Artigos de Mônica Clemente (Manika) baseados em pesquisas e oficinas nas áreas da Educação, Saúde e Espiritualidade por meio do Yoga, Brincadeiras, Mitologias e Constelação Familiar (Familienstellen): Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PICS), criada por Bert Hellinger e, posteriormente, junto a Sophie Hellinger. São dinâmicas de grupo e individuais fundamentadas na fenomenologia, com enfoque em soluções para as relações familiares e humanas, educação, saúde, negócios, direito.
Este é meu presente de 2018 para você! Que veio dos presentes que ganhei do Bert e Sophie Hellinger e dos Docentes da Hellinger Schule: O que você ganha com a Constelação Familiar?
Foto do 1 Congresso Internacional DNA da Constelação Familiar - 6 - 9 de dezembro de 2018
Último dia - da esquerda para direita: Foto do Bert Hellinger com a Sophie Hellinger,
Angelica Olvera, Gerhard Walper, Wolfgang Deusser, Joel Weser, Renato Bertate,
Sami Storch, Cristina Llaguno, Thomas Wittig e falta a Mimansa nesta foto.
Introdução - Crescer
Prabhat Ranjan Sarkar disse que há três formas de expansão espiritual:
experiências que tiram a gente da normalidade (como viagens e posturas de yoga invertidas, por exemplo), vontade de crescer e a dor. Na
Constelação Familiar testemunhamos estas três esferas de crescimento. A dor à serviço da
evolução e da paz. A experiência no velho e no novo e a vontade de crescer.
DNA das Constelações: Vontade e Possibilidades
Só quem não
aguenta mais a dor está pronto para a sua constelação. Só quem quer mudar de
fato uma situação pode aguentar um novo passo. Não é se livrar de algo, é
querer mesmo transformar a dor em benção. E isto exige esforço e paciência. Sem
esta força interior, que aguarda o novo passo, a pessoa não tem a seiva
necessária para encontrar ou lidar com uma solução de um problema ou uma dor.
Às vezes é
mais fácil continuar muito magoado com a mãe ou o pai, já que isso pode ser
usado como uma boa desculpa para os nossos fracassos, do que assumir a
responsabilidade de encontrar outra maneira de lidar com o que aconteceu e com
eles. Repetimos o mesmo itinerário de dor em relação a eles recebendo a mesma
resposta, mas esperando que algo saia diferente. Nem pensamos em tentar outro
caminho.
A nossa
vida costuma travar em diversas áreas para nos ajudar a querer a solução que
antes negávamos. De repente, paramos de achar culpados pelas nossas desventuras
e ficamos adultos, de frente para o nosso destino. Não quer dizer que os pais
não erraram, quer dizer que nós podemos fazer um pouco diferente. Por exemplo,
reconhecendo que eles acertaram muito ao nos trazer para esta vida.
Esta foi
uma das dicas preciosas da Sophie
Hellinger de como as constelações são selecionadas em seminários. E,
além dela, outros aprendizados transformadores foram vivenciados no 1º
Congresso Internacional da Hellinger Schule aqui no Brasil, a
escola de Constelação Familiar Original, dos criadores da Constelação Familiar
Bert E Sophie Hellinger.
Sophie Hellinger em uma Constelação de Casal transformadora
Qual é o DNA da Constelação Familiar? Nos perguntava Sophie.
- Algumas
heranças chegam pelo DNA dos pais, mas temos muito mais possibilidades de fazer
um pouco diferente do que herdamos. Como podemos, então, fazer isso?
Esta era a
questão chave dos seminários durante o congresso. Como acessamos estas novas possibilidades, este DNA da Constelação Familiar?
Gerhard Walper e Daniela Migliari
Como as constelações familiares revelam as dinâmicas ocultas das relações de casais?
Quando olhamos com amor não há culpa
O pedagogo e psicoterapeuta Gerhard Walper
abriu o evento e nossos corações tirando da culpa o foco das adversidades.
Quando olhamos com o amor todo abrangente para uma situação
não há mais lugar para a culpa pessoal.
E este olhar revela,
por exemplo, que há vícios que buscam o pai que não pode ser incluído: ordem oculta do Amor – todos pertencem.
Há problemas em empresas porque os fundadores não são respeitados: ordem do amor - hierarquia. Há relações
de casal nas quais espera-se do parceiro o que nem foi pedido. Só um bebê
espera da mãe o que ainda não se sabe pedir. Dos pais ganhamos muito mais do
que podemos dar para eles, nas parcerias trocamos de igual para igual
comunicando claramente, e sem jogos, o que precisamos: ordem do amor – dar e receber. Há problemas de saúde com o sintoma
apontando a estrada de amor fechada, aguardo ali uma solução ainda não
encontrada por gerações, etc.
Quem olha com este amor abrangente não pode
culpar mais nada. Todos no Congresso pareciam ter entrado em sintonia com o
Bert Hellinger, criador das Constelações, por meio do Gerhard. Foi com este
olhar e a postura fenomenológica (sem medo, teorias, pena ou intenção) que
Hellinger criou as constelações e revelou como atuam as ordens ocultas do amor.
Tomar a vida que veio dos pais e seu impacto em nossa realidade
Depois veio outro docente da Hellinger
Sciencia, tão maravilhoso como o Gerhard, o Wolfagang Deusser mostrando que
flutuamos no mundo quando não tomamos a vida dos pais. Plainamos até as instituições
religiosas ou caminhos espirituais, por exemplo, que nos fazem sentir melhores do
que a nossa família até estas organizações se tornarem a mesma prisão da qual queríamos
fugir. Quando não tomamos nossos pais exatamente como são, julgando-os, nos aprisionamos
em algo. Ao contrário, quando aceitamos nossas origens, as raízes se fortalecem
e fazem a sua função: deixam a vida mais nutrida e estável.
Isto ficou
visível no palco do Hakka, local do evento, quando a pessoa que representava a vida
atrás dos representantes de um pai e uma mãe, ficava fraca quando a pessoa negava sua origem e ia buscar algo “maior” que os pais para se apoiar. E a
representante da vida ficava forte quando esta pessoa, também um representante
escolhido no público, se voltava e honrava a família de onde veio.
Wolfagand Deusser, Daniela Migliari e Matthias Bronk na tradução.
As diversas dinâmicas na formação de uma família e as constelações familiares
O Salto Quântico: da repetição ao universo de novas possibilidades À tarde tivemos mais presentes dados pela
Sophie Hellinger. Um deles foi pedir para a queridaJanine Ferro Lôbo (psicóloga) colocar uma
música para nos animar depois do almoço. O corpo precisa estar inteiro e o
sorriso também se queremos fazer um salto quântico. E foi assim que a Sophie nos levou até o
DNA das constelações, este universo de novas possibilidades. E o que são estas
possibilidades?
Na prática foram
as constelações, meditações, ensinamentos e pequenos exercícios sistêmicos, mas ficou escancarado quando a Sophie e a Angélica Olvera, saltaram universos na nossa frente.
- Angélica, o que é quântico?
Perguntava Sophie.
- Quântico é
um espaço muito, muito, muito pequeno (e a Angélica é bem pequena), que cabe
muita, muita, muita informação (E a Angélica sabe muito). Quando estamos em paz
podemos acessar este espaço quântico com novas informações, que são mistérios.
(é mais sofisticado do que isso, mas é o que eu pude entender)
- Então a
Constelação Familiar pode nos levar para esta experiência quântica, Angélica?
- Sim! Veja
bem: você, você, você, você... subam ao palco. Todos eles são o passado desta
pessoa. Em cada uma há muitas informações que se conectam umas com as outras.
Este passado é espelhado no futuro. Suba ao palco você, você, você, você... que
são o Futuro, com estas mesmas informações que vem do passado.
Então este futuro é o espelho do mesmo campo de informações do passado e nós
estamos entre um e outro.
- O futuro é o
espelho do passado?
- Sim, aqui
sim. Mas quando estas informações do passado ficam em paz, abre-se uma outra janela
de possibilidades. Você aí na plateia, você aí na plateia, você aí na
plateia... todos vocês na plateia são outras possibilidades que não sabemos
como são. Sim, a Constelação Familiar é quântica porque quando o passado fica
em paz abre-se uma infinidade de possibilidades misteriosas. Não sabemos como
ela é, mas ficam disponíveis.
Angelica e Sophie mostrando as diversas possibilidades!
Nesta hora
eu já não queria mais saber do passado, nem do futuro espelhado, só olhava para
o desconhecido, me dando um frio na espinha ao mesmo tempo um alento: tudo pode
ser diferente. Há muitas possibilidades!
Angélica
continuava:
- Mas isto
dá medo! O novo dá medo e um pouco de solidão.
Quem
tem medo do novo?
Uma moça corajosa falou:
- Eu sempre
atraio homens que não estão disponíveis.
E a Sophie respondeu mais ou menos assim:
- Ela
repete isso todo dia! Há quanto tempo? É uma crença que ganhou raízes nela e
que a deixa num espaço seguro. É muito difícil para você
aguentar um homem 24 horas, não é? É melhor acreditar que só consegue homens
indisponíveis do que ver que não aguenta um homem tanto tempo?
E eu pensava, é o passado e o futuro dela. E quais são as minhas crenças
passados que trago para o meu futuro?
Quantos
discos interiores arranhados temos? “Tenho o dedo podre para
homens/mulheres”, “Não atraio dinheiro”, “Sempre perco tudo o que ganho”,
“Quero ser merecedor/a de afeto”, que quer dizer que a pessoa pensa 24 horas
por dia que não é merecedor de nada, etc. etc.
Evento do Facebook criado por Thamiriz Liz . O Humor liberta Também!
Reparem na data - muito 2 para dar sorte nas parcerias :)
Quando fizermos as pazes com o que de fato está por trás destas crenças, quantas possibilidades misteriosas de futuro teremos? A Ampliação do Olhar na solução de Conflitos
Joel Weser, o docente que nos alinha no
corpo para este futuro de possibilidades aparece! Com ele vivenciamos o que acontece quando há conflitos.
Duas
pessoas no palco apontavam os dedos uma para outra, como acontece em um embate.
Ele dizia mais ou menos isso:
- Ele acha que
o problema é ela. Ela acha que é ele. Agora
ampliem o olhar!
E com os dedos
o Joel tocava a testa para logo em seguida abrir os braços ao longo da
amplitude do espaço.
- Ampliem o
olhar.
Ele dizia.
- O que ele coloca nela que é dele e o que ela
coloca nele que é dela? De onde vem isso? Ampliem o olhar! O que ele nega
tanto, com um imenso não, que ela estimula nele e vice-versa?
Foi aí que
todos nós, em duplas, viramos aquilo que a outra pessoa mais negava, ou odiava,
ou a aprisionava. Seguramos com força a pessoa, que com mais força ainda nos
negava. Ficávamos mais fortes. Agora estas pessoas diziam sim, internamente,
para a situação que ela repudiava e, incrivelmente, perdíamos a força e a
soltávamos.
Joel Weser, Daniela Migliari e Matthias Bronk
Presença e Postura para ver o que não era visível, por exemplo, no encontro com o parceiro.
A reconciliação na justiça Na conferência de Direito Sistêmico –
Constelação Familiar aplicada na justiça - com o juiz Sami Storch e a advogava e
psicóloga Cristina Llaguno o tema dos conflitos foram abordados novamente.
Sami, pioneiro do Direito Sistêmico no Brasil, nos mostrou como um advogado que não
está reconciliado com um dos pais pode tomar partido em uma separação de seus
clientes, ou como uma sede de vingança na família pode fazer outro causídico
buscar vingança em todas as suas causas.
E
não é só no direito que estes passados viram futuros. Um psicólogo pode
querer salvar a mãe em todos os pacientes ou se salvar neles, roubando toda a
energia daquele de quem pensa cuida. Um professor, que se acha melhor do que a mãe
que não estudou, pode se sentir melhor do que os pais das crianças que ele
ensina. Um atleta de esporte de risco pode estar olhando para a morte, como um
suicida ou alguém morto na família que está excluído. Um empresário pode
destruir seu patrimônio porque está fiel às dificuldades de sobrevivência de
seus ancestrais, ou porque o seu dinheiro veio da perda de muitos, etc.
Então a inspiradora Cristina Llaguno, usando o exemplo de Joel
Weser, mostra como o conflito aparece num tribunal.
Joel Weser, um participante e o Matthias Bronk
- Aqui estão
dois clientes. Vocês se enfrentem empurrando cada um o ombro do outro. Como o
Joel mostrou esta manhã. Fiquem assim, nesta tensão. Cruzados sobre vocês, estão
os advogados deles que se empurram também, numa tensão cruzada, formando uma
cruz de conflitos. Quando nenhum destes conflitos encontra uma solução, porque
projetam em cada um algo que ainda não integraram em si, por exemplo, a tensão cairá
sobre o Juiz que é empurrado – os quatro começam a forçar o Juiz – contra a
parede.
Como um juiz
ou um terapeuta não deixa uma situação escalar eles forçando-os a tomar uma
decisão que pode piorar o embate? Como um advogado não piora uma situação? Constelação Familiar para solucionar um caso de Alienação Parental
Nesta hora
fizeram uma constelação de um pai que não podia acessar seu filho. A mãe estava
em litígio contra ele há 10 anos. Ele por sua vez, acabou fazendo direito para lutar contra a alienação e não enxergava como a luta que travou com a ex-esposa rachava o garoto ao meio. Durante a constelação este pai machucado falou para a alienadora, com sinceridade e
algumas vezes:
- Eu reconheço
você. Eu amo você em nosso filho. Você tem um lugar. Eu te amei muito...
A raiva deu lugar ao choro, que deu lugar ao amor, que deu lugar à ex-esposa, que deu lugar ao filho. Com o tempo, vimos a pessoa que representava a mãe deixar o representante do menino abraçar o seu pai, com um sorriso! Um dos dois, depois de 10 anos de dor, resolveu ser o primeiro a acessar aquele amor que os uniu até seu filho. Ele desistiu da guerra e queria trazer a paz novamente. Ele deixou as armas de lado, parou de culpá-la e não esperou que ela o reconhecesse. Este papai deu o primeiro passo sem esperar mais nada, por amor à criança.
Mas quando estas situações não encontram
solução, podem até virar doença.
Das Enfermidades ao Reencontro
Renato Bertate, médico e facilitador de
constelação, mostrou a finalidade de alguns sintomas. Muitos deles
atravessando gerações e esperando uma solução. Por exemplo, uma alergia pode ser a repulsa por alguém que espera ser reintegrado. As doenças dos filhos podem ser a brigas dos pais que não encontram reconciliação. Nada disso é culpa dos pais ou da pessoa que rejeita a outra, mas o amor exigindo que amplie-se sua circunferência para incluir mais. E assim vermos as dinâmicas ocultas por trás dos sintomas e enfermidades, aguardando um novo passo. As Ordens do Sucesso
Ele também
esteve falando da saúde das empresas com o Gerhard
e o Thomas Wittig nas Constelações Organizacionais. Os três docentes se
revezavam generosamente para mostrar as ordens que garantem o sucesso numa empresa, por
exemplo. Nas Constelações Familiares, o Bert Hellinger é o grande criador e
reconheceu diversas vezes o avanço que a constelação teve com a sua esposa
Sophie ao lado dele. O Gerhard é o docente mais antigo na Hellinger Schule na Alemanha e foi o
professor do Thomas. E a Mimansa trouxe a Constelação ao Brasil e foi a
professora do Renato.
No saber
específico de empresas o Thomas tem precedência e na medicina o Renato tem
precedência, embora todos reconheçam que sem o Bert, a Sophie e os docentes não
poderiam aplicar a constelação em suas competências. Se esta hierarquia é
respeitada o movimento pode seguir em frente: o
mestre Bert Hellinger e Sophie como os criadores, o docente Gerhard e Mimansa preparando
outros facilitadores e o Thomas liderando as constelações organizacionais e o
Renato a saúde.
Thomas Wittig e Daniela Migliari
Constelações Familiares e as Empresas
Como os emaranhamentos familiares aparecem nas organizações, por exemplo?
E ainda houve mais e mais presentes:
“Depois de cada regime se ganha 5 quilos a mais do que se perdeu. A renúncia não traz a solução” – Sophie Hellinger sobre os regimes.
- O que faço para não desistir? Perguntou um participante para o Joel Weser:
“- Aceite a Resistência!”
“Sorria para ela.” Sophie nos conduzia a sorrir para algo que quem usa óculos não quer ver. E nos deu uma movimento do Cosmic Power para a solução daquele encontro tão ansiado e temido.
No último dia o Bert Hellinger enviou uma carta de presente para todos nós além de podermos escutar alguns trechos de sua autobiografia. Nelas escutávamos a melodia de sua escrita, uma nave para outras dimensões de possibilidades. Era uma chuva de bençãos! Se quiser receber este presente de sabedoria, só clicar no título acima. Aprendemos também um pouco mais de reconhecimento, gratidão e a deixar as coisas em ordem,quando ele disse que havia passado a Hellinger Schule aos cuidados e liderança de Sophie Hellinger, para que a sua obra pudesse seguir em frente. Reconheceu o quanto isso exigia dela. O grande esforço para manter a Ciência dos princípios da vida e das relações humanas – a Hellinger Sciencia crescendo e podendo chegarcada vez mais à mais pessoas. Ele agradecia a generosidade da vida que lhe permitia tanto tempo: seu aniversário de 93 anos era logo em seguida do congresso. E agradecia ter podido fazer tanto, como se olhasse para orquestrador de todos aqueles passos, sem perder a sua autoria.
Ao final, todos estavam em silêncio e um facho quente de luz saía pelas minhas mãos. Onde eu tocasse, algum sintoma podia ser aliviado. Nunca havia sentido aquilo com tanta força. Mais um presente, mais uma possibilidade não imaginada.
Hellinger Schule para tod@s! Estas
vivências, conseguir a paz em sua alma, transformar um bloqueio em uma oportunidade,
conhecer as ordens ocultas do amor e do sucesso, as ordens da ajuda, os
círculos de amor e as consciências pessoal, coletiva e espiritual estão a sua
disposição na Hellinger Schule na Alemanha e aqui no Brasil. Esta é a escola da
Constelação Familiar Original, a Fonte das constelações. Junto à Innovare, aqui no Brasil, você pode se formar em constelação familiar e suas aplicações ou frequentar os cursos como um percurso pessoal de crescimento. É para
todos aqueles que querem ser mais felizes e ver seu entorno ficando mais feliz
também.
O inconsciente é feito de imagens, ou as imagens são feitas do inconsciente. Em qualquer um dos casos, a imagem de solução se revela em uma constelação Familiar, todos acertam os rumos de sua alma. Em grupo, todas as solução são tuas!
Vamos vivenciar as Imagens que Curam no Seminário da Nova Constelação Familiar dos dias 22 a 24 de novembro de 2018 em Porto alegre e a psicóloga Adriane Amaral - a Arati - nos conta sobre isso neste vídeo inspirador:
Quando eu li pela primeira vez que a
depressão, segundo as observações do Bert Hellinger nas Constelações
Familiares, era, geralmente, a falta de um dos pais, eu não acreditei. Afinal
esta sombra que puxa a gente para baixo de uma areia movediça psíquica parecia
ser muito mais complexa do que isso. Eu, que nem sabia o quanto era complexo caminhar
para os pais em algumas situações ou viver sem eles no coração.
Nesta época, a depressão ainda estava
pequena em mim, mas ela me pegou para que eu, enfim, mergulhasse no que faltava.
Durante anos eu tentei, em vão, me curar desta dor como se ela pudesse me deixar
continuar errando. Então, meu analista me disse, em cinco minutos de entrevista,
sem me conhecer, sem a gente saber se entraríamos em análise:
- O que você fez com o seu pai?
Eu não vou me alongar aqui para
explicar que nascer da mãe e ficar em sua esfera durante anos não nos completa,
apesar de ser vital. Nem vou explicar que caminhar para o pai é uma das nossas
tarefas, com muitas barreiras e sem uma forma certa de fazer esta jornada.
Eu só vou me fixar no resultado de duas semanas de análise: minha depressão de anos acabou. Meu analista me deu a mão e
me levou até o meu papai. Me fez ver como eu o desprezei, não o valorizei e o
excluí do meu coração. Ele é e sempre foi um pai maravilhoso, mas eu nem via.
Tomar a vida que veio dele e reconher o quanto ele me cuidava como meu pai, então, nem me passava pelo coração.
Claro que houve obstáculos entre nós
dois, como sempre há. E erros dele também, que eu nem lembro. Mas eu descobri que poderia criar um
novo caminho até ele, sem precisar mais seguir pela estrada antiga que nos separava.
Foi uma rua nova,
florida, cheia de sinais para eu nunca mais me perder desta conexão. Quando eu
descobri o pai que eu tinha, me senti abençoada. Era como aquelas histórias espirituais,
quando o guru tira um véu dos nossos olhos e vivenciamos um pouco mais do
extraordinário. Nunca mais eu senti depressão.
Tem pessoas que excluem a mãe e
deprimem também. Suas vidas ficam paradas, sem saídas e pobres. Às vezes, esta
exclusão é porque houve um afastamento de um dos pais muito cedo. A isso
chamamos de movimento interrompido. Ele também tem cura: dar o primeiro passo,
para dentro da dor, da raiva e do desespero, para a construção de uma nova
avenida até o pai ou a mãe excluída do nosso coração.
Pode ser que o pai ou a mãe não correspondam à caminhada até eles, porque não podem. Estão mortos ou eles mesmo estão
deprimidos, ou ainda cegos por um emaranhamento. Neste caso, você ainda pode
tomar a vida que veio deles com amor, todo dia, até que se sinta preenchida ou preenchido.
Mas lembre-se, a impossibilidade deles chegarem até você, se elas existirem, nunca será a expectativa do que eles deviam ser.
Abra mão, então, das expectativas de como
deve ser este encontro, porque é sempre melhor e sempre uma supresa. E ainda tem mais uma coisa, como disse a Mimansa[1]:
“nunca é tarde e sempre é a primeira vez.”
[1]
Erica Farni, ou Mimansa, é uma alemã residente no Brasil, facilitadora de Constelação Familiar,
Professora da Hellinger Schule que trouxe as Constelações para o Brasil. Ela
acompanhou os grupos de Bert Hellinger na Alemanha por mais de 30 anos, quando a
Constelação ainda estava nascendo.
“No More Galaxies for Today, Timmy!" by Eugenia Loli
Qualquer um de nós já foi ferido ou
feriu alguém. É muito doloroso ser machucado e machucar outra pessoa sem encontrar uma saída. Dependendo
da agressão feita (ou sofrida), podemos atrapalhar muito a vida de uma pessoa por
gerações. Como lidar com a dor e a culpa? Como pedir ajuda ao perdão e à
reconciliação?
No século XX, na Índia teve um grande mestre de yoga,
Shrii Shrii Anandamurti que recebeu um discípulo pedindo ajuda para salvar o seu
filho de uma doença incurável. Este pai, rico, já havia levado o rapaz a vários hospitais de ponta no mundo inteiro. Bába, como era chamado Anandamurti,
disse que o único médico que podia ajuda-lo morava em uma cidade pequenina nas redondezas. Este clínico era um ancião, pobre, que ajudava muita gente. Ao ver o jovem, se
compadeceu tanto pelo seu sofrimento e se afeiçoou tanto pelo rapaz, que fez de tudo para curá-lo.
Depois de algum tempo, o pai muito agradecido voltou para o mestre e perguntou o
que realmente havia acontecido? Por que os outros médicos tinham falhado e ele
não? Bába respondeu no estilo daquela sabedoria milenar:
- Na última vida, seu filho foi patrão
do pai deste velho médico. Em dado momento despediu o homem sem nenhuma razão ou compensação pelo trabalho dele. A família passou tanta fome que morreram muitos
filhos e o próprio pai do médico, deixando ele ainda criança sob os cuidados de uma mãe despedaçada de dor. Sua revolta foi tão grande que até aquele momento alimentava muito ódio por aquele patrão. Quando o senhor chegou lá com o seu filho, que foi em outra vida o responsável por tanta desgraça na família dele, os dois puderam ter outra chance. O sofrimento do seu menino despertou a compaixão e o amor do médico. A vontade de o rapaz
melhorar fez com que o ódio do seu coração já tivesse sido o suficiente. E a
culpa inconsciente do teu filho desde a outra vida pode olhar nos olhos de quem causou
tanta dor. Por isso agora ele se curou, ele está bem.
Observamos
nas constelações que se responsabilizar por uma ação que causou um dano a
alguém não é se culpar ou até atrair uma doença, mas ser capaz de responder e confrontar o conflito para
resolvê-lo. Por exemplo, se olhamos para uma pessoa a quem causamos uma dor e
pedirmos perdão, como se ela pudesse tirar de nós o peso das nossas ações,
nossa culpa e a dívida com a vítima não vão diminuir.
Ao
invés disso, se dissermos de coração (e sem intenções egoístas de sermos
perdoados) "eu te causei aquela dor, sinto muito, prometo não
fazer de novo e te cuido mais no futuro", assumimos nosso ato,
entendemos que causamos uma dor, estamos sentidos com o ocorrido e ainda
lançamos a perspectiva de uma ação que compense o dano causado.
O
que geralmente acontece, no entanto, é que muitas vezes a sensação de culpa não
consegue mais olhar a vítima e quer se livrar deste sentimento projetando a
culpa nos outros ou se punindo inconscientemente, com aquela doença do exemplo acima.
E
por que o perdão da vítima não resolve a culpa e nem diminui a dívida do agressor? Porque pretende tirar dele a possibilidade de se responsabilizar
pela solução, que é a nova conduta que compensa o ato e nos leva além. O perdão sem a
compensação não reconcilia. Tampouco alivia a vítima do fardo, porque impede o
agressor de fazer o que lhe cabe. Como disse Hellinger:
“o
ato de perdoar não funciona como substituto para um confronto necessário. Com
isso apenas se encobre e adia o conflito, em vez de resolvê-lo. Os efeitos do
perdão são especialmente nocivos quando a vítima absolve o agressor de sua
culpa, como se tivesse o direito de fazê-lo. Para que aconteça uma verdadeira
reconciliação, a vítima tem não somente o direito, mas também o dever de exigir
reparação e compensação e o culpado tem não apenas o dever de assumir as
consequências de seus atos, mas também o direito de fazê-lo.” (Hellinger, 2011:22).
A vítima,
em sua justa exigência, não deve virar um algoz pior do que seu agressor, se
tornando um perseguidor implacável de quem lhe fez mal. Até o ódio justtificável daquele médico cedeu diante do sofrimento humano. É o que acontece com algumas
pessoas traídas, por exemplo, que passam anos da relação punindo seus
parceiros/as pela dor que sofreram, mesmo que elas tenham tido a compensação com um “sinto muito” sincero e a promessa e ações concretas do parceiro/a de
cuidar da relação com mais zelo e amor. Mas sabemos também que na maioria das vezes quem fere ou não
assume seus atos ou assume mas não se compromete a compensar o que fez, ou acha que
pedir desculpas sinceras é o suficiente. Não é.
Bert
Hellinger conta a história de um casal que buscou ajuda de um terapeuta. A moça
havia abandonado o marido e queria voltar para a relação. Mas ela pediu isso
sem nenhum compromisso. Sem oferecer nenhuma reparação.
Ao saber
pelo terapeuta que precisava fazer algo de verdade, refletiu, olhou para o
parceiro e disse: “Sinto muito o mal que lhe fiz. Por favor, deixe-me ser de
novo sua mulher. Eu o amarei, cuidarei de você e, no futuro, você poderá
realmente confiar em mim.” (Hellinger, 2011: 22).
O
parceiro se manteve inabalável até o terapeuta confirmar que ele tinha sofrido
muito. Só nesta hora ele chorou pela primeira vez. Então o conselheiro lhe
disse: “Uma pessoa contra a qual foi cometido tanto mal sente-se no direito de
rejeitá-la, como se não precisasse dela. Contudo, contra tal inocência o
culpado não tem chances. ” (Hellinger, 2011: 23)
Ao escutar isso, o homem sorriu para a
sua esposa. Ele tinha sido pego em sua inocência imaculada, que não dava
chances para mais nada. Se eles voltaram, não ficamos sabendo, mas tiveram uma
chance de reconciliar como o médico e o doente.
Assim, aprendemos que “existe
um modo bom de perdoar que preserva a dignidade do culpado e a do agressor. Ele
requer que a vítima não faça exigências exageradas e aceite a compensação e a
reparação que lhe forem oferecidas pelo ofensor. Sem tal perdão, não existe
reconciliação.” (Hellinger, 2011: 22).
Tem também
aqueles que manipulam tudo isso que estamos falando. Eles não foram feridos, mas
interpretam ou distorcem os atos de outras pessoas como se tivessem sido feridos
e ficam perseguindo ou se fazendo de vítima inventando um inimigo. Ou ferem e chamam
a vítima de louca, ou se justificam dizendo que tinham o direito de fazer o que
bem quisessem. Com relação a estes comportamentos, não há muito o que fazer
além de nos mantermos atentos e fortes.
A culpa, o
perdão, a reconciliação, as verdadeiras vítimas e os algozes arrependidos aparecem na literatura ocidental desde a peça
Oréstia de Ésquilo, escrita há mais de 2.500 anos. Tanto lá como agora, nem o “olho
por olho”, nem o ato de perdoar sem um ato de reparação do algoz, equilibraram a balança. A justa e consciente compensação sim. E as portas das graças divinas, que colocaram o algoz doente sob a espada do médico, também!
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Hellinger, Bert. O Amor
do Espírito. Goiânia: Atman, 2011