12 de dez. de 2022

500) Sêmele e a Capacidade de Amar

 

Sêmele e a Capacidade de Amar

Mônica Clemente (Manika)


O que você queria, Sêmele, carregando os sentimentos reprimidos dos seus pais?

 

Reacender um doZ “eus” da sua mãe, que ela abdicou para manter a ordem patriarcal no casamento?

 

Fazer o seu pai feliz, porque o amor de uma garotinha não faz um homem ter medo?

 

Por quantos anos você ainda carregará estes potenciais excluídos deles em seus relacionamentos?

 

Foi por isso que se envolveu com Zeus, um deus casado? Para perpetuar a sua sina de dar sentido a casamentos perdidos? 

 

Esse amor nas trevas está grávido de um desejo genuíno, bloqueado por outro reprimido.

 

Por quanto tempo você ainda vai carregar o desejo reprimido de Hera, esposa de Zeus? 

 

O mesmo da sua mãe, de deixar o amor fazer parte de si mesma e não mais um espelho fosco das regras do Olimpo.

 

Mas… mentiram para você dizendo que era mortal e estava grávida de Dionisio, filho de Zeus, quando ele se decidiu pela  esposa (Hera), mantenedora da ordem que a sufocava.

 

E que esta decisão lançou você no Inferno de Hades (a loucura), com Dionisio sendo gestado na panturrilha do pai.

 

A verdade é que você é uma deusa lunar, capaz de gerar o desejo de amar nos mortais. E é a mãe de Dionisio, a força arrebatadora da autorrealização, antes mesmo de conhecer Zeus.

 

Em outras palavras, você é adulta e o seu desejo de amar não pertence aos seus pais, nem às regras.

 

Por isso que a sua gravidez não foi parar na panturrilha de Zeus, embora muitos desejassem tirar este poder da mulher. 

 

Embora seus pais desejassem drenar a sua gravidez (de desejos de mulher) para salvar o casamento deles.

 

Então chore, minha querida, se a solidão de se esquecer de si mesma, carregando os sentimentos excluídos dos seus pais, foi imensa.

 

Já não dá mais ser a filhinha do papai, nem da mamãe, para manter a luz nas trevas de quem não quer pagar o preço. 

 

Parir a sua capacidade de amar já é o suficiente. Até porque todo mês a Lua vem revelar o seu segredo:

 

Ninguém sai do casulo sem virar borboleta.

 

A não ser que a sua escolha seja a de não enfrentar a solidão que antecede todo nascimento.

 

Mônica Clemente (Manika)

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@constelacoes_mitologicas


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