Cronos
Todo padrão, positivo ou negativo, tem
ventosas, escrevendo com nosso sangue o seu destino. O animus, segundo Jung, é
a contrapartida masculina no psiquismo da mulher moldado pelos mandatos da mãe,
vivências e conceitos das avós e ancestrais sobre os homens. Ele também é
talhado na relação com o pai, os avôs, a cultura masculina do seu clã e uma
pitada oceânica de nós mesmas atacando ou aceitando os homens.
Ele é necessário e nos leva além,
mas pode ser negativo impedindo toda relação. Ele é o demônio Asmodeu matando os 7 maridos de Sara. E o Anjo Rafael que a uniu,
depois, com Tobias. Se quiser ler um excelente artigo sobre a análise junguiana
do animus neste mito e na relação de mulheres com seus companheiros, acesse aqui.
Sistemicamente, vemos relações difíceis com os homens na
filhinha do papai que rejeita tudo que vem da mãe (Basta atender às
expectativas do pai como se ele fosse nosso homem. E negarmos nossa mãe como
mulher e mãe). Basta achar que uma mulher deveria agir diferente do que age
para sentir o timbre do animus negativo.
O Animus negativo (AN) não solta até pararmos de nos debater
tentando mudar fora, no homem, o que o feminino tem que fazer. Podemos até ser
submissas, femininas e meigas mas ele é cruel, sádico, prepotente, castrador e
possessivo aparecendo em nossa voz interior: “Quero um homem espiritualizado como
eu”. Este é o melhor disfarce do AN! Parece que melhoramos em nosso percurso de
autoconhecimento, mas na verdade emparedamos o feminino ou quase o aniquilamos
querendo algo melhor que um homem: um santo.
Tem também aquelas frases interiores: “Você vai dar mole pra
ele que não te respondeu o zap faz 2 segundos?!!!”; ou “Quando amo faço assim!
Por que ele não é igual a mim?!”; ou “Ele não está usando todo o potencial dele”.
O Animus negativo aqui está competindo para ver quem é o melhor homem para a
mulher. Ele, possuindo o psiquismo feminino, ou aquele que ela se sente
atraída, mas não atende às expectativas do animus.
“Ele vai te achar uma
puta se você pintar as unhas de vermelho! Oh, falei puta!”. Se um homem achar
isso, sai pela esquerda, mas se você pensar o que ele vai pensar, o inimigo tá
dentro.
“Vou dar uma lição de constelação familiar pra ele!”. Ai,ai,ai.
O Animus negativo adora ser psicóloga dos namorados. “Todos os homens não
prestam”. “Ele só quer me comer !” Enfim, uma infinidade de vozes que parecem
ser nossas, mas é do Animus negativo querendo todo seu psiquismo só para ele e
para você não casar e cuidar da sua mãe ou pai. Para poder vencer no trabalho
rejeitando todas as suas outras necessidades femininas. Para continuar culpando
os pais pelos desafios que eles trouxeram, feitos sob medida para gente
melhorar, mas que não queremos encarar.
Pode ser sim que a tua avaliação de um homem seja precisa e
não o animus negativo sabotando a relação. Pode ser que ele não seja um homem
sério que você imagina que vai torna-lo sério. Talvez tenhas te apaixonado
justamente porque ele é leve. Então curte isso. Se não te serve para casar,
também aceita isso. Se tentar moldá-lo porque no fundo ele não chegou ao ápice
dele, isso é coisa de animus negativo. Usa esta energia para buscar teus
objetivos, animus positivo, e não mudar o outro.
Tem dois antídotos para o animus negativo: paciência e uma
fila de mulheres ancestrais fortalecendo o feminino. E / ou começar a respeitar
o seu pai. Se ele “não se dá ao respeito” (o que será isso, né?) é problema
dele. Se quiser tratar o seu animus, ou doutrinar o seu homem ou mudar o seu
pai, vai ser tragada pela negatividade do animus novamente. Focamos no
feminino e respeitamos o pai e os homens.
Vamos ver isso e muito mais no seminário de Constelação
Familiar “O Pai e o Mundo” em Porto Alegre dias 13 e 14 de setembro de 2019. O link está aqui.
Que texto maravilhoso. A forma de falar muito compreensivel. Obrigada!
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