4 de ago. de 2021

333) Razão e a Sereia

 

Foto de Peter Russell - “A lone breaking wave against the backdrop of Chapmans peak"

Razão e a Sereia 

A bela Rio de Janeiro é feita de lutas, montanhas e ondas pequeninas. Foi neste cenário da água desafiando a dureza que tudo aconteceu.  

Um Juiz, muito gentil, me ofereceu carona da UFF, em Niterói, até o Centro do Rio de Janeiro.  Durante o percurso, ele me contou sobre a sua profissão e o quanto era respeitado. Eu realmente adoro a vitalidade de quem gosta do que faz. Aí ele me perguntou: e você faz o que? 

Eu podia dizer, sou pesquisadora Faperj, ou terapeuta, atriz, profe de yoga, mas resolvi desafiá-lo: 

- Sou astróloga. 

Nós estávamos no meio da ponte Rio Niterói. Uma lagarta de concreto fincada no reino dos peixes. Ele se virou pra mim, quase quebrando o pescoço, e esbravejou: 

- Isso é charlatanismo! Você não tem vergonha de enganar os outros? 

Assim mesmo, sem me conhecer. E eu podia responder com a mesma ignorância e preconceito: “mas você é advogado!” 

Só que eu adoro o direito e qualquer profissão pode ser usada para servir à vida ou enganar os outros. 

Achei que eu ia ser atirada da ponte. Mas não! Ele preferiu ir me humilhando até o centro, enquanto eu observava o que realmente acontecia lá.  Foi então que vi o medo das coisas secretas, da alma, do mundo líquido das sereias. 

Quando chegamos, ele estava destroçado, tremendo diante do feminino oculto nele mesmo.  

Era daqueles que arrota “ciência” sem ter a objetividade que defende para ver a inveja que tem das mulheres. 

Eu agradeci a carona e sem ele saber, agradecia o exercício de não deixar ele projetar a sua sombra em mim. De não deixar meu ego absorver as ofensas.  De não me defender falando que eu era doutora em ciências e ele não, porque nunca foi sobre isso. 

Será que alguma mulher poderia existir diante dele?  Quer dizer: será que ele poderia existir diante de uma mulher, dos seus próprios sentimentos e do seu feminino oculto (a sua anima)? 

Eu sei é  que à noite eu tinha um piquenique na praia, com amigos que amam as estrelas, no Arpoador, um pequeno rochedo banhado pelo mar. 

Mônica Clemente (Manika)  

Foto de Peter Russell - “A lone breaking wave against the backdrop of Chapmans peak"

 

#Astrologia #Ciências #Pseudociência #Inveja #Feminino #Mistério #Mulher #Medo #Sentimentos #Objetividade

 

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