Como sair do Triângulo Dramático?
Mônica Clemente (Manika)
No texto anterior “Como Funciona o Triângulo Dramático - parte 1" , falamos em
como se entra neste jogo doentio, atuando ora como Salvador, Vítima e
Perseguidor.
Representamos todos os papéis, sendo 1 ou 2 deles preferidos e de
acordo com as nossas fraquezas. Se não suportamos as responsabilidades, podemos
atuar na posição da vítima. Se o nosso calcanhar de Aquiles é o medo da
aniquilação, tendemos à perseguição. Ou se ainda achamos que podemos mudar o
mundo, nos afinamos mais com o papel do Salvador.
A fraqueza do Salvador, então, é se sentir um Deus ou Deusa, evitando
a sua realidade. Como o Superman, que evita a kriptonita, pedra que o faz se
tornar um mortal, e ter os mesmos problemas de um homem comum. Sua isca é
oferecer uma ajuda não pedida ou que não sabe dar.
A Fraqueza do Perseguidor é controlar no lado de fora o caos que
sente dentro dele. A sua isca é causar medo e julgar, como a personagem da
Meryl Streep Miranda Priestly no filme “O Diabo Veste Prada (2006). ” Em uma das
cenas, Miranda não aceita que a sua secretária não consiga um voo no meio de um
tufão que fechou os aeroportos.
E a fraqueza da vítima é não se tornar responsável pela sua vida e
negar a sua raiva, se fazendo de Dr. Banner que apanha muito antes de virar o
Hulk, um maltrapilho excluído e inconsciente do estrago que faz. Sua isca é
transformar os outros nos punhais que ela vai enfiar no próprio peito. Além do autoflagelo,
tende a distorcer uma boa ajuda em “levei um tapa na cara”, sendo frequentemente
mal-agradecida.
O jogo seguirá até que se resolva conquistar a própria fraqueza.
Por exemplo, se uma pessoa deixa você louco/a, para de ficar louca com ela (ou
de morder as iscas que ela joga) e crie novas respostas ou perguntas baseadas
na realidade. Ou seja, deixa a pessoa ser como ele é e conversa com ela
normalmente.
Por exemplo: “Obrigada por me alertar sobre o problema. Vou
prestar atenção. ” “Tem razão! Não lavei
a louça. ” “Poxa! Quando você me chama de burro (feia, vagabundo...) fico
triste! Sou inteligente (responsável...). ” “Me ajuda a entender esta questão?
” “Lembrei que tenho um compromisso!
Depois falamos? ” O que você acha disso? ” A Comunicação não violenta é uma boa
estratégia para sair dos jogos psicológicos.
Podemos também evitar os gatilhos com uma piada, não respondendo,
ou nos afastando, sem dramas e sem exclusões. Ou até com bloqueios, nos casos
difíceis.
Com o tempo, conquistamos a força emocional tão almejada que
sustentam as boas relações. A inteligência emocional que a gente tanto queria e
ganhou graças aos convites do triângulo dramático, nos mostrando onde estavam
as nossas fraquezas.
Mas atenção: os anzóis continuarão lá, como alertas, tentando nos seduzir,
tentando nos convencer de que são eles, e não a imensidão, a verdadeira
natureza do mar.
Se quiser saber mais sobre esta temática, eu fiz duas gravações para o site do Movimento Sistêmico - Rádio Sistêmica. Sobre o que escrevi acima, só clicar aqui.
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