Liberdade e Completude
Nietzsche desmonta a ideia de
livre-arbítrio nos conduzindo por um mundo que é a soma e as lutas das nossas
pulsões e afetos, se expressando em nossas ações e em quem somos, mais do que
nossas ações são expressões das nossas escolhas livres e racionais.
Para fazer o desmonte, parte da
ideia de que não existe um sujeito da ação, porque não há uma identidade fixa,
nem imutável e refratária às relações e a tudo o que o atravessa.
Não há, portanto, um eu puro ligado
somente à razão, que age livremente, sendo capaz de uma grande objetividade
para fazer escolhas.
Para ele há organismos nascidos na
luta de pulsões e instintos, com uma multiplicidade de poderes, que resistem
umas às outras, fazendo-os agir numa dada direção.
A própria capacidade discursiva e
racional é a expressão desta luta.
Sendo assim, a ação para Nietsche
não surge de escolhas racionais nem livres.
A ação surge de seres, como nós,
que não são divididos entre razão e pulsões, nos quais o consciente é mais uma
das diversas expressões das pulsões e afetos.
Sendo assim, a ação não é um efeito
de uma luta. A ação é a expressão desta luta da vida pulsional, no domínio dos
nossos afetos.
O Hellinger também questiona a
noção da liberdade em toda sua obra.
Até quando fala na dificuldade de
segurar a Grande Felicidade, porque ela vincula, conecta, e surge da capacidade
de manter as relações que nos atravessam.
Não porque escolhemos estar em
relações com a vida, mundo, pessoas, mas porque surgimos delas.
É nesta rede de tensões, sua ordem
e desordem, que somos plenos e não por
meio do livre-arbítrio, um conceito criado por quem quer julgar e (se) culpar,
segundo Nietzsche.
Afinal “se você escolheu algo” como
um parceiro agressivo, fumar ou deprimir, “cadê a força de vontade para mudar?”
Nunca vi ninguém mudar algo em si
pelos métodos de ultra controle do livre-arbítrio, força de vontade (que nega
os instintos) ou se perguntando por que atraiu tal destino.
Mas sim porque se permitiu deixar
aquilo que o atravessa atuar.
#Nietzsche #Hellinger #Liberdade #Plenitude #LivreÁrbitro
——
Indico a palestra NIetzsche e a Negação do
Livre-arbítrio de João Constâncio e André Martins no Café Filosófico.
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