O gato, disse Marie-Louise Von Franz, é o
símbolo do feminino. Ele é autêntico, sabe o que quer, não pode ser dominado e sofre grande
rejeição por causa dessas mesmas características.
Ele não se enquadra
na definição de um pet, ou um bonequinho que tem vida manipulável pelo seu
“dono”. Aliás não existe pet. Os bichos sobrevivem como podem na relação com os
humanos. A castração é uma das imposições sobre os gatos para ficarem
gordos em casa. Para perderem a conexão com suas almas.
Sexualmente os gatos
têm rituais interessantíssimos e as gatas são excelentes mães no
reino animal. Todas estas características simbolizam o princípio feminino, se
não pensarmos nas influências culturais.
A deusa egípcia
Bastet, com cabeça de gato, simboliza estas características femininas, até
aquelas castradas, como a inteligência. Ela é solar, guardiã da fertilidade,
rege os Eclipses Solares, quando Luz e Sombra plasmam novas compreensões, e
protege as mulheres grávidas. Quando a Grécia fez o sincretismo dela com
Ártemis, uma deusa Lunar, parte de suas características se “perdeu”.
Bastet com divindade
do Sol é da mesma estatura dos grandes deuses. E o Sol simboliza, entre outras
coisas, a inteligência, uma característica culturalmente negada do princípio
feminino. Alguns dizem que nos sentimos vulneráveis quando somos chamadas de
feia. Numa cultura que acha que mulher não é inteligente, mas tem que ser
bonita, ou ser inteligente a torna feia, é isso mesmo. As modelos andam como
gato, já repararam? E são consideradas burras no imaginário coletivo. Beleza e
burrice parece que andam juntas quando Bastet perde o status de divindade Solar
no nosso inconsciente.
Quando a mulher é
inteligente, trabalha e serve com sua inteligência, e tem um mandato cultural
interno para pensar que é burra, mesmo que não acesse este mandato rodando como
um vírus a sua vida, ela tem problemas ginecológicos, disse o psiquiatra
Rudiger Rogoll, porque “perdeu” uma das conexões com o feminino - ser
inteligente. Ela na verdade não perdeu, mas o caminho está obstruído pelos
mantados coletivos.
Muitas vezes Bastet
aparece apenas como um gato, engatinhando bem na nossa frente para nos lembrar
da nossa inteligência. E de como somos sempre lindas não importa os espartilhos
que esperam da gente.
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Amei o texto.
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