5 de dez. de 2012

11) Luanté

Luanté... 
o reflexo tímido de homens excluídos da família ilumina gerações.



A Lua em nosso imaginário – e a imaginação não é uma abstração, mas um campo da nossa totalidade – se conecta ao feminino e nisso se liga à periodicidade, à renovação, à mãe (Chevalier, 2000: 565).

Ao refletir menos de 10% da luz do Sol, ela sussurra alguma lembrança. O Yang tingindo o Yin? O pai no ventre da mãe? O Avô no rosto da filha?

...!...
(suspiro)

 ...Sabe-se lá o que diz o Luar.

Estava aqui, depois dos encontros com as Constelações Familiares, escutando “O Mar, os Rios e a Chuva” de Monique Aragão. 


              Link da música: O Mar, os rios e a chuva

Esta obra lindíssima evocou as noites em que eu ansiava o rosto de alguém na Deusa Noturna. Com o tempo descobri que era anseio por um pai: seria o meu pai, sempre ao meu lado, mas que eu ignorava, ou o pai da minha avó morto quando ela tinha 9 anos, ou o bisavô rejeitado por todos os/as filhos/as? 

"Ah, mas eu nem os conheci!” 

“Que importa?! A negação de quem pertence grita durante gerações”.

Há, como já devem ter observado, mais homens excluídos nas famílias do que mulheres: ele bebeu, ele traiu, ele assediou, bateu, morreu cedo, tem uma orientação sexual  "estranha" (?), foi comprar cigarrilhas, deserdou e nunca mais voltou. A exclusão ou esquecimento deste homem - pai, irmão, avô, filho -, pensamos, aplaca a nossa dor, muitas vezes cometida por ele. Só não impede sua luz (10% dela?) de tingir o rosto de algum descendente - que repete sua sina  para honrá-lo, lembrá-lo, incluí-lo - durante a discrição da noite.

Bem, este meu anseio pelo pai, primeiramente, veio disfarçado de mestre de Tantra Yoga. E um dos textos mais lindos e simples que li desta escola era dele (Sarkar - 1921-1991).

 Não quero reproduzir a inscrição, mas contar como ela ficou em mim.

Imagina o espanto do reflexo da Lua em uma gota d´agua ao descobrir o Luar...

...e depois, como uma chuva de flores, se deparar com a própria dona da imagem que ela, pedacinho do mar, pensava ser. Na Lágrima Enluarada crescerá um desejo incontrolável (agora consciente) pela Pérola do Céu. Quando os dois, reflexo e Lua, se tornarem um, isso é yoga. União.

Neste encontro nem de antes ou de depois o tapete dos universos manifestados se desfaz, não porque foi desfiado, mas porque virou do avesso para além das dobras.

É neste estado – se posso ousar supor isto – que o movimento do amor das Constelações foca seus esforços e leva o sistema familiar, muitas vezes emaranhado em repetições de destinos difíceis – como a exclusão do pai/mãe do coração de seus filhos/as -, para além do mar, para o estado de a-mar.


2 comentários:

  1. Lindo texto e linda música! Muita alegria ver este encontro de pessoas tão queridas!

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    1. Fernando! Gratidão, também, por ter colocado a Monique em eu caminho! beijo grande!

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