Mentiras no Divã de um Psicanalista
Mônica Clemente (Manika)
Eu
achava que as piores mentiras eram aquelas que contávamos para nós mesmos. Quando
uma pessoa diz ao psicanalista: “ele tem problemas com o pai e por isso não
consegue ser fiel, mesmo querendo.”
E o psicanalista a ajuda
perguntando: “você quer namorar um mentiroso?” para fazê-la refletir se está se
envolvendo com alguém “tão sincero” que conta todos os problemas com a esposa
ao mesmo tempo em que as engana.
Eu achava que essa
era a pior mentira de todas. Não a mentira do mentiroso, que se faz de sincero
para continuar enganando, mas a mentira que contamos para nós mesmos para continuarmos
a ser enganados. No entanto, existe uma mentira pior. Aquela com ares de
proteção.
Primeiro ela ataca,
disfarçadamente, uma pessoa, fazendo com que ela pense que tem um inimigo, seja
um pai, uma mãe, um amigo, um povo, um país, um profissional etc. Este inimigo,
criado com mentiras que dão medo, tem todos os defeitos do mentiroso projetados
nele. Então o criador da mentira diz: “
“Fique tranquilo! Eu tenho como proteger você.”
Nas alienações
parentais, por exemplo, uma mãe ou pai fala mal, sem nenhuma razão, do outro
genitor, fazendo as crianças entrarem em pânico. Assim, elas se afastam do
genitor transformado em inimigo, buscando proteção naquele que criou o medo.
Nas relações
abusivas acontece o mesmo. Um dos parceiros ataca a autoestima do outro com
mentiras, até a sua vítima acreditar que só ele, o abusador, pode protegê-la do
mundo cruel criado por ele.
A mesma armadilha
aparece em organizações que funcionam como as milícias ou as máfias. Eles
atacam para depois venderem proteção, fazendo suas vítimas acreditarem que
existem inimigos dos quais eles são a salvação.
Como se livrar desta
mentira que faz as pessoas buscarem proteção na mesma fonte que criou seus
infortúnios?
Aprendendo a pensar.
E como se ativa o pensar? Com perguntas do tipo: será que eu quero namorar
um mentiroso?
Nunca com perguntas
do tipo: “por que eu atraí isso?” Essa pergunta culpabiliza a vítima, enquanto
a outra dá uma saída:
“Não, eu não quero
namorar um mentiroso”. Ou “sim, eu assumo os riscos.”
Mônica
Clemente (Manika)
Quadro "Mulher Reclinada em um Divã" de Joseph-Désiré Court
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