Para sentir é preciso aguentar o oceano de imagens
às avessas. Quem vê de fora, parece que estamos boiando. Para boiar é preciso
entrar em contato com os sonhos. Quem vê de fora, parece que estamos vívidos!
Quando Ray Bradbury escreveu o conto de ficção científica Bright
Phoenix (1948), estávamos nos entregando às delícias da televisão.
Qual era?
Ela sonhava por nós, com suas imagens sobrepondo
nossa imaginação.
Já não precisávamos mais confrontar-nos com as imagens do
inconsciente, perdendo, sem saber, a capacidade dos sonhos noturnos, treinos
dos sonhos diurnos.
O sonhador não é alguém passivo, está sempre em exercício porque
“a alma humana quando sonha, é a um só tempo, o teatro, os atores e a plateia”
(Joseph Addison). E porque nós somos bichos da imaginação,
narrativas vivas do inconsciente. Sem acesso ao mundo interior
ficamos como zumbis.
Na ficção de Bradbury, preocupado com os efeitos de sonharem por
nós, as bibliotecas seriam queimadas. E os rebeldes que decoraram os clássicos
para mantê-los vivos teriam esse destino também. Com isso, o autor nos fazia
sentir a perda do acesso à nossa alma: a capacidade de sonhar.
A história do livro se passa em 2022, daqui 2 anos, época em que
as redes sociais não só sonham por nós, como nos dão mais prazer do que as
relações sexuais e o chocolate. E não sou eu quem disse isso, mas as pesquisas.
Para ler, ter tesão, se relacionar, amar, sonhar, lidar com
desejos, medos recalques e aguentar todo esse oceano precisamos manter os
portais que nos levam até ele.
Não precisamos sair da rede, nem parar de ver TV. Mas precisamos
da literatura com seu pacto oceânico.
E meditar... Nada nos conecta mais com a
imaginação do que os sonhos noturnos e os diurnos das artes e da
meditação.
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Bright Phoenix deu origem ao livro
Fahrenheit 451, e posterior filme de Truffaut.
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