RAZÃO E A SEREIA
Mônica Clemente (Manika)
Nem toda dureza é sem alma.
Nem todo devaneio é sem sentido.
Nem um rochedo, feito de pedras e desfiladeiros, é
tão sorrateiro e inflexível quanto os que pensam ter mais razão,
porque usam a palavra “cientifico” para criar preconceitos e não conhecimento.
Sobre a Alma, não sabem nada, mas as ondas nem
ligam. Talvez nem sejam verdadeiras como as sereias.
Esse aprendizado de pescador, das durezas se
misturando com o devaneio, aparece nas paisagens como harmonia. Na boa ciência,
como quebrar de paradigmas, e na poesia:
O MARINHEIRO (trecho da peça)
Fernando Pessoa
“TERCEIRA
— As vossas frases lembram-me a minha alma...
SEGUNDA
— É talvez por não serem verdadeiras... Mal sei que as digo...
Repito-as
seguindo uma voz que não ouço que mas está segredando... Mas eu devo ter vivido
realmente à beira-mar...
Sempre
que uma cousa ondeia, eu amo-a... Há ondas na minha alma... Quando ando
embalo-me... Agora eu gostaria de
andar...
Não o faço porque não vale nunca a pena fazer nada,
sobretudo
o que se quer fazer...
Dos
montes é que eu tenho
medo...
É impossível que eles sejam tão parados e grandes...
Devem
ter um segredo de pedra que se recusam a saber que
têm...
Se
desta janela, debruçando-me, eu pudesse deixar de
ver
montes, debruçar-se-ia um momento da minha alma alguém em quem eu me sentisse
feliz...".
Fernando Pessoa
Foto
de Peter Russell - Salty Journal
"A
lone breaking wave against the backdrop of Chapmans peak"
Mônica
Clemente (Manika)
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