9 de mar. de 2021

267) Amores Reais - Parte 1 e 2

 




AMORES REAIS [i]

 

Peço licença para contar uma história Real, com todo respeito, para que nosso passo tenha mais consciência não do erro, mas de como estamos irremediavelmente juntos.

 

Para que a gente olhe para nós mesmos, sem pesar sobre eles os nossos julgamentos.

 

Em 1936, o Príncipe Edward, futuro rei da Inglaterra, abdicou do seu reino por amor a uma mulher que não foi aceita pela corte, pelos líderes políticos e nem pelo coração do povo que amava. 

 

Além disso, era véspera da II Guerra Mundial e Bessie Wallis Warfields era americana e estava casada pela segunda vez, quando começou seu romance com o herdeiro do trono inglês, e teria que fazer mais um divórcio, caso quisesse ficar com Edward.

 

Moralmente, o conservadorismo político daquela época e o escândalo de uma mulher ter tantos romances antes, durante e depois de dois casamentos, se aliaram a uma lei bem clara que durou até 2002: A Igreja Anglicana não permitia casamento de pessoas divorciadas com ex-cônjuges vivos. 

 

Observe este imperativo secular mortal rodando na mente coletiva por séculos: para uma pessoa se casar novamente, outra teria que morrer.

 

Vale lembrar do Rei Henrique VIII, do qual a princesa Diana é descendente. Ele mandava decapitar suas esposas para poder se casar com suas amantes.

 

Dito de outra maneira, o Rei Edward VIII só poderia se casar com Wallis se os seus dois outros ex-maridos estivessem mortos.

 

Diante de todos estes obstáculos políticos, sociais e morais, Edward abdicou do trono e, como satisfação ao seu povo, disse em transmissão nacional:

 

“Eu achei impossível carregar o pesado fardo de responsabilidade e executar minhas funções como rei como eu gostaria de fazer, sem a ajuda e apoio da mulher que amo.”

 

O trono, então, foi entregue ao seu irmão mais novo, Alberto, que recebeu o nome de Rei Jorge VI. Aquele mesmo que inspirou o filme “O discurso do Rei”. 

 

Edward e Wallis receberam o título de Duque e Duquesa de Windsor, mas ela jamais seria chamada de “Sua Alteza Real”, assim como nunca foi aceita pela família real.

 

Bert Hellinger observou nas Constelações Familiares que o amor flui na alma da família quando três ordens ocultas são observadas. Nesta ordem:

 

1.    Pertencimento

2.    Hierarquia

3.    Dar e Receber

 

Estas ordens estão implicadas umas nas outras. Se uma ou mais não são seguidas, as futuras gerações tentarão, inconscientemente, compensá-las, repetindo sem saber o mesmo destino daquele que foi 1. excluído, ou do que foi 2. desrespeitado ou 3. Perdeu algo (a vida, a liberdade, dinheiro) por causa de alguém.

 

Podemos ver e sentir estas leis operando em nossas vidas. E suas compensações também:

 

O Rei Jorge VI, que recebeu o trono porque seu irmão não quis renunciar ao amor, teve duas filhas.

 

A mais nova, Princesa Margareth, não pode se casar com um homem divorciado e por isso se afastou da família real. A mais velha, Isabel II ou a Elizabeth II, virou a herdeira presuntiva ao trono e teve quatro filhos. 

 

O mais velho, Charles, Príncipe de Gales e herdeiro aparente da Coroa, precisava casar com uma moça com passado impecável e de preferência uma protestante ainda virgem.

 

Mas ele amava a Camilia Shand, que nesta época era casada e com filhos.

 

Como todos ficaram sabendo, a amada pelo mundo inteiro Princesa Diana e o cobiçado Príncipe Charles tiveram um casamento de contos de fada e uma separação dolorosíssima para todos os envolvidos, inclusive o seu amado povo.

 

O divórcio tornou o herdeiro do trono inglês impopular, como seu Tio avô Edward quando abdicou do reinado.

 

O que fica oculto é que Wallis a esposa proscrita do Duque Edward era muito carismática a sua maneira, como foi Diana em seu turno.

 

E como Camila, a atual esposa de Charles nunca foi, pesando sobre ela o terrível escândalo de separar o casal real, como Wallis “derrubou” o rei.  

 

Duas mulheres na terceira geração carregam a luz e o fardo da mulher excluída.  E o sobrinho-neto de Edward  carrega a “mesma” desaprovação que fez o seu tio avô perder o reinado, e “só por isso” ele herdará o trono.

 

O príncipe Charles, graças à separação, pôde assumir seu amor por Camila, mas sem poderem se casar porque a Princesa Diana estava viva. 

 

Agora preste atenção nas tecelãs do destino (as Moiras): Depois da morte de Edward e Wallis, seus bens são leiloados. O Empresário Mohamad Al-Fayed compra grande parte das propriedades que foram dos amantes.

 

Ele é pai de Dodi Al-Fayed , namorado de Diana, que em 1997 morre com ela em um acidente de carro. O mundo inteiro sofre profundamente.

 

Um carro fúnebre, seguido por 2 crianças, filhos de Charles e Diana, cumpre o imperativo secular e mortal: Alguém tinha que morrer...


 

Charles, agora viúvo, poderia se casar com Camila, mas eles só se casam em 2005 porque o ex-marido de Camila ainda é vivo e as regras da Igreja Anglicana sobre este assunto só mudaram em 2002.

 

O segundo filho de Diana e Charles, príncipe Harry,  casou com Meghan Markle, atriz, americana e divorciada. Desta vez o casal Real pode cumprir suas núpcias com o apoio de todos.

 

Mas eles renunciaram à vida da monarquia, espontaneamente, como Edward e Wallis tiveram que fazer forçosamente. E falam mal  da sua família, como Edward e Wallis faziam.

 

Este é o itinerário dos amores reais! A gente acaba fazendo espontaneamente o modelo impresso forçosamente em outras gerações.

 

A tal de boa consciência que o Hellinger descobriu: Fluímos com as ordens e desordens ocultas do amor de “bom grado”, mesmo que seja numa rota de colisão.

 

A solução da desordem, como viu o Hellinger, seria incluir, de geração a geração, quem não pôde pertencer.  

 

Que a gente consiga incluir mais, agradecer mais e trocar mais!

 



[i] Este texto foi escrito originalmente em 2010 e publiquei em 2017 aqui no blog. Agora eu o publico novamente, trazendo mais informações. O primeiro texto está neste link aqui.

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