3 de jul. de 2013

28) A Swastika, as 4 funções Psíquicas e o Centro


O centro é a síntese,
ou algo que ultrapassa
 nos colapsando em nova configuração, em novos estados de inteireza? 



Para refletir sobre esta questão me apoiarei no signo da Cruz, especificamente na swastika que propõe em suas hélices o movimento de liberação, nas 4 funções psíquicas observadas por Jung e no Centramento proposto por Bert Hellinger.

 A cruz tem 4 pontas, duas direções e um encontro entre eles, o seu centro. A respiração também tem 4 movimentos (inspira, pausa cheia, expira, pausa vazia), duas direções e um centro.


A Cruz mais antiga conhecida na cultura humana é a swastika, encontrada na civilização do Vale do Indo . Ela tem em seus 4 braços outros traços para além dos eixos vertical e horizontal. Neles pode-se ler a ideia de movimento. Interpreto que, se somos também atravessados por verticalidades e horizontalidades e estamos vivos, em circulação, em movimento como as hélices da swastika,  nós rodopiamos não só pelo incessante escoamento da vida, mas pela possibilidade de chegarmos ao centro, ao Sol interior, à liberação.


Segundo Jung, o Símbolo da Cruz, imagem arquetípica, não importa suas variações, tem relação estreita com a árvore da vida, escada, ponte entre a Terra e o Céu, portanto, a mãe (Silveira, 2006: 131). 


Não é nela que o Corpo e o Espírito por meio do pai, se unem no/a filho/a?

Ah, se em sonhos uma escada te derruba em desfiladeiros...

Que ideia de mãe transforma a cruz em local de coroas de espinhos e pregações, de sacrifício de filho para espiar a culpa do mundo?

Que ideia de mãe transforma a cruz em símbolo de guerra e genocídios?

Quando deixaremos a  MÃE EM PAZ?...


O vertical e o horizontal constituem a adaga com suas polaridades irreconciliáveis como o dia e a noite, bem e mal, vida e morte, masculino e feminino e estes, ao se ultrapassarem se encontram em seu centro. Não acredito, porém, como alguns dizem, que estes opostos entram em síntese no ponto médio. Tenho experimentado, quando “faço estrelas”, que o aprumado e o deitado se expandem pelos seus quatro cantos, mas também se encontram em algo que os extrapola, em seu centro. A superação dos contrários neste centro tensionada pela expansão polarizada dos 4 ventos,  movimenta, e este movimento aprofunda nosso âmago assim como nos alarga.

Bert Hellinger ressalta sucessivamente o centro como instância orientadora da vida e dos que estão como Consteladores numa dinâmica. No centro, como diz ele, sentimos leveza. Vemos de longe com mais amplitude. Neste lugar nuclear não nos orientamos só pela intuição, nem pela clareza do pensamento e sua incrível capacidade de discriminação do que é essencial. Também não é só a potente sensação corporal que nos faz parentes de todo ser encarnado, nem as estimativas emocionais que afloram do centro que nos orienta. São todas estas funções a mercê do Último.


Hellinger não relaciona o centro com o símbolo arquetípico da cruz nem com as 4 funções psíquicas de Jung que introduzirei abaixo (ele chega aí "subindo a montanha" - algo a apreender durante anos), mas tenho percebido algum parentesco entre a minha experiência como Consteladora e estes signos e os estudos do analista das profundezas. 


AS 4 FUNÇÕES PSÍQUICAS SEGUNDO JUNG


As 4 funções psíquicas com o Pensamento de Função Principal e a Intuição de Função Auxiliar. 
Este esquema muda para cada pessoa.


     Jung observou empiricamente que havia 4 maneiras da consciência se adaptar ao mundo,  de reconhece-lo e de se orientar nele:

· 2 funções racionais (Pensamento e Sentimento, capazes de fazer julgamentos cada um a sua maneira).

· 2 funções irracionais (Intuição e Sensação, que reconhecem o mundo pelo inconsciente ou pela precisão com que registram suas impressões nos órgãos sensoriais, respectivamente).

A função pensamento, ele observou, se opõe ao sentimento e a função intuição polariza com a sensação. Estas 4 estratégias de adaptação ao mundo estão presentes em todos nós, sendo que uma delas acaba se destacando e é aprimorada. Ela se torna a função principal, a primeira a “atacar” o mundo e “falar sobre ele”. A segunda função mais desenvolvida auxilia a primeira, enquanto a terceira, por estar polarizada com a função auxiliar ainda está consciente, mas não é tão trabalhada quanto as duas primeiras. A quarta função, oposta à função principal está mergulhada no inconsciente e é por ela que se pode ter acesso à dimensões onde ocorre a cura, ou, se muito dissociada, é por onde se perpetua as neuroses. Esta última é chamada de função inferior, porque está inconsciente e não se desenvolveu como as outras.

Estas 4 funções, como observou Jung, podem ter 2 atitudes:

·  Introvertida – quando a pessoa se sente muito afetada pelo objeto, “fugindo” para o mundo interior e desencadeando um processo inconsciente de busca deste objeto.

·  Extrovertida – quando a libido busca o objeto “desconsiderando” as dimensões internas, mas há uma reação secreta no sujeito sob o efeito daquele objeto  (Von Franz, 1990: 11).

Esta tipologia em cruz, em “4 pontos cardeais”, foi pesquisada observando como cada paciente se adaptava ao mundo. Não se tinha a pretensão de encerrá-los nestas polaridades, até porque todas elas estão a nossa disposição, mas tinha o objetivo de ressaltar suas formas de acomodação ao mundo e como ajuda-los a partir de sua força, função principal e da sua abertura ao inconsciente (função inferior).

Nas constelações esta observação não é necessária, até porque toda a ação está em relação ao sistema e não só ao indivíduo. Porém, como consteladora, percebo que estas funções, em cada ponto da cruz, se encontram e se ultrapassam no meu centro quando deixo atuar sobre mim o movimento presente. Nenhuma delas me acomoda ao mundo, ao mesmo tempo em que estão lá a serviço da vida, sendo organizadas por algo que me escapa, mas atua.

Não só intuo, ou só penso, percebo ou sinto, eu me centro e deixo algo atuar.

De qualquer maneira é muito interessante a pesquisa do Jung para entendermos as diferentes aproximações que fazemos com o mundo. Assim, com o intuito de engrossar o caldo de aceitação da diferença recortei e colei abaixo as características principais de cada um destes tipos. Estes recortes foram retirados do livro “A Tipologia de Jung” de Marie-Louise Von Franz, 1990. 







Os 4 tipos Racionais
  1. Pensamento Extrovertido
  2. Pensamento Introvertido
  3. Sentimento Extrovertido
  4. Sentimento Introvertido


OS 4 tipos Irracionais

  1. Intuição Extrovertida
  2. Intuição Introvertida
  3. Sensação ou Percepção Extrovertida
  4. Sensação Introvertida



Os 4 tipos Racionais

TIPO PENSAMENTO EXTROVERTIDO que tem como função inferior (inconsciente) o sentimento introvertido:  


“(...) organizadores, pessoas de altas funções e cargos governamentais, de importância nos negócios, nas leis, e entre cientistas. (...) Eles põem ordem clara nas situações exteriores. (...)Se se perguntar a ele sobre a sua atitude subjetiva ou sobre as suas ideias a respeito de determinado assunto, ele vai se perder, porque não está voltado para essa área da vida e desconhece por completo qualquer motivo pessoal. (...) O sentimento é muito forte, mas não flui na direção do objeto. É quase como estar apaixonado por si mesmo. Naturalmente, essa espécie de amor é muito mal entendida e tais pessoas são consideradas muito frias. Mas elas não o são; o sentimento está todo interiorizado. (...) O sentimento introvertido escondido do tipo pensamento extrovertido cria fortes lealdades imperceptíveis. Tais pessoas estão entre os amigos mais devotados, embora possam se comunicar apenas no Natal. São absolutamente fiéis ao seu sentimento, mas o outro tem de aproximar-se dele para conhecer a sua existência. (...) Enquanto o tipo pensativo extrovertido ama profundamente a sua mulher, mas diz como Rilke "Eu a amo, mas não é da sua conta", o sentimento do tipo pensativo introvertido se vincula com objetos externos. Ele dirá, portanto, no estilo de Rilke "Eu a amo e isso será da sua conta. Eu farei que seja". (...)  (...)” (Von Franz, 1990: 41 – 43).

TIPO PENSAMENTO INTROVERTIDO que tem como função inferior (inconsciente) o sentimento extrovertido:

“ A principal atividade desse tipo não é tanto estabelecer ordem nos objetos exteriores; está mais ligada com as ideias. Pertence ao tipo pensativo introvertido alguém que diria que não se parte dos fatos, mas, primeiramente, se esclarecem as ideias. O seu desejo de ordenar a vida se exterioriza pela ideia de que, se alguém começar errado, jamais chegará a lugar algum. (...) Toda a filosofia está preocupada com os processos lógicos da mente humana, com a construção de ideias. Esse é o domínio em que o pensamento introvertido mais atua. (...)  O sentimento do tipo pensativo introvertido é extrovertido. Ele tem a mesma espécie de sentimento forte, leal e caloroso descrito como típico do tipo pensativo extrovertido, com a diferença de que o sentimento do tipo pensativo introvertido flui na direção de objetos definidos. (...) Muito facilmente o seu sentimento pode ser envenenado por outras pessoas e pela atmosfera coletiva. O sentimento inferior de ambos os tipos pensativos é pegajoso e o tipo pensativo extrovertido tem uma espécie de lealdade imperceptível que pode durar eternamente. O mesmo se aplica ao sentimento extrovertido do tipo pensativo introvertido, mas de maneira perceptível. Ele se dedicará inteiramente ao outro, mas o seu amor será primitivo (...)” (Von Franz, 1990: 43-44).

TIPO SENTIMENTO EXTROVERTIDO que tem como função inferior (inconsciente) o pensamento introvertido:

“(...) a sua principal adaptação é conduzida por uma adequada avaliação dos objetos exteriores e por uma relação apropriada com eles. Por essa razão, esse tipo fará amizades muito facilmente, terá poucas ilusões sobre as pessoas, mas será capaz de avaliar os seus lados positivos e negativos de maneira adequada. São pessoas bem ajustadas, muito razoáveis, que se envolvem amavelmente com o mundo, conseguem o que querem muito facilmente e também conseguem, de alguma forma, levar todos a lhes darem o que elas querem. Elas suavizam o ambiente tão maravilhosamente que a vida transcorre com muita facilidade. Esse tipo é muito frequentemente encontrado entre mulheres que de maneira geral têm uma vida familiar muito feliz, entre muitos amigos. (...) As pessoas do tipo sentimental extrovertido levam os que estão à sua volta a se sentirem maravilhosos e, em meio a isso, circulam alegremente e criam um ambiente social agradável. (...) O Tipo sentimental extrovertido não gosta de pensar, porque essa é a sua função inferior e do que ele menos gosta é do pensamento introvertido — pensar sobre princípios filosóficos, abstrações ou questões básicas da vida. Essas questões mais profundas são cuidadosamente evitadas e eles consideram que pensar sobre tais problemas é entregar-se à melancolia. O ponto difícil é que pensam sobre tais coisas, mas não estão cientes disso e, como é negligenciado, o seu pensamento tende a tornar-se negativo e rude. Geralmente este consiste em julgamentos grosseiros e primitivos, sem a mais leve diferenciação, e, muitas vezes, de tom negativo. Percebi também no tipo sentimental extrovertido pensamentos muito negativos e críticos a respeito de pessoas que o rodeiam. (...) O efeito disso é que o tipo sentimental extrovertido naturalmente odeia estar sozinho - momento em que tais pensamentos negativos podem surgir. Então, assim que percebe um ou dois desses pensamentos, ele rapidamente liga o rádio ou corre para fora para encontrar outras pessoas. Ele jamais tem tempo para pensar! Mas organiza cuidadosamente sua vida dessa forma (...)” (Von Franz, 1990: 46-47).

TIPO SENTIMENTO INTROVERTIDO que tem como a função inferior (inconsciente) o pensamento extrovertido:

Este tipo tem “ (...) a característica de se adaptar à vida, especialmente através do sentimento, porém de maneira introvertida. É um tipo muito difícil de ser entendido. Jung, nos Psychological Types, afirma que a expressão "as águas paradas correm no fundo" se aplica a esse tipo. Pessoas desse tipo têm uma escala altamente diferenciada de valores, mas não os expressam exteriormente; são afetadas por eles no íntimo. É frequente achar-se o tipo sentimental introvertido nos bastidores de acontecimentos importantes e valiosos, como se o seu sentimento introvertido lhes tivesse dito "o importante está aqui". Com uma espécie de lealdade silenciosa e sem nenhuma explicação, eles surgem em lugares onde valiosos e importantes fatos interiores, constelações arquetípicas, são encontrados. Exercem também uma secreta influência positiva à sua volta, estabelecendo padrões. Os outros os observam e, embora não digam nada porque são muito introvertidos para se expressarem muito, eles estabelecem padrões. Assim, por exemplo, o tipo sentimental introvertido muito frequentemente forma a base ética de um grupo: Sem irritar os outros com a pregação de preceitos morais ou éticos, ele próprio tem padrões éticos tão corretos que emanam secretamente uma influência positiva sobre aqueles que estão à sua volta; as pessoas têm de se comportar corretamente porque o tipo sentimental introvertido possui a espécie correta de padrão de valores, o que, sugestivamente, sempre força as pessoas a serem decentes se eles estão presentes. (...) O pensamento desse tipo é extrovertido. Em chocante contraste com a sua aparência externa impassível e silenciosa, essas pessoas geralmente se interessam por um grande número de fatos exteriores. A sua personalidade consciente não se movimenta muito. Elas tendem a se acomodar. Mas o seu pensamento extrovertido vagueia sobre uma imensa série de fatos externos. Se querem usar o seu pensamento extrovertido de maneira criativa, elas têm a dificuldade costumeira dos extrovertidos de se afligirem pelo excesso de material, de referências e de fatos, razão por que o seu pensamento extrovertido inferior algumas vezes se perde num pantanal de detalhes, não conseguindo mais encontrar a saída. A inferioridade do seu pensamento extrovertido muito frequentemente se expressa numa monomania; na realidade, eles têm apenas um ou dois pensamentos a partir dos quais produzem uma enorme quantidade de material (...)” (Von Franz, 1990: 49-50).


Os 4 tipos Irracionais

TIPO INTUITIVO EXTROVERTIDO que tem como função inferior (inconsciente) a sensação extrovertida:

“A intuição é uma função através da qual nós imaginamos possibilidades. (...) Essas são as possibilidades futuras, os germes do que pode vir a acontecer. A intuição é, portanto, a capacidade de intuir o que ainda não é visível, possibilidades futuras ou potencialidades ainda não realizadas. O tipo intuitivo extrovertido aplica essa capacidade ao mundo exterior e, consequentemente, alcançará um nível muito alto em perceber futuros desenvolvimentos exteriores ao seu redor. Tais tipos são com muita frequência encontrados entre homens de negócios. São empresários que têm a audácia de produzir e comercializar novas invenções. Encontramo-los entre jornalistas e, muitas vezes, entre editores: eles sabem o que será popular no ano que vem. Apresentarão algo que ainda não está na moda, mas que em breve estará: eles serão os primeiros a pô-lo no mercado. Os corretores de valores também têm uma certa habilidade em prever a alta de determinada ação, se o mercado estará em alta ou em baixa, e ganham dinheiro a partir disso. (...) Eles estarão sempre na frente. É geralmente o artista criativo que gera o futuro. Uma civilização que não tem pessoas criativas está destinada à ruína. (...) Para funcionar, a intuição precisa olhar as coisas de longe ou de modo vago, a fim de captar um certo pressentimento vindo do inconsciente, semicerrar os olhos e não olhar os fatos muito de perto. Se se olhar com muita precisão para as coisas, o foco serão os fatos e o pressentimento não surgirá. É por isso que os intuitivos tendem a ser imprecisos e vagos. A desvantagem de ter a intuição como função principal é que o tipo intuitivo semeia, mas raramente colhe. (...) O intuitivo extrovertido tende a não cuidar do seu corpo e das suas necessidades físicas: ele simplesmente não sabe ou não percebe quando está cansado. É preciso um esgotamento para mostrar-lhe o seu estado. Ele também não percebe quando está com fome. (...) A sensação inferior, como todas as funções inferiores, é em tais pessoas lenta, pesada e carregada de emoção. (...) Pode-se observar muito claramente que, mesmo que a função inferior apareça externamente, num cavalo, por exemplo, há nela, é claro, um significado simbólico. Cuidar do cavalo (...) é cuidar do próprio lado físico e instintivo: o cavalo (...) a primeira personificação do inconsciente coletivo impessoal. É importante para um tipo intuitivo fazer isso concreta e muito lentamente, não exclamando de pronto: "Oh, o cavalo é um símbolo do inconsciente", etc. Ele deve ater-se ao cavalo real e cuidar dele apesar de saber que é um símbolo” (Von Franz, 1990 – 34-35).

TIPO INTUITIVO INTROVERTIDO que tem como a função inferior (inconsciente) sensação extrovertida:

“ O tipo intuitivo introvertido tem a mesma capacidade do intuitivo extrovertido no sentido de pressentir o futuro, fazendo as conjeturas ou as premonições certas sobre as possibilidades futuras, ainda não vistas, de uma situação. Contudo, a sua intuição é voltada para dentro e ele é primariamente o tipo do profeta religioso, o tipo do vidente. Num nível primitivo, ele é o xamã que sabe o que os deuses, os espectros e os espíritos ancestrais estão planejando e que transmite as suas mensagens à tribo. Na linguagem psicológica, poderíamos dizer que ele conhece os lentos processos que ocorrem no inconsciente coletivo, as mudanças arquetípicas, e que os comunica à sociedade. (...) O povo em geral não gostava de ouvir essas mensagens. Há muitos intuitivos introvertidos entre os artistas e poetas. Geralmente são artistas que produzem um material bem arquetípico e fantástico tais como os de Thus Spake Zarathustra, de Nietzsche, de The Golen, de Gustav Meyrick, e de The Other Side, de Kubin. Essa espécie de arte visionária geralmente só é entendida pelas gerações posteriores como representação do que ocorria no inconsciente coletivo da época. (...) A sensação inferior desse tipo tem também dificuldades em perceber as necessidades do corpo e em controlar os seus apetites. (...) O intuitivo introvertido, da mesma forma que o intuitivo extrovertido, sofre de tremenda imprecisão no tocante a fatos. (...) O intuitivo introvertido frequentemente é tão inconsciente no que diz respeito a fatos externos que os seus relatos têm de ser tratados com o maior cuidado. Assim, embora não minta conscientemente, ele pode contar as mais espantosas mentiras simplesmente porque não percebe o que está bem à sua frente (...) (Von Franz, 1990: 38-9).


TIPO SENSAÇÃO (Perceptivo) EXTROVERTIDA que tem como função inferior (inconsciente) a intuição introvertida:

“O tipo perceptivo extrovertido é representado por alguém cujo dom e função especializada é sentir e relacionar-se com os objetos externos de uma forma concreta e prática. Esses indivíduos observam todas as coisas, cheiram tudo e, ao entrarem num ambiente, percebem quase que imediatamente quantas pessoas estão presentes. Além disso, eles notam se a sra. fulano de tal estava lá e o que estava vestindo. Se se fizer essa indagação a um intuitivo, ele dirá que não percebeu e que não tem a mínima ideia a respeito da sua roupa. O tipo perceptivo é um mestre em perceber detalhes. (...) É por isso que esse tipo é encontrado entre bons montanhistas, engenheiros e homens de negócio, que têm uma imensa e exata consciência da realidade externa em todas as suas diferenciações. Esse tipo percebe a textura das coisas (...). A intuição também está completamente ausente, sendo para ele o reino das loucas fantasias. O tipo perceptivo extrovertido chama todas as coisas que se aproximam da intuição de "fantasia doida", imaginação completamente idiota, algo que não tem nada que ver com a realidade. Ele pode até não gostar do pensamento, pois, se for muito unilateral, considerará que pensar é entrar no abstrato em lugar de ater-se aos fatos. (...) Para esse tipo, todas as coisas que possam representar um pressentimento ou uma adivinhação aparecem sob forma desagradável. Se tal pessoa tiver intuições, estas serão de natureza suspeita e grotesca. (...) O que esse tipo de pessoa intui é comumente uma expressão do seu problema pessoal. Outro aspecto da intuição inferior do tipo sensação extrovertido é uma repentina atração por antroposofia ou por alguma outra mistura de metafísica oriental, em geral de tipo bem transcendental. (...) A nação americana tem um grande número de tipos sensitivos extrovertidos e é por isso que tais movimentos estranhos florescem especialmente bem nos Estados Unidos, num grau maior do que na Suíça. Em Los Angeles, podem-se encontrar quase todas as espécies de seitas fantásticas (...) ” (Von Franz, 1990: 29-31).

TIPO SENSAÇÃO INTROVERTIDA que tem como função inferior (inconsciente) a intuição extrovertida:

“ Nunca esquecerei o depoimento dado pela Sra.  Jung. Somente após tê-la ouvido é que senti haver entendido o tipo perceptivo introvertido. Fazendo a descrição de si mesma, ela disse que o tipo perceptivo introvertido era como uma chapa fotográfica, altamente sensível. Esse
tipo, quando alguém entra numa sala, percebe o modo como a pessoa entra, o cabelo, a expressão do rosto, as roupas e a maneira de caminhar. Tudo isso dá uma impressão muito precisa do tipo perceptivo introvertido; cada detalhe é absorvido. A impressão vem do objeto para o sujeito; é como se uma pedra caísse em águas profundas — a impressão cai mais fundo, mais fundo, e afunda. Por fora, esse tipo mostra-se totalmente estúpido. Ele apenas se senta e olha, e não se sabe o que está acontecendo dentro dele. Fica parecido com um pedaço de madeira, sem nenhuma reação — a não ser que reaja através de uma das funções auxiliares: pensamento ou sentimento. Porém, interiormente, a impressão está sendo absorvida. O tipo perceptivo introvertido, portanto, dá a impressão de ser muito lento, o que não é verdade. O que acontece é que a reação interna, que é rápida, caminha por baixo, e a reação externa se exterioriza de maneira atrasada. Assim é o jeito dessas pessoas; se lhes contamos uma piada pela manhã, provavelmente só irão rir à meia noite. Esse tipo muitas vezes é mal interpretado e mal entendido pelos outros, porque não se compreende o que acontece com ele. Se conseguir expressar as suas impressões fotográficas artisticamente, eles poderão reproduzi-las através de pinturas ou por escrito. (...) A intuição inferior desse tipo é semelhante à do tipo perceptivo extrovertido, pois também apresenta características muito misteriosas, assustadoras e fantásticas. Contudo, ela é mais preocupada com o mundo exterior coletivo e impessoal. (...) Vi num tipo perceptivo introvertido um material que eu consideraria muito profético, fantasias arquetípicas que não representam essencialmente o problema do sonhador, mas o do seu tempo. (..) Como Jung certa vez observou: para eles o futuro não existe, as possibilidades futuras não contam, eles estão no aqui e agora e há uma cortina de ferro na sua frente. Eles acreditam no curso da vida como se ele se mantivesse sempre o mesmo, sendo incapazes de perceber que as coisas podem mudar. (...) Mas a intuição inferior é primitiva e o tipo perceptivo ou nos surpreende atingindo o alvo, o que é de se admirar, ou então irrompe com pressentimentos nos quais não há nenhuma verdade (...)” (Von Franz, 1990: 27-8).


603) O Mito de Aquiles na Série em Senna

  O Mito de Aquiles em Senna Mônica Clemente (Manika) Aquiles foi um famoso guerreiro da mitologia grega, sendo peça-chave na vitória da...