Quem enxerga realmente você? Quem você deixa lhe ver? Você enxerga as pessoas?
Em 2006 o filósofo André Gorz lança seu livro mais famoso, uma
declaração de amor para sua Dorine.
Ele começa assim:
“Você está para fazer 82 anos. Encolheu seis
centímetros, não pesa mais do que 45 quilos e continua bela, graciosa e
desejável. Já faz 58 anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que
nunca.”
Dorine, há alguns anos, sofria de uma doença incurável e, assim
mesmo, seu corpo era o lar do escritor.
Durante a leitura de “Carta a D.”, acompanhamos suas histórias
de companheirismo, amor e militância. Descobrimos que André queria revelar para
o mundo a importância da amada para sua vida e obra. E deixar a luz da sua
mulher também nos ascender.
Ele a enxergava, afinal, mesmo que na juventude não a tivesse
visto com todas as nuances de agora. E aí temos um continente da
existência: Não existe relacionamento feliz sem ver o outro. Sem ser visto.
Não estou falando de aceitação, mas de estar lindíssima e o cara
ficar imaginando se você será uma boa dona de casa. Do homem estar por inteiro
e a mulher ficar pensando nas posses dele.
Mesmo que o olhar não dê conta da nossa infinitude, o
reconhecimento de quem somos é vital para a própria existência. Gorz e Dorine
explicam o porquê lá no final desse texto.
E essa mesma necessidade de ser vista é o que a madrasta da
Branca de Neve realmente pergunta para o espelho, se o marido ainda a enxerga.
Ela, de fato, não tinha sido eclipsada pela beleza de uma jovem.
Ela estava se sentindo desprezada pelo companheiro, que projeta em sua filha a
incapacidade de enxergar a esposa.
Ao menos é uma das dinâmicas que surgem quando constelamos esse
conto de fada, se ele for o preferido de alguém.
Foi por isso que #Gorz e #Dorine tomaram uma decisão radical. Em
2007, um ano depois do lançamento da #CartaaD, eles são encontrados com um
bilhete junto aos seus corpos. Incapazes de viverem um sem o outro, André e
Dorine decidiram tirar a própria vida, renunciando viver sozinhos.
Ver o outro é mais do que enxergar. É o próprio
companheirismo.
#AndreGorz #DorineGorz
#CartaAD #EuVejoVocê #Companherismo
Andre e Dorine estão dançando na foto da
esquerda.
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