Uma Genealogia das Relações de Amor e Abusivas. Ou um singelo caso de amor próprio que nasce de relações saudáveis.
Mônica Clemente (Manika)
Eu estava aqui mapeando as relações de amor e as abusivas. Sem
buscar culpados, vítimas ou fantasias. Eu queria descobrir suas
genealogias. Como se formam?
Começou com a Madonna, uma cachorrinha que a minha irmã se
apaixonou. Ela era tratada como alguém que podia ser educada, não adestrada,
com características caninas a serem respeitadas e amor.
Me lembro da cara da Madonna no dia em que minha irmã a tratou,
uma única vez, como se ela fosse um ser débil que se bate com jornal.
Seus olhos se assustaram, sem perder a autoestima. Ela se virou
e foi para minha cama, sem nunca mais olhar para minha irmã. Conheço muitas de
nós que não foi bem tratada na infância, perdendo seu amor-próprio.
Então, dá o “azar” ou é programada para achar um companheiro que
a trate mal. Confirmando a crença, tecida por anos de maus tratos, de que não
vale nada. E, ao contrário da Madonna, não conhece a saída, procurando o que
foi que ela fez de errado.
Possivelmente ficará anos assim. E se conseguir sair da relação
abusiva, que ela mesmo nutre com raiva e baixa estima, vai encontrar outra
pessoa igual ou pior para se relacionar.
Minha irmã sabia que tinha tratado a amiga como não se trata nem
cachorro. Falou com ela em vão. E só 3 dias depois a pequena fez as pazes.
Claro que quem a educou a se amar e saber que não podia aceitar
alguns comportamentos foi a minha irmã. Por isso, uma cachorra, sabia que um
grito não era legal. (Foi só 1 grito).
Ali eu aprendi que muitas de nós não sabe se reconhecer como
alguém que merece ser tratada com respeito, aceitando migalhas ao invés de
amor.
Migalhas não são coisas lindas e verdadeiras que alguém faz ou
dá e a gente não valoriza. São promessas de amor e bons cuidados que nunca se
cumprem.
Para resolver a questão não adianta culpar pai, mãe ou
ex-parceiros abusivos. Embora eles não tenham nos ensinado a descobrir nosso
valor.
A solução está em outro lugar.
Para mim foi ver a minha irmã cuidando das plantas, animais e
pessoas com tanto amor e respeito que as flores, com ela, nascem até fora da
estação e uma cachorra sabe o que é autoestima.
Era assim que eu ia me tratar.
Mônica
Clemente (Manika)
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