A 4ª Função
e os Amores Místicos
Mônica
Clemente
Com quantos nãos se faz um esquecimento?
Em “As Aventura de Pi”, de Yan Martel “inspirado” na obra “Max e os Felinos” do Moacir Scliar, um tigre e um menino dividem um bote, depois do naufrágio do navio que os levava para outro continente (outra maneira de ser?).
Eles só conseguem equacionar a insólita convivência depois de perceber que um não podia sobreviver sem o outro num bote a deriva nas intemperanças do mar (o inconsciente?).
Quase ao final da história, em terra firme, o felino segue mata adentro sem olhar para trás. Cada um pertencia a polaridades diferentes que, durante sua jornada, descobriram-se como partes inseparáveis de si mesmos.
Este encontro entre a nossa adaptação consciente ao mundo, ou a 1a Função Cognitiva, com a dimensão desconhecida ancorada no inconsciente (o tigre, a 4a função), e tudo o que está preso nela e negamos, nos mantém vivos e evoca o extraordinário.
Se não há formas criativas de acolher o encontro dos opostos, os dramas da vida vêm em auxílio dos eus excluídos.
Como a noite de núpcias dos amantes místicos, quando, na meia idade, eles (em nós), se encontram na forma de paixões ou crises avassaladoras:
O que estava soterrado vem à tona, e o que era luz desce até as trevas.
Assim, os conteúdos negados no inconsciente familiar emergem em novas configurações do Si mesmo.
Um desejo imenso e desconhecido por tudo o que foi negado nos devora, como uma viagem de barco em alto mar na companhia de um tigre.
Assim, o bico de papagaio inofensivo nos paralisa para encararmos a crise no casamento.
Ou dos escombros de um negócio surge uma nova vida. Pode ser também uma paixão que quebra o nosso coração para o amor escapar dos nossos receios.
Enfim, nos vemos no meio de um oceano inóspito aos medicamentos controlados, encarando uma fera faminta, cheia de garras e dentes pontiagudos que reluzem nossas facetas adormecidas.
Se o negarmos seremos devorados pelos próprios fiascos. Porque estas avalanches eram pretextos para nos tirar de uma vida insustentável ao maravilhamento.
Antes disso, qual amor era possível?
Mônica Clemente (Manika)
#Jung AmoresMísticos #Metanoia #Crises
Nenhum comentário:
Postar um comentário