29 de jan. de 2020

107) Como transformar padrões de destruição de relações?



          Todo padrão tem ventosas, escrevendo o destino com nosso sangue. O animus, segundo Jung, é a contrapartida masculina no psiquismo da mulher moldado pelos mandatos da mãe, vivências e conceitos sobre os homens das avós e ancestrais. Ele também é talhado na relação com o pai, os avôs, a cultura masculina do seu clã e uma pitada oceânica de nós mesmas atacando ou aceitando os homens. Ele é necessário e nos leva além porque nos conecta a nossa verdade,  mas pode ser negativo impedindo toda relação. 

          Num contexto mais amplo, vemos relações difíceis com os homens na mulher  que rejeita o pai ou no oposto, a filhinha do papai que rejeita tudo que vem da mãe. Por exemplo, ela atende às expectativas do pai como se ele fosse o homem dela. Ela quer ser a mulher certa para o pai, representar a anima dele (contrapartida feminina no inconsciente masculino) ao invés de ser fiel a si mesma. Ou ela nega a mãe como  mulher  e como mãe. Julga tudo o que a mãe faz como mulher, por exemplo, se a acha submissa demais. 

          O Animus negativo  não nos solta até pararmos de nos debater tentando mudar fora, no homem, o que o feminino tem que fazer para descobrir o que quer numa relação - e ser fiel a isso. Lembre-se o animus positivo ajuda a mulher a saber de sua verdade, o negativo confunde ela e quer mudar o homem.

           Podemos até ser submissas numa relação, mas o animus negativo aparece como frieza e crueldade no nosso comportamento, porque ele é cruel, sádico, prepotente, castrador e possessivo. Ele nos faz pensar: “Quero um homem espiritualizado como eu”. Este é o melhor disfarce do Animus Negativo! Desistimos de um homem de carne e osso pela imagem de um santo. Tem também: “Se ele não responder o zap - 2 segundos - eu acabo com ele!”. Sim, às vezes o companheiro não é disponível afetivamente e isso reverbera nas respostas do zap e outras esferas da relação, mas o exemplo aqui é da mulher estar tomada pela imagem negativa de um homem interior e projetar isso no homem exterior.

         Outro bom disfarce do animus é “quando amo faço assim, porque ele não faz igual a mim?!”, ou “Ele vai te achar uma p... se você pintar as unhas de vermelho e se vc falar palavrão.” 

          Se um homem ou mulher achar isso mesmo sobre você, saia da relação. Mas se você pensar o que teu companheiro está pensando, ou sobre as intenções dele, o inimigo tá dentro. “Vou dar uma lição de constelação familiar pra ele!” O Animus negativo adora ser psicóloga dos namorados. “Todos os homens não prestam”. “Ele só quer me comer!” 

             Enfim, há uma infinidade de vozes que parecem ser nossas, mas é do Animus negativo devorando todo nosso psiquismo. Ele serve como interna negativa castradora, que impede uma relação plena com um homem. E serve para não casarmos também e acabar cuidando da mãe ou pai mais velhinhos. Serve para negar tudo o que é feminino em nós e para continuarmos culpando os pais pelos desafios impostos. Estes desafios foram feitos sob medida para melhorarmos, mas o animus gosta de dizer internamente que não vamos vencê-los. 

           Como tratar? Nunca atacar diretamente o animus na gente ou no homem. Isso nos mantém reféns. E dois antídotos: “meu pai é o certo pra mim” e “eu tomo a vida da fila das ancestrais”.

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