6 de set. de 2019

102) O Animus e a relação da mulher com o homem



Cronos


Todo padrão, positivo ou negativo, tem ventosas, escrevendo com nosso sangue o seu destino. O animus, segundo Jung, é a contrapartida masculina no psiquismo da mulher moldado pelos mandatos da mãe, vivências e conceitos das avós e ancestrais sobre os homens. Ele também é talhado na relação com o pai, os avôs, a cultura masculina do seu clã e uma pitada oceânica de nós mesmas atacando ou aceitando os homens.

Ele é necessário e nos leva além, mas pode ser negativo impedindo toda relação. Ele é o demônio Asmodeu matando os 7 maridos de Sara. E o Anjo Rafael que a uniu, depois, com Tobias. Se quiser ler um excelente artigo sobre a análise junguiana do animus neste mito e na relação de mulheres com seus companheiros, acesse aqui.

Sistemicamente, vemos relações difíceis com os homens na filhinha do papai que rejeita tudo que vem da mãe (Basta atender às expectativas do pai como se ele fosse nosso homem. E negarmos nossa mãe como mulher e mãe). Basta achar que uma mulher deveria agir diferente do que age para sentir o timbre do animus negativo.

O Animus negativo (AN) não solta até pararmos de nos debater tentando mudar fora, no homem, o que o feminino tem que fazer. Podemos até ser submissas, femininas e meigas mas ele é cruel, sádico, prepotente, castrador e possessivo aparecendo em nossa voz interior: “Quero um homem espiritualizado como eu”. Este é o melhor disfarce do AN! Parece que melhoramos em nosso percurso de autoconhecimento, mas na verdade emparedamos o feminino ou quase o aniquilamos querendo algo melhor que um homem: um santo.

Tem também aquelas frases interiores: “Você vai dar mole pra ele que não te respondeu o zap faz 2 segundos?!!!”; ou “Quando amo faço assim! Por que ele não é igual a mim?!”; ou “Ele não está usando todo o potencial dele”. O Animus negativo aqui está competindo para ver quem é o melhor homem para a mulher. Ele, possuindo o psiquismo feminino, ou aquele que ela se sente atraída, mas não atende às expectativas do animus.

 “Ele vai te achar uma puta se você pintar as unhas de vermelho! Oh, falei puta!”. Se um homem achar isso, sai pela esquerda, mas se você pensar o que ele vai pensar, o inimigo tá dentro.  

“Vou dar uma lição de constelação familiar pra ele!”. Ai,ai,ai. O Animus negativo adora ser psicóloga dos namorados. “Todos os homens não prestam”. “Ele só quer me comer !” Enfim, uma infinidade de vozes que parecem ser nossas, mas é do Animus negativo querendo todo seu psiquismo só para ele e para você não casar e cuidar da sua mãe ou pai. Para poder vencer no trabalho rejeitando todas as suas outras necessidades femininas. Para continuar culpando os pais pelos desafios que eles trouxeram, feitos sob medida para gente melhorar, mas que não queremos encarar.

Pode ser sim que a tua avaliação de um homem seja precisa e não o animus negativo sabotando a relação. Pode ser que ele não seja um homem sério que você imagina que vai torna-lo sério. Talvez tenhas te apaixonado justamente porque ele é leve. Então curte isso. Se não te serve para casar, também aceita isso. Se tentar moldá-lo porque no fundo ele não chegou ao ápice dele, isso é coisa de animus negativo. Usa esta energia para buscar teus objetivos, animus positivo, e não mudar o outro.

Tem dois antídotos para o animus negativo: paciência e uma fila de mulheres ancestrais fortalecendo o feminino. E / ou começar a respeitar o seu pai. Se ele “não se dá ao respeito” (o que será isso, né?) é problema dele. Se quiser tratar o seu animus, ou doutrinar o seu homem ou mudar o seu pai, vai ser tragada pela negatividade do animus novamente. Focamos no feminino e respeitamos o pai e os homens.

Vamos ver isso e muito mais no seminário de Constelação Familiar “O Pai e o Mundo” em Porto Alegre dias 13 e 14 de setembro de 2019. O link está aqui.

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