Questões fundamentais da nossa vida podem
estar nos mitos ou lendas com todo o ensinamento e soluções que aguardam. Por
exemplo, em Negrinho do Pastoreio, lenda africana e cristã, encontramos
diversas situações que ainda hoje acontecem e guardam sua solução.
Na lenda há um menino órfão e escravizado
por um estancieiro cruel, como aconteceu de verdade por muitas gerações. Seu
“dono” o chamava de Negrinho, porque não tinha um nome, e o obrigava a
pastorear lhe impondo castigos por qualquer motivo. Um dia, o garoto foi punido
mortalmente e jogado para as formigas o devorarem. Há quem justifique a punição
contando que o Negrinho não ganhou a corrida de cavalos apostada pelo
proprietário, como os Autos de Resistência que justificam a morte de civis pela
polícia. Mas ele foi assassinado mesmo. Ele não tinha nome, como
todos aqueles despidos de direito. O estancieiro então viu a Virgem Maria
levando o menino para o Céu. Desde então, o Negrinho do Pastoreio é visto
galopando por este mundão.
Não damos nome ao que tememos perder
ou nos apegar. Também não reconhecemos quem queremos dominar. As primeiras vítimas deste destino são os mais vulneráveis, como as crianças órfãs
de pai, mãe e do Estado. Por isso, toda criança que está à deriva encontra o
colo da Virgem Maria. Ela é aquela parte sagrada, em cada um de nós, que nos
lembra da irmandade da humanidade, família universal que devemos cuidar. Mas
o cuidado deve ser no mundo dos vivos.
Em 1936, antes da 2a Guerra Mundial,
o atleta Jesse Owens, descendente de africanos escravizados nos Estados Unidos,
quebrou recordes no Atletismo dos Jogos de Berlim na Alemanha nazista.
Hitler se recusou a cumprimentá-lo, assim como o presidente Roosevelt não
o homenageou quando retornou ao seu país. O atleta só teve o merecimento
que merecia depois de morto, como a alma do Negrinho no colo da Virgem Maria. Mas a lenda tem
uma revelação: "se eu, a Virgem Maria, represento a mãe de todos, vocês todos são irmãos".
“Talvez nenhum outro atleta em todo o
mundo, em todos os tempos, tenha simbolizado melhor a luta humana contra a
tirania, a miséria e o racismo”. Presidente Jimmy Carter homenageando o então
recém falecido recordista Jesse Owens.
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