O Êxito em Hesitar
Mônica Clemente (Manika)
Um computador é
burro porque não hesita.
Se
ele for programado para seguir em frente, nem mil muralhas seguram um avião
comandado por ele.
Em
alguns contos de fada, o personagem principal hesita antes de entrar numa nova
aventura, para pontuar aos ouvintes que ali é preciso mais contemplação.
A
moça que se casou com o Barba-azul hesitou diante daquela estranha penugem
colorida no rosto do homem.
Mesmo
assim, o conto de fada "faz" ela se casar com ele, um marido violento, para
ensinar aos leitores que a sua hesitação, desconsiderada, era para ser levada à
sério.
Por
outro lado, se alguém se sente atraído por uma pessoa e hesita, não é falta de
interesse. É muito interesse aliado a sua inteligência desdobrando-se para
avaliar o próximo passo.
É
como se a vida e alguns contos de fadas dissessem: pessoas que usam sua
inteligência, hesitam.
Hesitam
para ter êxitos.
Hesitam
para contemplar a nova realidade que se apresenta, sem a priori, sem teorias e
sem projeções, que são repetições de uma experiência passada no momento atual.
A
hesitação, portanto, é a capacidade de criar um hiato - um espaço - para deixar
o mundo de fora atuar sobre o observador, até ser possível ver a cor de um
perfume, como dizia Paul Cézanne.
Ou
ser capaz de perceber um perigo ou as possibilidades felizes de uma situação.
No
entanto, para a Sociedade do Desempenho, hesitar é uma heresia, tanto nos
negócios como nas relações.
Se
esquecendo que as raízes mais profundas levam tempo para suportar uma boa
floração.
Mônica
Clemente (Manika)
@manika_constelandocomafonte
@Constelacoes_mitologicas
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