Por exemplo, o avô excluído, o primeiro esposo morto da bisavó antes de encontrar seu bisavô, a noiva largada ou ex-namorado que ainda serve de deboche nas conversas levianas, os filhos perdidos da bisavó, da mãe, nossos, a raiva sufocada da ancestral contra o marido abusivo, e tantos outros “cantos sem cantores”* . Estas dinâmicas ressurgem numa paixão desenfreada buscando a solução tão aguardada. A paixão é insuportável, mas se a perdemos parece que arrancaram um braço, sem perceber que o tronco quebrado da árvore familiar quer renascer através da gente.
Tão logo fazemos os movimentos necessários de incluir os excluídos, aceitar os sentimentos das antigas gerações sem querer vinga-los, aceitar nossos pais como são, inclusive como amam seus parceiros parando de dar-lhes conselhos, voltamos ao nosso lugar de poder. Como um riacho que parou de achar que é a cascata que o fez nascer, equilibramos o dar e receber agradecendo de onde vem mais (os pais) sem se arrogar à pagar para eles, mas servindo à vida que segue em frente.
Reencontramos o nosso centro e deste lugar deixamos o novo movimento atuar por um tempo, até que Eros não use mais suas flechas para resolver a nossa pré-história, antes de nascermos. Daqui em diante o amor ainda vai nos debulhar, mas o Cupido nos lançará a outro tipo de encontro amoroso.
Como disse Hellinger, tem ordens ocultas que permitem o amor fluir. Sem elas, o amor cai no desfiladeiro dos ecos, com elas pode seguir.
*”canto sem cantor” é um verso da música “Catendê” de Jocafi, Ildazio Tavares (a poesia é dele), Onias Camardelli:
intérprete: Maria Creuza, Toquinho, Vinícius de Morais
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