26 de nov. de 2021

389) Enantiodromia: ou como nunca mais sabotar os seus esforços

 


Eu era jovem quando engordei 2 quilos a mais dos meus padrões estéticos e atléticos. 

 

Imediatamente defini os termos de um regime absurdo, sem nenhuma orientação profissional.

 

Dois meses depois eu estava com o corpo dos meus sonhos preso na corda de um arqueiro, que me lançou, mais tarde, para o dobro do peso perdido.

 

Durou uma década para eu começar a entender esta gangorra feita com dietas restritivas (bem orientadas ou não), distúrbios alimentares e decepções com a minha falta de força de vontade.

 

Até que um dia eu acordei e disse para mim: chega! Nunca mais vou me proibir de algo, porque o rebote é violento.

 

Não preciso dizer que eu não comia mais uma caixa de bombons antes (e depois) de começar um regime, porque agora eu podia comer tudo. Isso não gerava mais ansiedade e eu voltei a me conectar com os meus instintos.

 

Ao parar de criar necessidades, emagreci. 

 

Anos depois, lendo um livro do Jung, me deparei com um palavrão: 

 

ENANTIODROMIA

 

Um termo cunhado por Heráclito, que dizia que uma grande força em uma direção gera outra força, de mesma grandeza, no sentido oposto.

 

Como observou Jung, acontecia a mesma coisa na dança do Inconsciente com o consciente.

 

Quando os desejos da mente consciente entram em conflito com o nosso Inconsciente, somos acometidos, entre outros fenômenos, por mudanças radicais de personalidade.

 

A moça “santa” surpreende seus familiares com atitudes “rebeldes”. O bom marido vai comprar cigarros e não volta mais.

 

O “nunca mais vou amar” vira sonhos românticos compensatórios. E a paixão por alguém se transforma em brigas violentas.

 

Cada um de nós pode dar centenas de exemplos do nosso consciente negando e sufocando outras facetas de nós mesmos, gerando rebotes radicais.

 

E como o corpo e suas funções são o que há de mais inconsciente na gente, quando impomos uma restrição absurda, ele reage mostrando quem “manda”:

 

O equilíbrio! Que é o outro nome de “acertei o alvo em cheio”.

 

Não à toa, a sabedoria popular diz: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”, e Buda seguiu esta sabedoria no caminho do meio.

 

Mônica Clemente (Manika)

 

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