção a nossa mãe
Para muitas pessoas há algumas
vivências na tenra idade que bloqueiam o caminho para a mãe. Elas experimentam
uma separação prematura de suas progenitoras, por exemplo. Talvez tenham sido
esquecidas por algum tempo, ou suas mães estavam doentes, ou a própria criança
estava doente e sua mãe não tinha permissão de visitá-la. Este tipo de vivência,
doravante, resulta em uma mudança profunda em nossos sentimentos e
comportamento. Através da dor da separação e do sentimento de estar perdido sem
a mãe, o desespero de não ser capaz de estar com ela, ela, a quem precisamos
tanto, uma decisão é tomada e diz, por exemplo: “Eu desisto”, “Eu permaneço sozinho”,
“Eu mantenho distância dela”, ou “Eu fico longe dela”. Mais tarde, quando é
permitido a esta criança que vá até sua
mãe, ela ou ele frequentemente se mantém distante. Esta criança pode não deixar
sua mãe tocá-la novamente; ela se fecha para a mãe e para o amor. A mãe espera
em vão e quando tenta chegar mais perto, para pegar seu filho em seus braços, a
criança mantém a rejeição interna, e, frequentemente, também expressa seu
repúdio.
As consequências do movimento interrompido em direção à mãe
A interrupção prematura do movimento em
direção à mãe têm amplas consequências em nossas vidas e no sucesso ao longo da
existência. Quando, mais tarde, uma criança com este tipo de experiência quer
ir até alguém, para um parceiro, por exemplo, o corpo se lembra do trauma da separação
na tenra idade. Então ela para o movimento. Ao invés de seguir seu movimento,
espera que o outro se aproxime. Geralmente quando o outro vem, ela tem problemas
para tolerar a proximidade. Rejeita de uma ou outra maneira o parceiro, ao
invés de acolher alegremente esta pessoa. Isto causa sofrimento, mas ainda
assim só consegue se abrir para o outro com reservas, se não em tudo, e por
pouco tempo.
Estas pessoas tem a mesma experiência
com seus próprios filhos. Frequentemente terão problemas em tolerar a
proximidade deles. Qual é a solução? Ultrapassa-se este trauma onde ele se
origina. Geralmente, atrás de praticamente todo o trauma existe um situação
onde um movimento é necessário, mas é impossível, e ao invés de seguirmos, nós
nos mantemos parados, congelados no tempo. Como este trauma, esta
“petrificação”, pode ser resolvida? O trauma se resolve em nosso sentimento e em
nossa memória, quando ao invés do medo, nós retornamos à situação dolorosa e
fazemos o que outrora era impossível.
Nós entramos no movimento interrompido
e nos movemos além do que andamos anteriormente. O que isto significa em
relação à interrupção prematura em direção à nossa mãe? Nós voltamos para
dentro daquela situação como fora anos atrás, nos tornamos aquela criança
naqueles dias e olhamos para a nossa mãe como fizemos.
Mesmo que a dor, a frustração e raiva brotem
novamente dentro de nós, tomamos um pequeno passo em direção a ela - com amor. Fazemos
uma pausa, olhamos em seus olhos, e esperamos a coragem e a força para dar o
próximo pequeno passo.
Novamente paramos, sentimos e
conscientemente reconhecemos nossos sentimentos, agora podemos suportá-los com
amor por nós mesmos e por nossa mãe. Então, bravamente damos mais um pequeno
passo, e de novo, lentamente, um passo após o outro até estarmos nos braços de
nossa mãe, abrindo mão de toda resistência, nos entregando ao seu corpo,
abraçando-a bem apertado no segredo de sua presença, de volta, finalmente,
juntos no amor que temos por ela e nunca nos deixou ou a ela, sentindo o amor
de mãe que também nunca nos abandonou: eu com ela novamente. Mais tarde
testamos, aqui também como a primeira vez em um movimento interior, se
poderíamos ter sucesso neste movimento em direção ao nosso amado parceiro ou
amada companheira. Nós olhamos nos olhos dele ou dela e, em vez de esperar que
venha a nós, tomamos o primeiro pequeno passo para ele ou ela interiormente. Depois de um tempo, quando
tivermos angariado a segurança necessária, levamos o outro pé à frente. Assim,
lentamente, por meio de pequenos passos, ganhamos confiança, pé ante pé seguindo
adiante até, finalmente, envolvermos o amado em nossos braços e os dele nos tomando,
e, num abraço envolvente nós nos apoiamos facilitando esta realização. Continue
ainda o movimento em direção a outra pessoa, deixando corpo e alma se encontrarem
cada vez mais profundamente e permanecendo assim, em felicidade, por um logo
tempo.
O Movimento em direção ao Sucesso
Uma interrupção precoce no movimento em
direção à nossa mãe revela-se, posteriormente, como um obstáculo decisivo para
o nosso sucesso no trabalho, na nossa profissão, em nossos empreendimentos.
Aqui, também, é muito importante que caminhemos em direção ao sucesso ao invés
de esperar que ele venha até nós. Um bom exemplo é quando esperamos o retorno
sem termos nos esforçado e conquistado o que corresponde a nossas expectativas,
ou quando insistimos para que outros façam o trabalho ao invés de nós mesmos
nos entregarmos para ele, ou quando nos escondemos ao invés de alegremente
irmos em direção às pessoas e ao trabalho. Todo sucesso tem o rosto da nossa mãe.
Aqui, também, nós praticamos isso com
um movimento interior para o nosso sucesso, com outras pessoas, em nossa vontade de conseguir
algo para elas, preparados para atendê-los, ao invés de hesitar, permanecendo
parados e esperando que se movam. Vamos em direção a eles, vamos para o nosso
sucesso, passo a passo - e em cada etapa, sentimos nossa mãe carinhosamente
atrás de nós. Na proximidade com ela, estamos muito bem equipados para o nosso
sucesso e nós chegamos lá, assim como, anteriormente, conseguimos nos reunir
com ela. Em primeiro lugar, nos movemos
até ela - e agora para o nosso sucesso.
Gentilmente se vire para os outros
Virar-se para alguém gentilmente é um
movimento que começa em nosso coração. Ele vem facilmente, uma vez que se teve sucesso
no movimento em direção à nossa mãe. Mas o que acontece se algo estiver em nosso
caminho até ela ou se o movimento foi interrompido no início da vida? Como
consequência, em vez de virarmos para os outros e para nós mesmos com amor e
respeito, nos afastamos de nós mesmos e dos outros. Afastar-se interna e externamente
passa a ser o nosso movimento básico em nossas relações, incluindo a nossa
relação com o sucesso. Como o afastar-se pode se transformar no movimento de se virar
gentilmente em direção a alguém ou à alguma coisa, à nosso vida, ao nosso
sucesso e nossa felicidade?
Eu sugiro um exercício para isso. Com esta ajuda, você poderá
perceber os movimentos internos do seu corpo, primeiramente o afastar-se;
depois você pode se voltar em direção a algo num movimento mais abrangente.
Aqui segue o exercício em detalhes:
1.
Sentamos com a coluna ereta na beira de
uma cadeira e os pés no chão. Respiramos profundamente, com a boca e o nariz. Mantemos
os olhos abertos e repetimos esta respiração duas vezes. Depois nós fechamos os
olhos e respiramos normalmente. Nossas mãos repousam sobre as nossas coxas com
as palmas viradas para baixo.
2.
Lentamente estendemos nossos braços
para frente, mais e mais, como se fossemos alcançar alguém. Permanecemos
sentados sem inclinar o tronco, sentindo como nossa coluna fica mais em pé à
medida que estendemos mais e mais nossos braços. Em nossa mente, nós tentamos
alcançar nossa mãe.
3.
Permanecendo nesta posição, nós nos
conscientizamos quantas vezes em nossa vida, de diferentes formas, nós nos
afastamos dos outros, ao invés de irmos em direção a eles. Ficamos nesta
posição, mesmo que seja difícil para nós neste momento. Movemos nossos braços e
nossas mãos abertas para frente ainda mais, enquanto permanecemos com a coluna
ereta.
4.
Lenta e gentilmente abrimos os olhos.
Sem nos mexermos, nossos olhos percebem o ambiente como um todo. Voltamo-nos
para isso, para frente, para cada lado, até para trás.
5.
Nós também abrimos nossos ouvidos para
o ambiente. De forma ampla, prontos e dispostos a ouvir tudo e qualquer coisa
que os outros querem que saibamos, e juntos experimentamos a nós mesmos virando para nossa
mãe e para as muitas outras pessoas com amor e confiança, em harmonia com
todos.
6. Respiramos mais três vezes
profundamente. Como? Primeiro expiramos, e então inspiramos e expiramos as três
vezes. Permanecemos sentados com a coluna ereta, ligeiramente inclinada para
frente.
7. De repente sentimos uma conexão
diferenciada com muitas pessoas, nossos olhos estão mais abertos e
brilhantes. Nossos ouvidos também se
abrem para elas, e sentimos que nos viramos em direção a elas de forma
diferente, e também para aqueles com quem estamos conectados pela profissão e
pelos negócios.
8.
O que acontece com nosso sucesso agora?
Ele nos mantém esperando? O que acontece com a nossa alegria e felicidade? Elas
se viram para nós, como nossa mãe.