Luanté...
o reflexo tímido de homens excluídos da família ilumina gerações.
A Lua em nosso imaginário – e a
imaginação não é uma abstração, mas um campo da nossa totalidade – se conecta ao
feminino e nisso se liga à periodicidade, à renovação, à mãe (Chevalier, 2000: 565).
Ao refletir
menos de 10% da luz do Sol, ela sussurra alguma lembrança. O Yang tingindo o Yin? O pai no ventre da mãe?
O Avô no rosto da filha?
...!...
(suspiro)
...Sabe-se lá o que diz o Luar.
...!...
(suspiro)
...Sabe-se lá o que diz o Luar.
Estava aqui,
depois dos encontros com as Constelações Familiares, escutando “O Mar, os Rios e
a Chuva” de Monique Aragão.

Link da música: O Mar, os rios e a chuva
Esta obra lindíssima evocou as noites em que eu
ansiava o rosto de alguém na Deusa Noturna. Com o tempo descobri que era anseio
por um pai: seria o meu pai, sempre ao meu lado, mas que eu ignorava, ou o pai da
minha avó morto quando ela tinha 9 anos, ou o bisavô rejeitado por
todos os/as filhos/as?
"Ah, mas eu nem os conheci!”
"Ah, mas eu nem os conheci!”
“Que importa?! A negação de quem pertence grita durante
gerações”.
Há, como já devem ter observado, mais homens excluídos nas famílias do que mulheres: ele bebeu, ele traiu, ele
assediou, bateu, morreu cedo, tem uma orientação sexual "estranha" (?), foi comprar cigarrilhas, deserdou e nunca mais
voltou. A exclusão ou esquecimento deste homem - pai, irmão, avô, filho -, pensamos, aplaca a nossa dor, muitas vezes cometida por ele. Só não impede sua luz (10% dela?) de tingir o rosto de algum descendente - que repete sua sina para honrá-lo, lembrá-lo, incluí-lo - durante a discrição da noite.
Bem, este meu anseio
pelo pai, primeiramente, veio disfarçado de mestre de Tantra Yoga. E um dos
textos mais lindos e simples que li desta escola era dele (Sarkar - 1921-1991).
Não quero reproduzir a inscrição, mas contar
como ela ficou em mim.
Imagina o espanto do reflexo da Lua em uma gota d´agua ao descobrir o Luar...
...e depois, como uma chuva de
flores, se deparar com a própria dona da imagem que ela, pedacinho do mar,
pensava ser. Na Lágrima Enluarada crescerá um desejo incontrolável (agora consciente) pela Pérola do Céu. Quando os dois, reflexo e Lua, se tornarem um, isso é yoga.
União.
Neste encontro nem de antes ou de
depois o tapete dos universos manifestados se desfaz, não porque foi desfiado,
mas porque virou do avesso para além das dobras.
É neste estado
– se posso ousar supor isto – que o movimento do amor das Constelações foca
seus esforços e leva o sistema familiar, muitas vezes emaranhado em repetições
de destinos difíceis – como a exclusão do pai/mãe do coração de seus filhos/as
-, para além do mar, para o estado de a-mar.
Lindo texto e linda música! Muita alegria ver este encontro de pessoas tão queridas!
ResponderExcluirFernando! Gratidão, também, por ter colocado a Monique em eu caminho! beijo grande!
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