Ou as 3 Consciências segundo Bert Hellinger
Foto de Tariq Dajani
Eu estava tentando intuir o tom
dos KOANS[1],
narrativas do Zen-budismo que não podem ser apreendidas pela razão, quando senti o lampejo das fendas ...
Desta percepção, sem o rumo da lógica, fui até as mudanças da consciência no movimento da constelação.
Lembrei-me das falhas de um
barracão de madeira velha por onde uma nesga do vigor do Sol atinge o rosto
dos amantes, como em Eros e Psique. Se não fossem estas imperfeições da moradia que deixam ver além das fronteiras, eles ainda
estariam aprisionados na escuridão acreditando firmemente viver em castelos de
prazeres infinitos. Mas o amor exige mais, muito mais.
É que as fendas, como no koan, motivam o aprendiz às revelações. É por meio de revelação que a constelação acontece, por isso não há um saber por trás, mas um olhar desde o centro. Só assim a consciência, no que move o
amor, pode plasmar outros começos para os emaranhamentos, por exemplo, 3:
1) Num deles, que Hellinger chama de Consciência Pessoal, faz-se a diferenciação entre o bem e o mal e quem pode
pertencer ou será excluído de acordo com estes horizontes. Nesta fase um parente pode ser
banido, por justa causa, do sistema familiar. Geralmente é aqui que começam os emaranhamentos e repetições de destinos difíceis. Uma coreografia com partituras rígidas.
2) Na "segunda", a Consciência Coletiva, a coreografia e o que a faz dançar o drama se alarga para defender e incluir os
excluídos, no entanto suas fronteiras de aceitação protegem só o grupo. Por exemplo, dois sistemas
familiares para defender e honrar seus membros acham justas as vinganças de sangue, como no filme "Abril Despedaçado" de Walter Salles.
3) Na Consciência
Espiritual o movimento foi além das fronteiras e das perfeições – coisas de bem
e de mal, coisas de pertencimento e exclusões e de opostos irreconciliáveis - e desembocou no Todo.
Aqui, onde tudo É, as brechas da imperfeição, como os olhos que se abrem na interioridade, deixam atuar sobre nós os vislumbres do Uníssono.
Pina Bausch - Light
O Vedic Hymn canta sobre esta dimensão onde tudo é, sem separações: Om Poornamadha (do álbum "Om Perfect")
Om
Poornamadha Poornamidham
Om
Poornaath Poorna Mudhachyate
Poornasya
Poorna Maadhaaya
Om
Poorna Meva Vasishyathe
(Isto
é Tudo, Aquilo é Tudo
Do
Todo o Todo surge
Tirando
o Todo
o
Todo permanece)
[1]
Koans são narrativas ou afirmações com poderes de iluminação na tradição
budista, mas sua ação não é acessível por meio da razão, só da verdadeira
quietude.
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