28 de abr. de 2020

136) Cada Ferida tem a sua Medicina



Ilustrações do Filme Moana



Cada ferida tem a sua medicina.

Vi uma constelação conduzida pelo Gehard Walper, professor da Hellinger Schule, na qual os miomas de uma neta buscavam o caminho de amor interrompido entre uma avó e a bisavó. Eu mesma tenho observado em meus atendimentos de mapa astral e com as Constelações Familiares, que o útero tem a medicina de conexão com a mãe e ancestrais.

Nos ovários ou próstatas a medicina é a reconciliação com a sexualidade; no estômago é a aceitação do mundo; no fígado o poder renegado; nas pernas aguentar a felicidade; nos braços abrir ou proteger o coração; no coração o equilíbrio das trocas; nos rins o equilíbrio nas relações e dizer não; na boca aguentar o sucesso; nos olhos a inclusão do que foi rejeitado; nos ouvidos aceitar o medo; nos pés reencontrar o caminho; na pele assimilar os traumas, principalmente no contato com a mãe; cabelos aceitar as emoções e o pai;  nariz aceitar e confiar na intuição; na tiroide assumir o que se quer e algo também com o pai. Nos dentes liberar os segredos. Na lombar buscar base para ser quem é; na coluna torácica sair de relação com traição; na cervical deixar a indecisão cozinhar até um novo eu nascer etc.

É claro que há mais mensagens secretas individuais, porque não há doença, há doentes em busca de sua solução. Mas mesmo acessando as orientações simbólicas, precisamos de um médico. É crueldade consigo mesmo não levar o curador interno até um curador formado que possa dar vazão técnica e amorosa às nossas necessidades. Quem não procura um médico, geralmente não foi visto na infância, por isso não aprendeu a se ver e ler os pedidos de socorro que a alma e o corpo dão.

O Hellinger, criador das Constelações Familiares, demonstrou que os sintomas olham para pessoas ou situações excluídas, como vimos no exemplo acima. Mais um motivo para buscar um médico: Ele vai olhar, mesmo que seja pelos óculos da medicina. Ele também falou que a doença começa quando queremos nos se livrar de algo, ao invés de inclui-lo.

Se o ferimento tem a sua medicina, ao tentar se livrar dele a cura também será descartada e com ela a vontade sadia de buscar a ajuda certa. Me lembro do meu irmão, o médico Dr. Wagner Henrique Clemente, sempre me dizendo mais ou menos assim: “eu trato o meu paciente com tudo o que eu tenho e ele precisa. Eu escuto as suas dores. Seja com uma estratégia terapêutica alopata ou homeopática. Com acupuntura, chá ou tarja preta, remédio ou alimentação, eu dou o que o médico interno dele me pede. Não perco tempo com brigas conceituais entre a biomedicina ou medicinas alternativas. Domino bem as duas. Meu interesse é servir ao paciente. Porém, se eu e o médico interior podem ajudar, mas o paciente ou uma força maior não pode, eu baixo a cabeça para isso. Nunca a culpabilizo.”

Por isso, não há, na raiz da cura uma guerra entre a medicina científica, as medicinas tradicionais e alternativas, ou as novas práticas de saúde. Estas brigas ideológicas não olham a medicina contida no ferimento tanto como o doente. A Medicina pode ser acessada e criada pelo gênio humano em diversas culturas, de diversas formas, mas no final é uma só: a arte da cura. 


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