A tempestade ofereceu um desafio para BatGirl: fazer seus cabelos
ficarem revoltos.
Com a máscara isso seria impossível, mas desvendar o seu rosto
era um risco. Ela, então, abriu a capa, que rodopiava na ventania. E abriu os
braços e até um sorriso.
Quando o tufão foi embora, sua vida voltou ao normal com seu eu
verdadeiro protegido. O redemoinho, no entanto, ficou em sua mente.
“Por que os heróis precisam ficar anônimos? Por segurança, para
evitar o ego ou é pelo suspense?”
Não era só isso... era para criar uma distância segura contra a
dor, como aquelas crianças que só recebem um nome depois de sobreviverem à
infância. Como animais criados para o abate. Como qualquer ente que evitamos um
vínculo. Como cobrir alguém com um manto invisível retirando dele sua
humanidade.
Disseram para ela que o antídoto para o seu medo era um bom vinho.
E era verdade, se o ritual fosse em boa companhia.
Há, porém, um outro antídoto que mora junto do segredo, mas ao
contrário dele, nos revela. Ele é o misterioso dom da intimidade, que por ser
feito de mistério só pode ser visto naquele com quem se vive um momento.
Quem entra em sintonia com o Insondável vê rostos, identidade e
valor em toda a existência. Já não é mais um perigo para os outros nem para si
mesma. Não há necessidade de heróis e seu amor não é líquido, mas
pertencimento.
BatGirl agora enxerga todas máscaras, dançando com elas no teatro
da vida. Graças ao raro efeito do vento, ela aprendeu que uma persona é uma
possibilidade viável de relacionamento com o ser interior.
Quando se trata de outra pessoa, no entanto, ela não se distancia
mais com os disfarces das estrelas, este oráculo que inveja a capacidade humana
de amar. Ela olha nos olhos do outro e viram o acontecimento.
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