A minissérie The Undoing, na HBO, é baseada no livro “You Should Have Known” de Jean Hanff Korelitz.
Embora sua produção seja de primeira, eu achei a série bem ruim. Então ficarei com a sua premissa, muito importante de compreender, que é a mesma do conto Barba Azul.
No conto de fada, uma moça é cortejada por um homem adorável, mas que tem algo estranho. Ela não leva em consideração os seus sentidos nem sua voz interior, que diz que há algo errado e que todos podem ver: UMA BARBA AZUL.
Um dia, já casada, descobre esqueletos no porão da casa, o que comprova sua antiga suspeita de que seu marido fez mal à muitas mulheres e fará com ela também.
Só então, na eminência de um grande perigo, pede ajuda aos seus 4 irmãos. Numa possível interpretação junguiana, eles representam o acesso da mulher aos conteúdos positivos do seu animus para sair de relações abusivas.
E eu acrescento que são também a formulação de outra questão, além da pergunta “por que uma mulher fica numa relação abusiva?”, que é:
Por que a sociedade vê a “Barba Azul” (o perigo) e não faz nada para mudar? Por que um homem pode abusar das mulheres sem maiores consequências?
No “HISTÓRIAS QUE ATUAM: a Constelação Familiar do Conto de Fada Preferido”, se este conto surge, descobrimos que homens machucaram mulheres.
E a pessoa que está conectada com o conto precisa aprender a ver a “Barba Azul” e confiar no que vê, porque seu sistema familiar e a sociedade não protegeu as mulheres de sua família dos abusos, mesmo vendo o que acontecia.
Na série, a psicóloga interpretada por Nicole Kidman atende pessoas que sabem que estão numa relação com alguém que fará mal a elas, mas negam o que veem
Então a trama vai tratar da tomada de consciência de uma mulher que nega o que está óbvio. E que tem todo um aparato social que contribui para ela se manter cega.
Tanto na série como em Barba Azul há 2 aspectos que não podem se apagar mutuamente:
1) uma pessoa e uma sociedade que veem algo estranho,
2) mas que fazem de tudo para negá-lo, porque mudaria muita coisa e é difícil mesmo arcar com desconforto de contrariar o que esperam da gente, pessoal e coletivamente.
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