Sêmele e a Capacidade de Amar
Mônica Clemente (Manika)
O que você queria,
Sêmele, carregando os sentimentos reprimidos dos seus pais?
Reacender um doZ
“eus” da sua mãe, que ela abdicou para manter a ordem patriarcal no casamento?
Fazer o seu pai
feliz, porque o amor de uma garotinha não faz um homem ter medo?
Por quantos anos
você ainda carregará estes potenciais excluídos deles em seus relacionamentos?
Foi por isso que se
envolveu com Zeus, um deus casado? Para perpetuar a sua sina de dar sentido a
casamentos perdidos?
Esse amor nas trevas
está grávido de um desejo genuíno, bloqueado por outro reprimido.
Por
quanto tempo você ainda vai carregar o desejo reprimido de Hera, esposa de
Zeus?
O
mesmo da sua mãe, de deixar o amor fazer parte de si mesma e não mais um
espelho fosco das regras do Olimpo.
Mas…
mentiram para você dizendo que era mortal e estava grávida de Dionisio, filho
de Zeus, quando ele se decidiu pela esposa (Hera), mantenedora da
ordem que a sufocava.
E
que esta decisão lançou você no Inferno de Hades (a loucura), com Dionisio
sendo gestado na panturrilha do pai.
A
verdade é que você é uma deusa lunar, capaz de gerar o desejo de amar nos
mortais. E é a mãe de Dionisio, a força arrebatadora da autorrealização, antes
mesmo de conhecer Zeus.
Em
outras palavras, você é adulta e o seu desejo de amar não pertence aos seus
pais, nem às regras.
Por
isso que a sua gravidez não foi parar na panturrilha de Zeus, embora muitos
desejassem tirar este poder da mulher.
Embora
seus pais desejassem drenar a sua gravidez (de desejos de mulher) para salvar o
casamento deles.
Então
chore, minha querida, se a solidão de se esquecer de si mesma, carregando os
sentimentos excluídos dos seus pais, foi imensa.
Já
não dá mais ser a filhinha do papai, nem da mamãe, para manter a luz nas trevas
de quem não quer pagar o preço.
Parir
a sua capacidade de amar já é o suficiente. Até porque todo mês a Lua vem
revelar o seu segredo:
Ninguém
sai do casulo sem virar borboleta.
A
não ser que a sua escolha seja a de não enfrentar a solidão que antecede todo
nascimento.
Mônica
Clemente (Manika)
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