Como somos enredados no Triângulo Dramático?
Mônica Clemente (Manika)
Já se sentiu muito mal depois de responder rispidamente a uma
pergunta simples de um dos seus pais, filhos ou cônjuge? E passou o dia
ruminando sobre a razão da sua explosão sem encontrar uma explicação?
Se não é hipoglicemia, que deve ser tratada, pode ser que você
caiu em um dos vértices do Triângulo Dramático (Salvador, Vítima e Perseguidor).
Cada um deles nos enreda num jogo psicológico doentio.
Vamos analisar três situações:
1-
A mãe pergunta:
“Que trajeto você vai fazer?”. O filho retruca: “fala logo o que você quer que
eu compre no caminho!” Ela: “eu larguei tudo para cuidar de vocês e o que
recebo?!”
2-
A mãe chega
do trabalho e a casa está decorada com louças sujas, produzidas pelo filho
marmanjo maratonando na TV. Ela o xinga de vagabundo para baixo. Na madrugada,
chora sozinha.
3-
A filha fala:
“Vai comer carne?! Como o colesterol alto e coração fraco que você tem?! ” E o
pai, diante da boa comida feita pela esposa diz: “Você enche o saco igual a sua
mãe! ” E a filha defende: “Machista! A gente quer te cuidar! ”
Vítima, Perseguidor e Salvador estão todos, ao mesmo tempo, se
alternando dentro da gente, como iscas que jogamos e fraquezas que caímos.
No 1º caso, o filho explode porque julga (Perseguidor) a mãe, já
pressentindo que ela vai jogar, como sempre, a vítima. Ao se sentir culpado,
escolhe nunca sair de casa para cuidar da mãe como um salvador, compensando sua
ingratidão forjada no triângulo dramático, o que faz eles sentirem raiva e... Se
ele é casado, possivelmente vai convidar sua esposa e filhos a jogar mesmo
jogo.
No caso 2, o filho quer uma carícia da mãe ausente, chefe de
família. Ela, para voltar a ter controle sobre sua vida caótica, xinga
violentamente (Perseguidora) o filho. Logo em seguida acredita que falhou como
mãe. O filho tem a atenção que queria, mesmo que seja negativa, perseguindo-a e
virando a sua vítima.
O Salvador, caso 3, ofereceu uma ajuda não pedida ou que não sabe
dar. Se a pessoa prefere o papel de vítima, aceita a ajuda para depois mostrar
que não funcionou e até piorou. Se a sua fraqueza for se tonar um Perseguidor
dará um fora como o pai deu, com a filha virando salvadora da mãe, cuja comida
criticou (Perseguidora) e vítima do pai, ao colocar o pai contra ela e a mãe na
armadilha que criou.
O Triângulo Dramático é um diagrama, elegantemente criado por
Joseph Karpman, analista Transacional, para mostrar este rodizio de ações e
reações que nos prendem, viciosamente, dentro de um jogo psicológico (Berne:
2007:159). Homofobia, racismo, ataques contra a mulher, criança, velho e
pessoas em geral são crimes, geram vítimas reais, portanto não são triângulo
dramático.
Se quiser saber mais sobre esta temática, eu fiz duas gravações para o site do Movimento Sistêmico - Rádio Sistêmica. Sobre o que escrevi acima, só clicar aqui.
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