Ele planta desejo e colhe vaidadeEnsaio sobre o ego ferido
Mônica Clemente (Manika)
Ele reaparece como
“amigo de infância”, criando um vínculo simbólico de uma história que merece
uma segunda chance.
Ele acende essa memória
emocional para criar uma abertura, como quem planta nostalgia e colhe
confiança.
Depois vem o flerte
disfarçado.
Envia mensagens, fotos
de flores noturnas, a Dama da Noite, com seu perfume de enigma e promessas,
fazendo brincadeiras ambíguas e falando em “ligação especial”.
Ele joga no campo
simbólico do erotismo sutil de quem quer provocar encantamento sem se
comprometer.
A seguir vem o convite:
“Venha me visitar nessa praia paradisíaca.”
Um roteiro romântico
para um reencontro, aparentemente escrito a quatro mãos.
E então, no auge do
envolvimento que ele mesmo alimentou, revela:
Vou me casar com o amor
da minha vida.
É nesse instante que a
máscara caiu.
Ele não compartilhou
uma decisão. Ele teatralizou uma vitória.
E, ao fazer isso, deixa
ela na posição desconfortável de quem dançou no compasso de outra música que só
agora ouviu.
Ele lhe oferece um
papel no espetáculo da própria vaidade, sem avisar que ela era só figurante.
Por fim, como um ato
final de charme distorcido, envia fotos de flores novamente.
Flores que não celebram
o amor, mas tentam manter vivo o poder que imagina ter, como se quisesse dizer:
“Mesmo indo embora,
deixo meu perfume. Mesmo te ferindo, te encanto. Mesmo não te escolhendo,
continuo presente.”
Isso é o ego dele
dizendo:
“Olha como sou
especial: posso casar com alguém e ainda ser inesquecível para você.”
Ele planta desejo e
colhe vaidade em si mesmo.
E se retira do palco
acreditando que deixou saudade, quando na verdade deixou apenas a poeira de um
jogo covarde.
E ela nem tossiu.
Se ainda fosse poeira de estrelas...
—
P.S.: Netuno e Vênus
entraram em Áries, em conjunção, trazendo esses convites que parecem desejo,
mas podem ser só feridas de um ego sem fim.
Mônica Clemente
(Manika)
@manika_constelandocomafonte
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