29 de jan. de 2020

106) Brumas de Avalon e os Mandatos de não Casar

           


        O mandato “não se case e não tenha filhos” está encenado em “Brumas de Avalon” de Marion Zimmer Bradley. Aqui duas mulheres seguem sem saber o que outros escolheram para elas. Morgana, afinada com o arquétipo da sábia, é conhecedora do mistérios. Guinevere, afinada com o arquétipo da amante, se casa bem, com o maravilhoso Rei Arthur, embora seu coração fosse do fiel cavaleiro do Rei, Lancelot, que a correspondia fervorosamente.

            Esta imposição tentava manter em paz a religião da deusa representada por Arthur, com o novo deus cristão representado pela Guinevere, numa transição de era imune às manipulações humanas. Morgana tb foi obrigada a servir aos interesses da deusa, sem poder ter um parceiro, embora tivesse um filho com quem não escolheu. Seus destinos vistos pela noção de consciência pessoal e coletiva observadas por Hellinger na Constelação Familiar, mostra Morgana com acesso à sexualidade e intelecto, mas sem ter uma vida pessoal, só o do seu clã, especificamente um mandato que diz: “você pode transar e trabalhar, mas não case! Sua dedicação será pra mim, sua mãe.” 

           Assim entra numa guerra em defesa de algo maior que sua força, como descobriu ao final se reconciliando com seu destino. E vai morar com as freiras sem ter um relacionamento. Guinevere teve outro mandato: “case com alguém que cuide dos interesses da família. Os teus não importam”. Ela não sabia quem era, como as filhas devoradas pela mãe. Nos dois casos, o feminino não venceu os roteiros ocultos. 

          O que as libertaria seria perder os preconceitos contra ter um homem como amor e parceiro e ter filhos com ele, sem achar que isso rouba algo delas. Estes mandatos minam o feminino que se individua para além dos desejos insatisfeitos da mãe. Eles têm poder em toda mulher que critica o casamento ou a mãe por aturar aquele marido ou a mulher que escolhe ficar em casa cuidando dos filhos. Ou que não reconhece, honra e agradece o trabalho que a “dona de casa” mamãe faz até hoje. Também àquelas que não querem ser iguais às mães. A solução? Deixar a mãe ser a mulher que ela é, sem sentir culpa, pena ou criticas, e ir cuidar do seu feminino. Assim as brumas do passado se dissiparão do futuro.

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