Saúde Persecutória é um termo cunhado por Luis David Castiel e Carlos Dardet, autores do livro (maravilhoso) de mesmo nome.
É quando a gente coloca no paciente a culpa das suas doenças, ou a responsabilidade total por sua saúde descartando a dimensão pública que perpassa qualquer indivíduo. E o fato de que as evidências científicas ainda não conseguem dar conta de muita coisa, principalmente acompanhar o tempo “lento” das coisas humanas.
Tanto as explicações da galera alternativa (da qual faço parte) que fica falando “teve tal doença porque sente raiva e mágoa. Se conseguisse perdoar... e blábláblá”, como as evidências científicas que descobrem os vírus, mas esquecem as condições ambientais, sociais e econômicas que os possibilitam, ou que falam dos diversos riscos à saúde sem levar em consideração a multidimensão humana, são focadas em perseguir (persecutório) a pessoa que fica doente e todo cuidado à saúde, como a Santa Inquisição, esquecendo a importância da nossa pequenez diante de tudo o que nos acontece.
É verdade que temos responsabilidades, mas é verdade também que não estamos sozinhos ou separados do ambiente, natural ou poluído. E que sabemos tão pouco, mesmo tendo facebook.
Não é justo culpar nossos pais ou filhos, ou perseguir amigos ou vizinhos porque não comem direito, ou fumaram a vida inteira. Será que realmente ajuda darmos dicas de como perdoar para curar tal doença?
Cuidar exige mais do que conhecimento e menos certezas.