Final
de abril e durante as duas primeiras semanas de maio de 2013, diversas pessoas de
diferentes países foram ao encontro condensado promovido pela Hellinger Schule com Bert e Sophie Hellinger em Bad
Reichenhall, uma cidade paradisíaca ao sul da Alemanha.
Bad Reichenhall, Baviera
Além de ter águas que curam, diversos produtos feitos de sal da montanha, e o chocolate do Mozart (o compositor era de Salzburg, mas preferia tomar seu chá no café da Reber Chocolate), havia as roscas...
Não se passaram nem 4
meses do seminário “Mãe” em Munique (Também distrito da Baviera), e estávamos lá de novo nos aprofundando em
outras dimensões do Campo que se abre nas Constelações Familiares.
Uma das
grandes incentivadoras e promotoras dos contatos recentes de Bert e Sophie com o Brasil, a comunicadora e consteladora Simone Arrojo (Gratidão!), disse
que percebeu um grande aprofundamento das dimensões nas constelações desde o último ano: Entrevista com Simone Arrojo
Outra diferença
é a Nova Constelação Familiar, chamada “Constelação Familiar Medial”. Na
verdade, Hellinger continua subindo a montanha em suas pesquisas fenomenológicas diante das relações
humanas e, agora com Sophie, desvendou outras dimensões e atitudes diante do Campo Espiritual que se apresenta.
Eles definem o Medial a partir da compreensão de que "o eternamento vivo que segue em frente é um movimento divino dentro do ser humano. Ao nos deixarmos sermos levados, novas portas e novos planos que se abrem nos deixaram vislumbrar o que significa "ser humano" em toda sua dimensão", portanto, para eles, MEDIAL é o "deixar ser guiado a partir do centro para o "Novo e Desconhecido"" (Hellinger, Bert e Hellinger Sophie, 2013)
Nesta nova
postura, pelo que eu entendi, há algumas propostas inovadoras já latentes desde o princípio. Destaco duas:
1) o “Nós” - o que contra-efetua o ego, o eu, é o Nós, o estar junto. Aquela
parte que muitas vezes vai contra os movimentos de amor, da alma, desembocando
em doenças, caminhos tortuosos, fracassos sucessivos, mas que serve à primeira
consciência que nos mantêm pertencendo ao grupo se desvanece diante do “todos juntos”.
Não há mais o bem e o mal, o inocente e o pecador. Estamos juntos sendo movidos
por algo que nos ultrapassa, nos escapa e ao final nos une.
Como se relacionar com este movimento em uníssono, mas a
serviço da vida e não contra ela? Acredito ser esta a questão norteadora do trabalho das constelações.
A resposta é: juntos, sem excluir ninguém. Mas isso já estava em todo o
trabalho desde sempre, o diferencial é que este Campo Uníssono tem se
apresentado mais pungentemente por meio da Constelação Medial.
2) E esta é a
outra “inovação”, o Medial ou mediúnico - esta competência humana de ser um
canal, uma mediação entre dois pontos, não pertence apenas às escolas
espíritas, religiões africanas, ou ao xamanismo. Hellinger, durante o Training
Camp nos conduziu ao centro, ao escuro, onde não sabemos e não tememos nada. Lá permanecemos abertos e afastados até o Campo nos oferecer algo como, quem vai constelar, qual a palavra ou frase reveladora etc.
Algumas
constelações foram assim: sentávamos ao lado dele, fechávamos os olhos e, de repente, nos era oferecida uma frase ou palavra. Esta “senha” revelada "medialmente" por Hellinger era repetida pelo constelando, atingindo uma
fechadura, um ponto ... (de mutação?). Um novo mundo se abria. Podia ser a
inclusão de ancestrais, o tomar o pai, o fim de uma situação, o não para a morte “encomendada”, o sim
para a vida, o “Eu fico vivo/a”, ou o “eu vou em direção à luz para além da
culpa, onde estamos todos juntos”...
Não só na
fechadura do constelando cabia a chave recebida, mas em quase todos que
assistiam. Por isso, todos estão sendo constelados quando se abre o Campo. Como eu
mesma recebi uma destas aberturas em forma de palavra e gesto em minha
constelação, fiquei surpresa com a precisão do mestre.
Não
recebemos apenas frases ou palavras “lasers”, constelações transdimensionais,
vivências surpreendentes, sorrisos transbordantes e amigos para sempre, fomos presenteados
generosamente durante 13 dias de curso, entre o Seminário “Pai”, “Training
Camp”, Seminário só para “Homens” e “Curso de Energia I e II”.
Seguirei abrindo estes presentes até o último dia da minha vida e espero
poder compartilhar com muita gente, como forma de gratidão. Um deles tem sido
meu companheiro desde a minha volta: “Pisar com cuidado e
humildade em cima dos mortos”
Em
cima de quantos mortos andamos? Quantos morreram para que outros vivessem? Digo,
quantos morreram em obras gigantescas usufruídas por milhares, em guerras, em
irmãos abortados que não cabiam no orçamento familiar ou de uma nação, em partos
trágicos, em guerreiros banidos e mulheres “adulteradas”? Quantos já se foram e
deixaram sua obra para a nossa vida ficar melhor? E quantos cometeram
atrocidades para nos mostrar que vítima e algoz são movidos pela mesma força? (Testemunhamos nas constelações que não
adianta a indignação contra os vilões, senão o estarmos juntos, o nós numa dimensão uníssona
para aplacar a dor gerada entre o algoz e a vítima).
Neste
sentido, faço uma digressão aqui sobre Judas. Sophie nos pergunta, no dia da
páscoa Russa, 5/5/2013: Que grandeza tem a alma de Judas para fazer parte da
história de Jesus, de ter sido escolhido para ser o traidor de um dos homens
mais amados do planeta? A história de Jesus seria a mesma sem ele? Neste sentido, o que significa ressurreição?
Pisar
com respeito sobre os mortos é também reverenciar o Mistério que levou tantos
a causar dor, porque eles também são movidos por aquilo que aciona os “homens e mulheres de bem”.
Não se está justificando a ação contra a vida, mas não se pode excluir nem isso
se se quer a solução para a dor dilacerante.
Caminhar
com os pés inteiros pela vida, mas com respeito, tem sido meu treinamento desde
então, porque ela, tenho visto, pisa delicadamente sobre os que se foram e esperam uma nova dança...
Como disse a consteladora Claudia Brito - o retorno dos bravos e gentis aventureiros - último dia em Bad Reichenhall com amigos inesquecíveis.