O medo de ser abandonada/o nunca
foi um problema do amor. Aguentar a felicidade, sim. Como diz Brené Brown, ao
se proteger da vulnerabilidade fechamos o caminho para amar. Quem ama, além de
se se sentir feliz, iluminado e abençoado, se sente vulnerável, inseguro, com
medo, instável e tudo mais.
Até aí, todos são iguais. O
problema começa na capacidade de aguentar a felicidade e a vulnerabilidade, que
se estabelecem desde as relações da infância. Por exemplo, alguns são mais
resistentes para suportar a felicidade, mas não suportam o medo, atacando ou
saindo das relações assim que se sentem inseguros (sem fatos concretos p/
isso). Outros são resilientes ao medo e alérgicos à felicidade, sem
reconhece-la ou achar que a merece. É na incapacidade de aguentar algo normal, como
ser feliz e o medo, que os jogos de poder começam.
A pessoa diz “eu te amo” e fica
vulnerável. Se aguentar, não o faz pela resposta. Se é verdade, atua como uma
semente no coração do outro. E se enfraquece, se é uma averiguação dos
sentimentos do parceiro/a. Oferecer um mimo, sem esperar troca, conta
ponto para o doador e cria dívida ao receptor. Dívida é vínculo. Vínculo é a
fonte da vulnerabilidade. Dar demais ou dar para alguém que não poderá
retribuir na mesma medida, pesa na balança. Um prato vai para baixo e o outro
para cima. Quebra a igualdade de vulnerabilidade na relação adulta. (Nas relações
pais e filhos, é desigual sempre. Os pais sempre dão mais porque deram a vida.)
A pessoa adulta que recebe mais, se
fica na relação, geralmente é chamada de fraca, mas é a que aguenta mais a
vulnerabilidade. Mas, se aquele que recebe algo menospreza o que é oferecido,
independente de poder retribuir um dia ou não, também quebra o balanço. É igual
a ficar flertando na frente do companheiro/a (de verdade, não na imaginação do
medo). Geralmente, nem sempre, este comportamento é movido pela sensação de não
ter valor, tentando equilibrar a balança humilhando o companheiro/a.
Outro tipo de tentativa de voltar
ao controle é vasculhar o celular da outra pessoa em busca de traição. Desconfiança
é traição. Dois traidores podem namorar de novo. Mas se não encontrar nada no
telefone invadido, além de virar traidor, fez em si mesmo outra lobotomia.
Viver um vínculo saudável de amor
pressupõe aguentar tudo que há em você quando recebe outro coração.
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