16 de jun. de 2016

48) Reatando os laços com a vida


O BEBÊ, A FLOR SELVAGEM, O SALGUEIRO E NERUDA 


Um bebê não é um mini adulto. Um bebê humano, então, nem consegue sobreviver sozinho, como muitas espécies animais conseguem ainda tão novinhas. Até os 14 anos de idade precisamos de muita ajuda e daí até os 30 anos acoplamos totalmente a alma em nosso corpo, começando a reconhecer nossos “samskaras” (reações de ações – karmas – passadas) e nossa vocação. É por isso que dos 30 aos 33 decidimos se vamos ficar aqui neste planeta. É uma idade crítica, onde dizemos sim ou não para a jornada do herói. Os 27 anos também são críticos, porque as portas do paraíso ainda não se fecharam totalmente e dos 28 até 30 – retorno de Saturno – acoplamos com a tomada de consciência do que nos será exigido.

Aos 18 e 36 anos ajeitamos o leme do nosso destino e de 18 em 18 anos, verificamos se ajustamos a rota em direção ao que nos faz feliz ou para a felicidade nos pegar mais rápido. De 7 em 7 anos, os septênios, alguns roteiros de vida se estruturam e são espelhados em outros septênios.

Por exemplo, o Steiner observou que os acontecimentos do
0 aos 7 anos se espelham entre os 35 – 42 anos e entre os 56 aos 63 anos;
Os anos entre 07 e 14 se espelham entre 28 aos 35 anos e 49 aos 56;
E de 14 aos 21 anos, espelham nos 21 – 18 e 42 – 49 anos.

Cada uma destas fases está ligada a um sistema físico, segundo Steiner. Então, uma infância malcuidada entre os 0 aos 7 anos, afeta o sistema neurossensorial, podendo causar doenças como esclerose múltipla dos 56 aos 63 anos, por exemplo.

Os traumas ou "Movimento Interrompido", segundo Hellinger, da primeira infância - 0 aos 7 anos - também são aqueles que, se curados, dissolvem diversas barreiras e talvez até doenças.

Um bebê para se comunicar, chora. A mãe e o pai, o pediatra e as sábias tentam adivinhar o que pode aliviá-lo e trazer plenitude. O sucesso e as pequenas frustrações desta fase nos formam e são importantes para a regulação de nossa libido. Muita plenitude sem frustração criará uma pessoa dominada pelos pais, mas muita frustração e pouca plenitude gerará traumas que cortam a pessoa da seiva da vida.

Alguns bebês, por exemplo, quebram a clavícula no parto e ninguém nota. “Fica conhecido como um bebê chorão” desesperado, porque sente uma dor descomunal e não se sente protegido, afinal depende inteiramente do adulto até para reconhecer seu corpo. Pode ser que um dos pais, avós, ou médicos digam: "é manha, quer chamar a atenção. Deixa ele sozinho no escuro até acostumar", estas coisas sensíveis que vemos por aí.

Outras vezes, a mãe ou o pai realmente não estão disponíveis emocionalmente ou fisicamente e não conseguem cuidar das demandas mais básicas do bebê. Seu choro não consegue a resposta adequada para aliviar seus desconfortos e sofrimentos. E, como ele é totalmente - TOTALMENTE - dependente de um adulto para conseguir algum alívio, esta dor se transforma em raiva, depois ira e, finalmente, em fúria a serviço de conseguir um unguento para a sua dor.

A fúria enlouquece, já sabiam os Gregos, então se o bebê não conseguir a regulação de seu desconforto, para não enlouquecer, desiste. Desiste de lutar por sua vida, seus desejos.

Há ainda outra situação: uma mãe ou pai que se ausenta por mais de 3 dias de seus filhos – por doenças, viagens, morte, etc. - pode causar, sem saber e sem querer, um movimento interrompido na criança que, então, para de ir em direção ao genitor ausente. Se suas demandas forem contempladas por outros adultos, o bebê ainda terá vontade de viver, mas não vai interiormente para o pai que “desapareceu” – é instintivo, não passa pelo julgamento e não se cura com o perdão. Se cura retomando e fazendo justamente o movimento que foi interrompido.

Mas o bebê que, mesmo com os pais presentes, sofreu mais frustração do que alívio a ponto de, por instintiva sanidade, desistir de lutar por sua vida, vai se deparar com esta bola de chumbo em seus pés quando estiver adulto. E, novamente, não é o perdão que vai curá-lo é o acesso à fúria seja cantando, dançando, escrevendo, fazendo o que gosta e o que não gosta só para que o atrito gere faíscas para motivá-lo a se mexer.

Uma rosa selvagem, com suas raízes fincadas na Terra e sua coloração de sangue numa tela esbranquiçada, pode lembrar esta alma de sua capacidade de lutar, de viver. Por isso, o Edward Bach fez uma essência floral com os ensinamentos desta flor. Um holograma floral para ajudar o bebê que desistiu de lutar e está em um adulto que perdeu a vontade de viver: WILD ROSE.

Se ao tomar este floral por alguns meses a raiva surgir, como pena de si mesmo por tudo o que aconteceu, acrescenta WILLOW, o Salgueiro chorão e seus cabelos a beira de um rio gritando pelo o que falta.

E se a fúria, enfim, chegar com todo o seu desatino cheio de pânico pelo “jadaspota” (dissolução do tear que tece os universos – teu corpo de bebê sedento pela mãe que nunca vem), pense na essência CHERRY PLUM, porque como disse Neruda para uma amante: “quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras.”


Encher-te de vida criativa.


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