A pergunta “qual a coisa certa a fazer?” (Blome, 1999) busca respostas em dogmas
ou doutrinas, ao invés da guiança da voz interior. Leva à “boa consciência”,
que é seguir os mandatos do nosso clã, mesmo que custe quem somos. Faz pedir
mil conselhos sem acatarmos nenhum.
Já a pergunta “o que é melhor para mim e como chego a isso?” (Blome, 1999) nos põe
em sintonia com a própria sabedoria. Uhtred Ragnarson, personagem principal do “O
Último Reino” – série da Netflix baseada nas Crônicas Saxônicas de Bernard
Cornwell -, é um guerreiro do século IX, leal e destemido, ora servindo ao Rei
Alfredo de Wessex, ora em busca do seu destino roubado.
De linhagem saxã e cristã, ainda criança perde sua Fortaleza, no
Reino da Nortúmbria, o irmão e o pai para os Vikings, com quem cresce e aprende
os costumes pagãos. Sua forte liderança e estratégias de guerra, conquistam
reinos para um monarca de corpo frágil e mente poderosa. São a Luz e a Sombra
um do outro: o rei sábio e o escravo guerreiro, o general e o visionário, as repressões
cristãs e o apetite Dinamarquês.
Uhtred é forjado entre estes conflitos lutando pela unificação da futura
Inglaterra, contra as invasões, contra si mesmo e seu desejo de reconquistar o
que lhe foi tirado. E, mesmo nas mãos de ferro do Rei ou se contorcendo entre o
amor pelo seu clã adotivo e a busca da sua origem, não perde a conexão consigo.
Cada uma de suas mulheres o desafiou também tentando mudá-lo, ou aceitando
seu caminho, ou fazendo-o se escutar. Ele encarna a difícil tarefa humana de continuar
escutando a voz interior no meio dos desafios.
Quem não confia ou perde a conexão com a voz interior, no entanto,
fica submisso e autoritário. O submisso se perde em orientações externas porque
perdeu seu discernimento, entregando sua autoridade a alguém. E compensa esta insegurança afirmando-se
brutalmente. São tentativas infrutíferas de voltar a se escutar do lado de fora,
como, por exemplo, a negação da verdade em nome do achismo, do óbvio por conta
do ódio de ter se perdido.
Nestas horas nos voltamos ao azul violeta do Cerato, à flor nativa
do Tibete, extraviada para a Inglaterra. Apesar dos reveses, não duvidou de si
mesma enquanto se adaptava à paisagem estrangeira.
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Cerato é uma flor tibetana que, atualmente, é uma das Essências do Floral de Bach, que ajuda a nos reconectar com a voz Interior.
As perguntas iniciais do texto são de autoria do Götz Blome em seu livro Advanced Bach Flower Therapy - A Scientific Approach To Diagnosis anda Treatment. United State, Healing Arts Press, 1999.
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