20 de abr. de 2020

130) O problema do amor nunca foi o medo do abandono



O medo de ser abandonada/o nunca foi um problema do amor. Aguentar a felicidade, sim. Como diz Brené Brown, ao se proteger da vulnerabilidade fechamos o caminho para amar. Quem ama, além de se se sentir feliz, iluminado e abençoado, se sente vulnerável, inseguro, com medo, instável e tudo mais.

Até aí, todos são iguais. O problema começa na capacidade de aguentar a felicidade e a vulnerabilidade, que se estabelecem desde as relações da infância. Por exemplo, alguns são mais resistentes para suportar a felicidade, mas não suportam o medo, atacando ou saindo das relações assim que se sentem inseguros (sem fatos concretos p/ isso). Outros são resilientes ao medo e alérgicos à felicidade, sem reconhece-la ou achar que a merece. É na incapacidade de aguentar algo normal, como ser feliz e o medo, que os jogos de poder começam.

A pessoa diz “eu te amo” e fica vulnerável. Se aguentar, não o faz pela resposta. Se é verdade, atua como uma semente no coração do outro. E se enfraquece, se é uma averiguação dos sentimentos do parceiro/a.  Oferecer um mimo, sem esperar troca, conta ponto para o doador e cria dívida ao receptor. Dívida é vínculo. Vínculo é a fonte da vulnerabilidade. Dar demais ou dar para alguém que não poderá retribuir na mesma medida, pesa na balança. Um prato vai para baixo e o outro para cima. Quebra a igualdade de vulnerabilidade na relação adulta. (Nas relações pais e filhos, é desigual sempre. Os pais sempre dão mais porque deram a vida.)

A pessoa adulta que recebe mais, se fica na relação, geralmente é chamada de fraca, mas é a que aguenta mais a vulnerabilidade. Mas, se aquele que recebe algo menospreza o que é oferecido, independente de poder retribuir um dia ou não, também quebra o balanço. É igual a ficar flertando na frente do companheiro/a (de verdade, não na imaginação do medo). Geralmente, nem sempre, este comportamento é movido pela sensação de não ter valor, tentando equilibrar a balança humilhando o companheiro/a.

Outro tipo de tentativa de voltar ao controle é vasculhar o celular da outra pessoa em busca de traição. Desconfiança é traição. Dois traidores podem namorar de novo. Mas se não encontrar nada no telefone invadido, além de virar traidor, fez em si mesmo outra lobotomia.

Viver um vínculo saudável de amor pressupõe aguentar tudo que há em você quando recebe outro coração.

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