2 de set. de 2020

176) Mulher e a Jornada do Feminino

 


Querida Mamãe
Mônica Clemente (Manika)

Querida mamãe,

 

Me tornei mulher como você. E hoje posso ser o que eu escolher. Embora ainda tratem minha voz com cadeados. 

 

Sim, mãe, há homens e mulheres me dizendo o que devo ou não dizer como mulher e profissional, mesmo que eu tenha dados que comprovem minha fala, sem esfregá-los na cara de ninguém. 

 

É porque há muito tempo só havia uma opção para nós, casar e gerar filhos, o que é maravilhoso, mas não tínhamos permissão para seguir outras vocações junto daquela. Ou pensar independentemente.

 

Para as que casaram e/ou foram mães sem ser estes o seu chamado, deve ter sido difícil. E para as que queriam este destino não foi mais fácil, porque suas vozes eram abafadas. 

 

Ainda hoje, muitas de nós se veem perdidas ou sem valor se não casam e não são mães. Sem perceber as possibilidades que podem criar para si mesmas e às futuras gerações. Inclusive de criar paradigmas que dão mais espaços para as futuras mulheres.

 

Ainda hoje somos esposas e mães, sem que algumas de nós perceba o nosso   valor se não temos um trabalho e se não ganhamos nosso dinheiro.

 

Mas aí eu olho para você, mãe, e para todas as mulheres e aceito o seu feminino e de cada uma delas exatamente como foi e é. Você não precisa fazer ou ser mulher, mãe ou esposa o que eu imagino ser o certo.

 

E paro de achar desculpas para nossos eventuais erros, para não perder minha força e autonomia. 

 

O que cada uma de nós fez com seu feminino, dentro do que nos era permitido, fora e dentro da gente, é obra completa. Não porque está pronta, mas porque é a digital daquela vida, naquele momento. 

 

Ainda temos que nos soltar de muitos grilhões, mamãe, mas o primeiro passo que eu vou tomar é tratar do meu útero como uma das matrizes de quem sou e do que desejo servir, e não mais como propriedade do coletivo. Embora ele nos ligue a toda humanidade. 

 

Eu também vou usar seus poderes não só para gerar a vida, ou pra me sentir mulher. 

 

Há muito o que descobrir sobre o feminino, mãe, sem tirar a sua força e sem tirar a minha.


Mônica CLemente (Manika)

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