Trilha sonora para um relato que acabou
ficando muito pessoal, mas é sobre o pai.
...Nada mais íntimo
do que esta realização em um/a filho/a.
De qq maneira, a
intenção é de que seja, como amor, para todos os homens que viraram pai, por
exemplo, o meu pai e os que vieram antes dele, ou você, ou seu pai.
"Catendé"
Antonio Carlos & Jocafi, Ildásio Tavares e Onias Camardelli
(Álbum "Vinícius de Moraes Grabado en Buenos Aires"
- um dos melhoresde MPB gravados ao vivo - maravilhoso!)
Atrás do meu avô, tem o Nono, e dele vieram todos os pais. Atrás da minha avó, o Mariano, e dele mais pais. Tem o
Domingos, pai da minha mãe e atrás, apoiando, tem o Zin com outros pais. Tem o pai da minha avó materna, e atrás dele paz com todos os pais. Uns da Espanha, outros da
Itália e outros de Portugal. Tem os povos indígenas, pais e mães de minhas
bisavós paterna e materna e atrás delas todos os pais. Genaros, Tupi Guaranis e
mais. Tem meu pai e minha mãe brasileiros que me trouxeram todos estes pais e
países, estas mães e matrizes. Muitos homens amaram as suas mulheres, mesmo que
por um momento, até chegar no/a filho/a. Eu venho daí, desse oceano infinito de amor.
Quando se reverencia os pais e as mães se olha longe, a verdadeira riqueza é
extensa, fica mais fácil assim.
Ninguém pode me impedir
de ter meus tesouros. Nenhuma lei, nenhuma chantagem, nenhum ciúme, nenhuma
crença, nenhuma mágoa minha, nenhuma mãe devoradora, nenhum erro do pai pelo
caminho. Ele, o pai, não o erro, “é o certo para mim” (Hellinger).
Quanto tempo se precisa para realizar
isso?
Se eu tiver que lutar com dragões -
internos e externos - para libertar meu pai do mundo das (minhas e das auto-impostas) exclusões, eu lutarei!
Não importa nem se ele não me quiser, ou se cometeu um ato terrível. Ele me deu
a vida.
E sua mão, mesmo se já partiu ou se nunca
o conheci, me liberta de toda prisão. É só imaginar a mão dele segurando a minha, sem precisar chamar o
desespero para ter coragem de pedir isso. Se houve algum pai adotivo, eu o aceito
também, com o meu pai de sangue atrás de mim. Mesmo que ele tenha me abandonado
é da sua seiva que eu chego a você como filh@ e eu reverencio o essencial
também, ou quando não me resta mais nada. E isso já é tanto...
Tomar o pai e a mãe, aprendi, é uma
ação de recebê-los como pessoas que são (Hellinger, 2009). Não seus erros e
acertos, seus abandonos e presenças. Tomá-los com todo o suporte das distâncias
ancestrais até as últimas consequências: @s filh@s, eu, você @s outr@s.
E, no caso das relações amorosas, tenho
sentido, a mulher que recebe todas as suas mães, da mais próxima a mais distante,
sem julgamentos, entrega-se totalmente ao amor, assim como o homem apoiado por
seus pais e avôs paternos e maternos é capaz de consumar a união. Assim, transbordamos
e com isso atraímos e sustentamos toda a relação. Todas as outras diferenças
desaparecem e fica a real, um homem e uma mulher se amando, ou dois homens e
duas mulheres com suas singularidades também!
Se, desde o nascimento eu saboreava
sem ninguém me dizer, que "quem se alegra com a própria mãe, ganha"
(Hellinger, 2009: 74), há pouco tempo e a duras penas por causa da minha arrogância
eu aprendi que ter pai não é só um presente oceânico, mas uma conquista que leva
para frente, preenche o vazio e dá sentidos – coisa dos afetos.
Há anos, muitos destes afetos mais desconcertantes
e sem nomes me surgiam com um álbum de Vinicius de Moraes e, principalmente, com uma música chamada Catendé, dos poetas Antonio Carlos
& Jocafi, Ildásio Tavares e Onias Camardelli. Meu pai, pianista também, me
apresentou as primeiras delas, talvez para me ajudar a chegar até ele, como
sinais de esperança a um farol esquecido. Hoje eu pergunto, se pudesse falar
comigo sem as dobras do tempo, quantos anos eu ainda manteria, teimosamente, o extraordinário
sem rosto, o espanto sem as estrelas e os meus cantos sem cantor?
Immer Du!
(Sempre você)
Só para constar, meu pai sempre esteve presente e ao nosso lado apoiando em tudo, como o pai dele e da minha mãe. Tenho boas experiências com os pais. Por outro lado, muitas vezes, é o/a filho/a que se fecha. Este foi nosso caso, eu tive que me abrir para ter um pai, não ele que sempre esteve aberto e disponível para todos nós.
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"Catendé"
Antonio Carlos & Jocafi, Ildásio Tavares e Onias
Camardelli
Meu catendê ... de lá de China
Luante, meu catendê
Meu catendê ... de lá de China
Luante, meu catendê
Varre a voz o vendaval
Perdido no céu de espanto
Meu barco fere a distância
No disparo da inconstância
Me encontrei sem me esperar
Quanto mais o tempo avança
Mais me perco neste mar
E no rumo do segredo
Caminhei todo o caminho
Ei lá
Maré brava maré mansa
Ei lá
Vou na trilha da esperança
Ei lá
Vou no passo da alvorada
Ei lá
Mar amor enamorada
De segredo e de procura
Fiz do medo o meu amigo
E de força sempre pura
O meu canto se encontrou
E no fim da jornada
Vi meu canto crescer
Há tanto escuro na estrada
Esperando o sol nascer
Vou cantar pela vida
O meu canto de amor
Há tanta dor escondida
Tanto canto sem cantor
Ei lá
Maré brava maré mansa
Ei lá
Vou na trilha da esperança
Ei lá
Vou no passo da alvorada
Ei lá
Mar amor enamorada
Luante, meu catendê
Varre a voz o vendaval
Perdido no céu de espanto
Meu barco fere a distância
No disparo da inconstância
Me encontrei sem me esperar
Quanto mais o tempo avança
Mais me perco neste mar
E no rumo do segredo
Caminhei todo o caminho
Ei lá
Maré brava maré mansa
Ei lá
Vou na trilha da esperança
Ei lá
Vou no passo da alvorada
Ei lá
Mar amor enamorada
De segredo e de procura
Fiz do medo o meu amigo
E de força sempre pura
O meu canto se encontrou
E no fim da jornada
Vi meu canto crescer
Há tanto escuro na estrada
Esperando o sol nascer
Vou cantar pela vida
O meu canto de amor
Há tanta dor escondida
Tanto canto sem cantor
Ei lá
Maré brava maré mansa
Ei lá
Vou na trilha da esperança
Ei lá
Vou no passo da alvorada
Ei lá
Mar amor enamorada
Bah Manika muito lindo e real.
ResponderExcluirBjs.
Karina Mendez Schroeder
Beijos, Karina!
ExcluirGratidão, Ka!
ExcluirLindo, Manika!
ResponderExcluirGratidão por muitos aprendizados!
Oi Dane! gratidão! Temos aprendido muito com a Constelação (Hellinger), beijos!
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