Instagram @constelandocomafonte
Publicação também no site Movimento Sistêmico
Existe
três tipos de amor: Eros que vem das entranhas e com “intenções” psicológicas. Quer
dizer, algo maior atua e quer se resolver por meio dos parceiros. Há também o amor chamado Ágape, que é universal:
“ama teu próximo como a ti mesmo”. E há o Amor pessoal, quando estamos em
sintonia fina com o que nos guia, ficando aptos para reconhecer e desfrutar de Eros,
Ágape e do Amor. Se Eros e Ágape são impessoais, a palavra em latim Amor se
refere a algo pessoal, e, segundo os trovadores do século XII, começa pelos
olhos até atingir o coração. Pelos olhos, especificamente, porque os casamentos
eram arranjados sem que os noivos se vissem. (Campbell, 2001: 200-2002)
Não
é à toa que o mito Eros e Psique vai do aspecto coletivo do amor (Afrodite) para o aspecto
pessoal (Psique), quando eles descobrem o Amor um pelo outro depois de se verem. O Ocidente do
século XII, então, inaugurou com os trovadores e o amor cortesão a
possibilidade deste Amor, que ao enxergar escolhe. Escolhe o que? Perseguir a
sua bem-aventurança. Imagina então como o Amor entre duas pessoas naquela época
desafiava a Igreja/Estado?
A
analista junguiana Marie-Louise Von Franz disse, na década de 1970, que há apenas 50 anos estávamos começando a casar por motivos
pessoais e não impessoais. Então casar com quem se ama é novo. E Hellinger completa
mostrando que o casamento (com Amor) acontece na “má consciência”: significa
romper com os mandatos do nosso clã para construção de algo novo. Isto estava
lá, no romance de Tristão e Isolda. Eles não aceitam violar o coração em nome
da sociedade.
“Qualquer caminho que eu escolha,
deve ser escolhido nesses termos; ninguém nem nada deve assustar-me e
demover-me da escolha. Não importa o que aconteça, isso é a validação de minha
vida e da minha ação.” (Campbell, 2001: 200).
Nem
Eros nem Ágape distraem quem escolhe viver o Amor, embora possam desembocar
nele. Quando o impacto espiritual do amor pessoal gera o casamento há o
reconhecimento simbólico da nossa identidade, somos dois aspectos da mesma
coisa. E é uma provação, segundo Campbell (2001): manter-se verdadeiro,
quaisquer que sejam os sofrimentos. Ou seja, quem está disposto ao amor está
disponível para dor. A dor do amor é a dor da vida. O casamento por Amor está
em sintonia com a vida e o Amor Pessoal é um Caminho de Bem-Aventurança. Por isso, também, Castañeda em sua jornada descobriu
que
“Um caminho é só um caminho, e não
há desrespeito a si ou aos outros em abandoná-lo, se é isto que o coração nos
diz...Examine cada caminho com muito cuidado e deliberação. Tente-o muitas
vezes, tanto quanto julgar necessário. Só então pergunte a você mesmo, sozinho,
uma coisa... Este caminho tem coração? Se tem, o caminho é bom, se não tem, ele
não lhe serve. Um caminho é só um caminho. ”
Nenhum comentário:
Postar um comentário