Uma situação reveladora é quando perguntamos como eram os avós em relação ao pai ou mãe da pessoa. Ou se aconteceu algo muito difícil com eles.
Alguns netos dizem, sem nenhuma reflexão, em ato contínuo: eram frios.
O que querem dizer? Que os avós eram salames, presuntos, mortadela? Frios?!
Além de nós, netos, estarmos dezenas de anos distantes da criança, adulto, meia idade, eventos, tristezas, alegrias que foram aqueles avós, se o pai ou mãe foi cuidada por eles, não há nada de frio ali.
E se não foram cuidados por eles, como podemos saber
o que aconteceu no íntimo das nossas avós e avôs?
O termo “frio” tem a ver com temperaturas baixas,
sem calor. Tem a ver com a temperatura de um réptil, sangue frio. Jacarés comem
seus filhotes. Tem a ver com alguém sem coração.
Será que nossos avós eram frios, desprovidos de
amor, quando a maioria se sacrificou totalmente para a família, sem exigir
nenhum reconhecimento?
Será que esta etiqueta que colocamos neles não está
revelando como ainda julgamos ou repassamos julgamentos, sem perceber o amor
que os ancestrais derramaram sobre a gente?
Uma mulher que teve e cuidou de 15 filhos, da casa e
do marido pode estar exaurida, deprimida e até desconectada de si mesmo por
tanta doação, mas nunca será fria.
Um homem que sai para trabalhar muito cedo, num
lugar muito distante, levando uma marmita, pode ter passado fome, se sentido
isolado e com medo.
Pode ter chegado tarde em casa por conta da
distância. E até bebido porque sua vida não fazia mais sentido, mas nunca será
frio.
Alguns deles, inclusive, tiveram irmãos e irmãs
jovens, que nunca voltaram para casa, depois de irem trabalhar na rua, vendendo
fósforos, em pleno inverno, para outros irmãos sobreviverem.
Talvez não fosse inverno, mas não voltaram para casa
nunca mais...como naquele conto de Andersen “A menina dos Fósforos”.
Quem tem este conto como seu preferido, pode estar
identificado com um tio ou tia avó ou bisavó, que morreu bem jovem, espalhando
seu calor no mundo (fósforo), em pleno inverno (a frieza dos julgamentos, ou um
mundo que não acolhe quem está em situação de vulnerabilidade).
Ou pode ser o próprio avô ou a avó mesmo, que
sustentou a sua família original desde criança e depois criou a sua própria família
e cuidou de tudo, sem nunca ter recebido um agradecimento.
É verdade! Possivelmente, nossos avós não foram
perfeitos para os filhos deles, mas deu certo!
Nossos pais seguiram em frente e nós nascemos e
seguimos em frente, transformando, a cada geração, dores antigas em bênçãos.
Como o lado de fora de uma jaqueta térmica, que
mantém a frieza do lado de fora para nos aquecer por dentro.
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